Dia de sol no Neiva

Dia de sol no Neiva




Já com a pescaria a meio gás em pleno Domingo, comecei a fazer as contas dos locais onde ainda podia sair uma trutita. Infelizmente, como nós bem sabemos, o Domingo é um dia complicado, porque as trutas estão sempre bastante assustadas, após o desfile de pescadores nas margens durante o dia de Sábado.

Assim, e sem grandes opções, lembrei-me de fazer mais uma visita à zona baixa do Neiva, antes da colocação das placas da nova concessão. Podia ser que por ali se conseguisse mexer algumas trutas, até porque desde o anúncio da criação da concessão, poucos eram os pescadores que se viam a calcorrear as margens.

Cheguei ao local, por volta das 15 horas. As esperanças eram bastante baixas, pois o céu estava limpo, a temperatura era alta e a água estava com elevada visibilidade. Não me parecia que fosse dia para grandes pescarias. Mesmo assim, resolvi manter o material de heavy spinning que já vinha do Lima e resolvi bater a primeira corrente profunda do Neiva.

Os lançamentos começaram a sair, mas nada mexia, especialmente na zona mais funda da corrente, portanto, resolvi avançar para montante, à procura de águas mais agitadas. Primeiro lançamento para montante, recuperação rápida e nada. Segundo lançamento para montante, ligeiramente a tender para a outra margem, começo a recuperar e cravo uma truta. Ela bem tentou fugir, mas entrou com a força toda. Duas corridas para jusante e duas para montante, e começou a sentir-se cansada. Lá lhe fui levantando a cana …

Captura truta de 22 cm Rio Neiva Março 2015

E quando já estava bem cansada, levantei-a no ar e coloquei-a dentro do meu alcance. Uma linda truta do Neiva com umas pintas e uma cor esverdeada de grande beleza:

Truta 22 cm Rio Neiva Março 2015

Com esta captura, animei, mas foi sol de pouca dura. O dia não era o ideal para as trutas. Ainda vi mais dois ou três exemplares em zonas mais calmas, mas estavam todas bem picadas. Acredito que a pressão de pesca tivesse algum impacto no que se estava a passar, mas não era o único factor.

Assim, e sem resultados práticos na hora e meia de pesca seguinte, resolvi acabar com a pescaria. Certamente que iria ser a minha última pescaria naquela zona antes da concessão começar a funcionar em pleno, mas também isso pouco interessava. Ao menos tinha tirado uma linda truta.

Espero é que daqui para a frente se mantenha uma boa densidade de trutas indígenas neste troço e não se comece a embarcar na febre dos repovoamentos maciços para estragar o que está bem. Sei que não é fácil pescar trutas neste troço, mas isso não tem a ver com baixas densidades. As trutas estão lá e o que muitas vezes faz a diferença é a perícia do pescador. Introduzir facilitismos via repovoamento parece-me uma política errada que irá minar a densidade de trutas indígenas com doenças e concorrência adicional em termos de habitat e alimentação. Para isso, valia mais deixar tudo em regime livre …

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.