Recentemente, resolvi visitar uma das barragens que sempre me traz boas memórias ao nível de pescarias às trutas no Gerês: Paradela do Rio. Sem saber muito bem o que esperar, decidi escolher um dia após as chuvadas da semana passada, na esperança de que as condições estivessem boas para as trutas subirem para as linhas de água e perderem um pouco do medo que já deviam ter ganhado depois de verem passar algumas dezenas de pescadores e centenas de amostras.
Depois de uma viagem relativamente calma, em que tive a companhia do grande amigo Arlindo Cunha, deparamo-nos com um cenário verdadeiramente incompreensível quando chegamos junto da barragem. O nível da albufeira estava a mínimos de sempre e a pouca água que se via estava com uma cor acastanhada. Não sei se esta situação se devia a alguma reparação no muro da barragem, mas não parecia nada promissora em termos de pesca.
De qualquer forma, e uma vez que já estávamos ali, resolvemos tirar as licenças e dar uma vista de olhos mais perto. Entramos logo numa linha de água que desaguava na albufeira junto da povoação do Outeiro. Antes mesmo de começarmos a pescar, reparamos num objecto estranho preso entre as duas margens. Uma rede de pesca recentemente abandonada, mas que ainda deve ter dado servidão alguém na última desova das trutas. Claramente, um exemplo de, que apesar de muita conversa sobre fiscalização no Parque Nacional da Peneda Gerês, na prática os furtivos continuam de vento em popa, a tratar dos seus assuntos sem grande preocupação. Enfim, para quê palavras? A foto abaixo é elucidativa daquilo que encontramos!
Com este mau presságio, antes mesmo de realizar qualquer lançamento, a pescaria acabou por ser um total fracasso. Acho que nem foi a pressão de pesca dos últimos dias que levou a resultados tão maus que nem sequer um toque se sentiu, mesmo trocando várias vezes de isco e insistindo nos melhores locais. A falta de água acabou por ser um aspecto bastante determinante. Ainda vi três ou quatro trutas metidas numa corrente encostadas umas às outras em situação bastante complicada do ponto de vista de lançamento e captura, mas nada mais. Foi uma perda de tempo total, mesmo com boas condições do ponto de vista climatérico. Passadas três horas de pesca, resolvemos dar a pescaria por terminada e avançar para outro local!
Depois desta visita, não aconselho ninguém a pôr os pés em Paradela do Rio até que haja uma alteração significativa das condições da barragem e que seja realizado um repovoamento como deve ser. A situação criada pela baixa artificial do nível de água deve ter tido um impacto bastante significativo sobre a população de trutas e elas certamente vão precisar de tempo para recuperar, mesmo com repovoamentos intensivos. Daqui a dois ou três anos e se tudo correr bem, pode fazer sentido voltar a pensar em visitar esta barragem.
Uma nota final vai para a questão do furtivismo. Inadmissível que isto se possa observar de forma explícita num parque nacional. Sintoma de que nada mudou na gestão destes parques ou que possivelmente, ainda está pior, desde que resolveram proibir a pesca em águas livres. Agora é que os furtivos estão à vontade para pescar todo o ano e sem mirones que possam chamar o SEPNA!!
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