Ribeiros de pequeno caudal …

Ribeiros de pequeno caudal …


Logo após a abertura, e com a curiosidade a aumentar sobre a condição actual dos ribeiros de pequena dimensão e caudal, resolvi realizar uma visita a um dos afluentes favoritos do Lima à procura de respostas. Efectivamente, as minhas expectativas eram bastante baixas, atendendo à falta de água, e sobretudo de chuva, que afectou todo o país nos últimos meses. Sabendo de antemão que a profundidade média destes ribeiros é reduzida e que os poucos poços que existem não aguentam mais do que uma ou duas trutas durante o Verão, o cenário era propício a que tivesse ocorrido uma mortandade geral. Assim, só mesmo a subida de alguns exemplares de jusante, nomeadamente para a desova, é que poderia repor algum stock. No entanto, como bem sabemos, sem chuva durante Dezembro, Janeiro e Fevereiro, não houve subida do peixe, pois as trutas não conseguiam progredir, nem desovar em zonas sem água!!

Assim, e apesar do cenário promissor de caudal encontrado no dia posterior à abertura, as minhas piores expectativas confirmaram-se. Lançamento atrás de lançamento em mais de um quilómetro de ribeiro sem qualquer toque ou visualização de truta a fugir. Atendendo à água límpida do ribeiro e à sua dimensão, qualquer movimento de truta era muito fácil de observar, mas nem sinal. Um cenário verdadeiramente desolador num curso de água que no ano passado tinha uma boa densidade de trutas, apesar de muitas serem de pequeno tamanho.

Como podem ver pelas imagens que acompanham o post, a chuva forte dos últimos dias introduziu água qb neste ribeiro, mas mesmo assim, havia uma boa visibilidade.

Ainda me falta tirar as dúvidas com mais incursões a este e outros ribeiros, mas para já o panorama não é nada animador. Estes locais que eram os berçários de muitos rios de média e grande dimensão, parece que levaram uma grande pancada e agora vão precisar de alguns anos para recuperar. Só é possível atalhar algum caminho se forem realizadas algumas acções de repovoamento compensatórias, mas não acredito que isso vá acontecer por duas razões: falta de capacidade (técnica e produtiva) e falta de discernimento.

Assim, e apesar de ainda se estarem a tirar algumas trutas decentes em cursos de água de maior dimensão, alguns repovoados recentemente, já se verifica uma significativa diminuição das densidades de trutas nesses locais, que poderá tender a agravar-se ainda mais nos próximos anos com a perda de produção dos principais afluentes. Enfim, não são boas notícias, mas é aquilo que temos … e convém estar preparado para isso!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.