Sezelhe – abertura 2018

Sezelhe – abertura 2018


Mais um ano e mais uma abertura da pesca às trutas nas barragens do Gerês. Apesar das substanciais alterações legislativas impostas no final do ano passado, conseguiu manter-se a tradição das aberturas das barragens do Gerês a 1 de Abril. Um facto que acolhemos com alegria, mas que este ano, infelizmente, não terá sido o melhor para todos, já que caiu em pleno dia de Páscoa. Mesmo assim, e apesar de várias solicitações familiares, alguns de nós resolveram não deixar de lado mais esta oportunidade para conviver e passar alguns bons momentos atrás das trutas.

Como é costume, eu e a minha equipa fomos trabalhando o terreno antecipadamente e no dia 1 de Abril estava tudo preparado para começarmos a abrir as hostilidades na Barragem de Sezelhe. Todos os anos, a barragem de Sezelhe é alvo de repovoamento para o primeiro dia, e este ano não foi excepção, tendo a equipa sido informada que várias centenas de trutas tinham sido lançadas com a devida antecedência nesta massa de água. A proveniência das trutas não foi confirmada, mas segundo alguns comentários, parece-me que poderão ter vindo do parque de Boticas … Facto a confirmar!!

A preparação para a faina começou bastante cedo, com despertadores a tocar entre as 3h30 e as 4h00 da manhã. Antecipando a possibilidade de alguma concentração e demora na estrada (que acabou por não se concretizar), resolvemos arrancar cedo para evitar chegarmos e não termos o lugar desejado para pescar. Pelas 6h20, já estavamos a passar em zona de neve e a começar a descer para a Barragem de Sezelhe. O movimento na estrada tinha sido quase inexistente com muito pouca gente a caminho dos locais de pesca. A nossa equipa chegou ao local às 6h30 e era composta por mim, pelo Torres, Ivo, Vasco, Ricardo, César Vieira e mais um amigo.

Mal chegamos, fiquei logo apreensivo. No local onde costumávamos pescar todos os anos, não se via ninguém. Mau sinal!! Entretanto, e aproveitando as luzes dos nossos automóveis, fomos logo preparando o material para sermos os primeiros a atacar os lugares mais interessantes. Ao mesmo tempo, começamos a ver a multidão junto aos assadores principais e também começamos a prestar atenção ao nível da barragem. Cheia, mas ainda com espaço para se poder fazer uns lançamentos sem problemas. Não aparecia era mais ninguém.

Bem, lá nos fomos perfilando nos locais que nos pareciam mais interessantes e quando deu a hora legal, toca a disparar as amostras. Lançamento atrás de lançamento foram-se sucedendo, mas sem sinal de trutas. A água estava bem fria, mas as trutas também deviam estar com fome. No entanto, o frio parecia estar a ganhar e nem sinal de actividade, pelo menos comparativamente a anos anteriores. Assim, e em pouco menos de 10 minutos, comecei a verificar que algo não estava bem e comecei a deambular. Fui ter com o Ivo, que estava a malhar junto da corrente de acesso ao tubo para Pisões. Disse-me que tinha tido um toque, lanço a Mepps nº 1 para a zona e cravo uma truta. Lá deu alguma luta, por causa da corrente, mas rapidamente lhe deitei a mão e safei a grade!! Simultaneamente, o César também tira uma mais pequena um pouco mais abaixo. Estava a claridade a aumentar e as trutas deram o primeiro sinal.

A verdade é que as coisas não estavam nada fáceis. Ninguém estava a tirar nada jeito. Mesmo, junto aos assadores principais e ao muro da barragem, a situação era complicada. Nem o pessoal do asticot se estava a safar. Eu e o resto da equipa lá fomos insistindo e ainda saíram mais umas trutitas. O Ivo começou a capturar e o Vasco também. Entretanto, continuei a dar umas voltas e voltei ao lugar onde tirei a primeira com um powertail. Lançamento cruzado, e mal o powertail começa a evoluir, entra uma truta e cravo-a imediatamente. Não tardou muito a vir à mão. Um lindo exemplar (para truta de repovoamento) de 25 centímetros.

Depois disto, voltei a juntar-me à equipa e meti-me em zonas de mais difícil acesso. Tive dois toques e uma truta cravada ao minnow, mas não a consegui levantar com sucesso.

Perdido por 100, perdido por 1000, resolvemos avançar para o muro da barragem para tentar o milagre. Ali eram bem visíveis as movimentações das trutas e portanto resolvemos arriscar com vários iscos. Valeu a pena. Em cerca de uma hora, tirei duas trutas, tive vários toques e o Vasco ainda fez um exemplar. Tudo trutas cravadas longe e depois içadas até às mãos. Deu bastante gosto. Infelizmente, não durou muito, porque o vento começou a dificultar os lançamentos e a fome começou a apertar.

No geral, o panorama era muito fraco. Muita gente a tentar desesperadamente tirar pelo menos uma truta. Não sei se foi efeito do degelo ou falta de trutas ao nível do repovoamento, mas efectivamente esta foi uma abertura que não deixa muitas saudades, pelo menos comparativamente a anos anteriores. Assim, quando chegou a altura do almoço, a decisão foi unânime. Ir à procura de melhores destinos para tirarmos umas boas trutas … porque já estávamos bem fartos de Sezelhe!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.