Ao heavy spinning nos Pisões …

Ao heavy spinning nos Pisões …




Sábado, dia 12 de Junho de 2010. Céu nublado, possibilidade de aguaceiros e temperatura amena. Dentre várias opções na minha cabeça (isto às 6 da manhã) houve uma que sobressaiu: Pisões … Porque não? Apesar de ainda ser um esticão por estrada, devido às muitas curvas, estava-me a apetecer uma experiência de pesca diferente: mais lançamentos e material mais pesado. Já estava um bocado farto de insistir no light spinning. Com tempo nublado, existiam também boas possibilidades de enganar alguma truta que se tivesse arriscado a sair das profundezas, pois neste momento com águas mais quentes, os grandes troféus andam nas quotas dos 30 a 40 metros. Bem havia que arriscar.

Cheguei ao muro de Pisões eram 7h45. A albufeira tinha descido bastante relativamente aos dias da abertura e muitos locais interessantes de pesca estavam agora a descoberto. A manhã estava muito nublada e sem vento. Viam-se os primeiros carros de pescadores a chegarem à albufeira, mas muito poucos. Apesar de alguma indecisão entre a margem a escolher, resolvi avançar para a margem esquerda, ou seja aquela que está oposta à zona dos viveiros. Ia começar a pescar do muro da barragem para montante. Troquei o material de light spinning por cana de 1,8 metros, linha 0,18 da Amorim e rapala CD-5 S.

Às 8 horas estava a realizar os primeiros lançamentos. Notei logo que nas baías mais calmas, a água já estava eutrofizada pela presença de muita alga verde. Para além de ser uma chatice para a pesca, pois temos que estar sempre a limpar os triplos do rapala, esta alga também não me parece ser do agrado das trutas e deve reflectir algum excedente de poluição que se faz sentir na barragem. Enfim, após 1 hora de pesca em zonas mais calmas e menos profundas comecei a pensar em mudar de estratégia. Nem uma picadela, nem um sinal de peixe. Entretanto, começou a levantar o vento norte. Estava na altura de atacar só os lugares estratégicos. Resolvi focalizar a minha atenção nas zonas mais profundas (onde as algas estavam ausentes) onde estivessem a entrar linhas de nutrientes arrastadas pelo vento. Normalmente, as trutas costumam alimentar-se ao longo destas linhas. 

Para fazer face a uma maior profundidade e a condições mais duras de pesca, pois o vento estava a aumentar de intensidade, troquei o CD-5 pelo X-Rap de 8 centimentos com cor RT. Comecei a pescar as margens mais inclinadas, tentando primeiro lançar ao comprido sobre a margem e depois na perpendicular. Passado meia hora, esta mudança de táctica rendeu. Num lançamento no seguimento da margem, em zona de 5 a 6 metros de fundo, entra um lucioperca de cerca de 45 cm. Tal como é costume neste tipo de peixes, deu a pancada inicial, senti a cana pesada e depois foi só arrastar até ao camaroeiro. O mais dificil ainda foi retirar o camaroeiro do colete de pesca. Rápidamente coloquei o peixe em terra e verifiquei que ainda andam muito magros.

Animado por esta captura, resolvi passar rápidamente por uma pequena linha de água onde se encontravam vários pescadores e investir numa zona onde estavam a quebrar algumas ondas. Entretanto o vento foi aumentando de velocidade e começaram a surgir as primeiras ondas na Barragem. Onde elas quebram, há sempre grande movimentação nutrientes. Dirigi-me então para este local e passado 10 minutos voltei a tirar outro lucioperca. Este era pequeno com cerca de 30 cm de comprimento. Insisti até ao final da rebentação, mas mais nada. Onde é que estariam as trutas?

Com uma zona mais calma à frente, resolvi não perder tempo e avançar para uma ponta onde existiam bons blocos de pedra e alguma profundidade. Aí insisti com vários lançamentos, mas nada. Lentamente fui avançando para montante e numa zona de laje cortada surge o primeiro bom sinal. Com a X-Rap a quase 4 metros de mim, levo uma pancada fulminante na cana, cravo com força e vejo uma trutita a debater-se na ponta da cana. Ah … beleza! Linda arco-iris sem tamanho, mas com uma força impressionante. Atacou um rapala que era quase maior do que ela! Que voracidade! Depois de uma rápida fotografia (abaixo), foi devolvida em boas condições à água.

Eram 11 horas e o dia estava a ser bastante interessante: uma truta e dois luciopercas. Para além disso, também estava claramente a matar saudades do heavy spinning com a minha amostra do ano: a X-Rap. Com este espirito positivo, resolvi bater a entrada de uma linha de água. Aí cheguei quase a calcar um lucioperca. Quando dei por ele, estava a menos de meio metro de mim e a mexer-se muito lentamente dentro de água. Ainda tentei forçar a nota, mas já me tinha visto! Com esta peripécia, resolvi dar por terminada a jornada da parte da manhã. Voltei ao carro, comi qualquer coisa e desloquei-me um pouco mais para montante, à procura de vertentes mais inclinadas e de zonas com maior potencial de alimentação.

Visualizei da estrada uma zona de areia com ondas a quebrar e com alguma profundidade. Pareceu-me perfeito. Tinha cerca de 800 metros para lançar sem problemas. Parei o carro junto á estrada e realizei uma descida de 200 metros por entre urzes e giestas. O vento estava já bastante forte e os lançamentos viam-se e desejavam-se para alcançar os 40 metros. No entanto, as linhas de alimentação vinham direitinhas ao local onde me encontrava. Toca a bater!

Num lançamento em zonas de areia profunda por entre a rebentação, sinto um toque brutal. Era peixe grande. Picou a cerca de 20 metros. Notei alguns toques de cabeça, mas nada de grande luta. Era mais um lucioperca, mas este tinha cerca de 55 cm. Era um bom bicho e ainda deu algumas boas cabeçadas antes de entrar para o camaroeiro. Havia ali peixe em actividade, mas não do tipo que andavamos à procura.

Mantendo o mesmo rumo, continuei a pescar na zona de rebentação. E já a chegar ao final do troço, levo uma boa pancada e vejo um peixe a saltar fora de água. Era mais uma truta arco-iris. Desta vez com cerca de 22 cm. As grandes não se estavam a alimentar perto da superficie e começavam a surgir os primeiros raios de sol. Com sol, as coisas iriam-se complicar ainda mais.

Quando terminei de bater este último troço, já eram 15h30 e o sol apareceu de forma definitiva. Entretanto, o vento começou a ganhar ainda mais força e na zona de rebentação, a água estava a tornar-se muito turva. Havia que voltar a mudar de estratégia e também de margem. Ainda fui para as proximidades do viveiro, mas o panorama era complicado. Águas muito paradas, muita concorrência e nem sinal de trutas. Não perdi muito tempo por ali. O dia estava feito e eu resolvi dar por terminada a minha jornada em Pisões. Possivelmente, ainda lá voltarei este ano se surgirem uns bons dias de chuva ou trovoada 🙂 Sempre à procura do grande troféu …

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.