Quem conhece bem o rio Vez, sabe que é um rio de caudal médio e com óptimas condições para a pesca das trutas e também de algum salmão ou truta marisca que sobem este rio de vez em quando. Vários já foram aqueles de nós que realizaram a abertura da pesca à truta no troço inferior do Vez, incluindo eu próprio, e notaram que mesmo no dia da abertura não há uma densidade razoável de trutas, nem de outros peixes. Pois bem, a razão de ser desta situação incompreensível tem a ver com o facto de o troço entre a foz do Vez e a ponte velha dos Arcos de Valdevez ser uma zona onde é permitida a pesca profissional no regime de pesqueiras. Ver documento no link abaixo:
Anexo I – Locais de pesca profissional em águas livres.
Esta situação, que já era incompreensível no passado, é agora renovada com a nova lei e permitida no âmbito do Decreto-Lei nº 112/2017 de 6 de Setembro. Desta forma, as pesqueiras mantêm-se activas e a funcionar numa zona que deveria ser unicamente destinada à pesca lúdica e desportiva. Aliás, esta zona do rio não é considerada como zona de pesca profissional e mesmo assim os profissionais podem exercer nela a sua actividade. Pena que o mesmo critério não seja aplicado no rio Lima, onde efectivamente a zona de pesca profissional acabou completamente com a pesca lúdica.
Assim, e sem mais delongas, só tenho mesmo a dizer que quanto mais sei, menos quero saber!! Se anteriormente era tudo à sorte e cada um podia fazer o que quer, agora é só excepções sobre excepções sem qualquer justificação e sentido.
Percebo a lógica de ser preciso manter os muros das pesqueiras para garantir água durante o verão no troço mais baixo do Vez. Agora será que não há dinheiros públicos e comunitários para isso quando há para tanta infra-estrutura sem qualquer valor acrescentado?
Acho claramente que manter a pesca profissional no troço inferior deste grande rio truteiro é algo injustificável à luz da nova lei e sobretudo da valorização turística que se pretende extrair da pesca lúdica e desportiva na região. Não tenho qualquer dúvida que continuarão a ser capturadas espécies proibidas (não permitidas na pesca profissional) nas pesqueiras como por exemplo a truta fario, a truta marisca e o salmão. As armadilhas não escolhem o peixe visado e portanto só quero saber como é que a fiscalização vai funcionar. Vai ser mais apertada?? E o peixe que já está morto quando o pescador chega à armadilha??
Enfim, deixo mais este facto aqui para memória futura e para alertar os pescadores lúdicos para as claras injustiças desta nova lei que, para mim, nada mais é que um retrocesso civilizacional em que se volta a privilegiar a pesca profissional em águas doces e em regimes mais intensivos!! Não se esqueçam que o calendário para a pesca profissional se tornou mais apertado, portanto o pescador tem que tentar matar o máximo possível no mais curto espaço de tempo para justificar o investimento que realiza todos os anos. Como podem ver, tudo isto foi muito bem pensado ….

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