Uma boa truta no buraco do Coura!

Uma boa truta no buraco do Coura!




Inicio de temporada e muita chuva por todo o país. Com poucas opções viáveis, devido à seca do último ano e à matança causada pelas cinzas dos incêndios nos rios, tive mesmo que me voltar para a minha opção quase sempre ganhadora: o rio Coura. No entanto, nada me podia preparar para as condições com que me deparei no local escolhido para iniciar a faina. Muita chuva, muita corrente e muita matéria a ser transportada pelo rio. Tudo isto, criava um cenário muito complicado para o spinning e não deixava muita margem de manobra. De qualquer forma, e para abrir as hostilidades, resolvi optar pela velha colher rotativa em tamanho 3 e com peso de 12 gramas, para assegurar que se mantinha dentro dos limites de acção das trutas.

Se o cenário já não era fácil, a chuva forte que começou desde manhã cedo, também não deu tréguas e portanto, o que se seguiu foi uma sessão de coar água com as correntes a aumentarem e a levarem a uma maior abertura das descargas das barragens. As zonas calmas passaram a ser muito poucas e só mesmo a vontade de matar o vício é que nos fazia mexer. Assim, os lançamentos foram-se sucedendo e nem sinal de peixe. Mesmo em zonas de menor profundidade e onde costumavam haver trutas de bom tamanho, nada!! Parecia que os peixes tinha desaparecido … O primeiro contacto que consegui ter, foi perto das 9h30, com uma truta de cerca de 25 centímetros que veio dar uma vista de olhos à colher quando ela estava a chegar aos meus pés. Um autêntico achado que deixou apenas água na boca. No próximo lançamento, já nem sinal dela!!

Com os minutos a passar e concorrência a surgir por todo o lado, chegou uma altura em que claramente já estava a coar água pela segunda vez. Como tal, toca a pegar no carro e a ver para onde é que se poderia ir. Jusante, impossível, porque o débito da barragem de Covas era demasiado e as margens não permitiam brincadeiras. Para montante, haviam alguns locais onde ainda poderia tentar a sorte, mas certamente que já não era o primeiro. Antes de arrancar, ainda parei na ponte na barragem de Covas e falei com alguns amigos e pescadores da zona. Tinham saído apenas trutas ao fundo e com minhoca ou asticot. Nada que me interessasse.

Perante isto, toca a avançar para montante. Ainda parei num afluente do Coura, de pequeno tamanho. Tive um toque ligeiro, mas não consegui descortinar se era truta ou lixo. Sem novidade, avancei para a minha última opção que normalmente guardo para quando estou bem encravado: o buraco do Coura.

Lá desci a vertente, entrei no local e nem sinal de pegadas ou pescador. Nada mal para começar! Primeiro lançamento com a colher, para montante e nada. Segundo lançamento, sinto uma ligeira prisão a meio da recuperação e no centro do rio. Terceiro lançamento, a recuperação é realizada até 3/4 e quando a amostra encosta à minha margem levada pela força da água, sinto a cana a dobrar e o carreto a chiar!! Era bom peixe e em situação comprometedora! Levanto a cana, e começo a fazer o possível para segurar a investida e evitar uma corrida para o meio da lenha que estava do meu lado. A truta começa a lutar sobretudo com a cabeça e facilita-me a vida. Aplico um pouco mais de força e começo a ver-lhe a cabeça fora de água. Atendendo ao declive da margem, aproximo-me e com 4 ou 5 passagens consigo deitar-lhe a mão. Uma linda truta do Coura com 40 centímetros. Um autêntico milagre, atendendo às condições! A grade estava safa!

A truta tinha dado um primeiro toque, mas só à segunda passagem da amostra é que resolveu atacar. Sinal de que não estava mesmo virada para correr atrás da amostra. Só com insistência é que lá foi!!

Com esta captura, animei para uma sessão de pesca mais relaxada, mas mesmo assim sem qualquer outro resultado a reportar. Efectivamente, as condições não eram nada favoráveis ao spinning e só mesmo a sorte me permitiu uma captura. Todos os outros pescadores com quem falei estavam a zero. De qualquer forma, mais do que as capturas, interessava sobretudo afinar os lançamentos e começar a desfrutar da natureza. Essencialmente, foi isso que eu fiz durante o resto do dia … Calma, tranquilidade e mais importante, ninguém para me chatear!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.