Abertura em Vale Rossim …

Abertura em Vale Rossim …




Depois de ter falhado a abertura da Lagoa Comprida em 2018, não podia cometer duas vezes o mesmo erro e como tal, tirei a licença para a abertura da pesca às trutas em Vale Rossim, o mais rápido possível. Assim, e logo no dia a seguir à grande pescaria realizada na Lagoa Comprida, já estava à porta do ICNF da Guarda para tirar a licença para Vale Rossim. Era o primeiro!! Bom sinal!!

A minha vontade não era de pescar sozinho no dia em causa, mas depois de vários contactos, verifiquei que ninguém me queria acompanhar e portanto toca a andar!! A ansiedade foi crescendo com o passar dos dias e chegado a vésperas do dia H, aparece-me uma febre a indiciar gripe. Com a licença já tirada e o vício da abertura em cima, resolvi que não ia ficar em casa. Mais uns comprimidos em cima e no dia desejado, lá estava a caminho da Serra da Estrela. Infelizmente, a moleza da febre não me deu tréguas e portanto acordei um pouco tarde demais, e quando cheguei a Vale Rossim já passava das 6 da manhã. Muito pessoal nas margens e nível acima daquele que encontrei no ano anterior!! Já ia pisar nos calos dos outros.

A temperatura estava relativamente fria e o céu estava limpo, mas rapidamente a situação se foi alterando, com o aparecimento de muitas nuvens e vento. A temperatura começou a descer, bem como a visibilidade, tudo indiciando a chegada da chuva fraca (“molha tolos”), que deveria fazer a sua aparição passadas 3 horas de pesca.

Como de costume, parei junto ao muro. Vi um pescador ao spinning mesmo à minha frente e o resto do pessoal estava espalhado por toda a barragem. Lá me preparei e comecei a fazer os primeiros lançamentos. O pescador que eu tinha visto falou da fuga de uma truta de bom tamanho quando passou por mim, mas não se via aspecto de peixe. Tudo muito parado, especialmente nas canas com isco natural. Mau sinal!!

Assim, e depois de ensaiar 20 ou 30 lançamentos no primeiro local, resolvi ir à procura de águas mais profundas. Avancei para o muro. Muita gente à conversa, peixe a não mexer … talvez em águas mais fundas. Ciente disto, comecei a malhar dez metros à frente das bóias dos pescadores da margem. O minnow a ser trabalhado com alguma calma nas zonas mais promissoras, mas sem deixar cair demais para evitar perdas desnecessárias. Nos primeiros 20 minutos, nem toque, mas de repente, e à medida que ia procurando águas mais fundas tenho o primeiro toque. Entretanto, começa a entrar o nevoeiro forte. Tão forte que nem consigo ver a amostra a cair na água!!

Mais um lançamento largo. Deixo afundar um pouco e dou um toque de cana na amostra. Volto a tensar a linha, sinto uma prisão e cravo imediatamente. Do outro lado, sinto um arranque forte e o carreto começa a dar linha. A truta arranca para o fundo e leva a amostra com ela. Tento contrariar e começo a fechar lentamente o carreto. Com mais de 60 metros de linha nova (metida no dia anterior) na água podia sempre tentar levar as coisas um pouco mais ao limite. Sabia que era peixe grande e portanto a prioridade era dominá-lo. Lá fui fazendo o melhor que sabia, a mais de 5 metros de altura da água, e comecei a notar alguma cedência da parte da truta. Entretanto, chega-se um pescador a mim e pergunta-me o que se passa. Digo-lhe que possivelmente vou precisar de ajuda e ele fala com o amigo que está junto à margem para preparar o camaroeiro. A truta continua a dar luta, mas começa a perder fulgor. Começo a puxá-la para mim e quando entra nos 30 metros, posso vê-la pela primeira vez. Um lindo peixe a deixar um bom rasto dentro de água. Ainda tenta fugir e dar algumas cabeçadas, mas rapidamente a consigo encostar ao muro e manter a cabeça fora de água. Depois fui arrastando-a lentamente durante mais de 3 minutos até chegar à margem onde entra directamente para um camaroeiro bem grande. Uma excelente ajuda e um exemplar com 70 centímetros a ser faturado!! Pescado a mais de 5 metros de altura em pleno muro …

Depois desta captura, voltei à faina com vontade extra, apesar de o frio começar a entrar com mais força. Continuei a bater o muro, reiniciando a faina no local onde tinha realizado a captura. Lentamente, fui trilhando caminho até que comecei a chegar ao outro lado. Lançamento largo, dois toques de cana e mais um bom arranque. Cravo com força e do outro lado, muito boa tensão na linha. Mais um bom exemplar. Domino-o mais facilmente que no caso anterior e quando noto cedência do outro lado, começo a arrastá-la até à outra margem. Como não tinha apoio do outro lado, tive que a arrastar durante mais de 40 metros e colocá-la em terra, antes de fazer mais 50 metros a correr para a apanhar. Uma linda truta de 60 centímetros!! Mais um belo exemplar!

Com esta captura e o frio a aumentar, resolvi voltar para zonas mais protegidas e de menor profundidade, mas foi uma aposta errada. A falta de repovoamento era notória, pois em zonas com bastante escalo, não se via qualquer truta. Ainda malhei durante uma hora e meia, mas nem sinal de trutas. Entretanto, a gripe começou a fazer-se sentir e tive que me retirar para o carro … Já eram 12h00 …

Ainda pensei em voltar à faina, mas o frio e o vento começaram a engrossar. Não valia a pena arriscar uma febre e constipação violenta, quando já tinha a minha conta de peixe!! Portanto, resolvi abandonar o local e deixar as trutas de Vale Rossim para o ano. Se tudo correr bem, lá voltarei!!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.