Na sequência da última visita pela Serra da Peneda, tive oportunidade de passar pelo Rio da Peneda. Um dos rios mais emblemáticos para a pesca à truta em Portugal e no qual fiz grandes pescarias.
Ainda me lembro dos bons tempos em que se começava a pescar desde a foz (na Barragem do Lindoso) e se fazia quase todo o rio, até perto do Santuário da Nossa Senhora da Peneda. Nesses dias de Maio, a pescaria ao spinning nunca parava e as necessidades, em termos de bebida, eram satisfeitas pelos regatos laterais, onde corria água pura. As pescarias andavam quase sempre nas dezenas de trutas, com muitas a não terem sequer o tamanho mínimo, mas a demonstrarem uma combatividade a toda a prova. A jornada só terminava quando o sol se começava a por 🙂
Ultimamente, e desde que foi criada a concessão de pesca na zona, nunca mais voltei a este local. Não por falta de vontade, mas sobretudo pela inconveniência ao nível da obtenção das licenças. Só aos sábados e domingos no Clube de Caça e Pesca … e para pescar quando?? Enfim, é só para a gente da terra e é para esquecer.
Condições de obtenção de licenças “Surreais” …
Quanto ao troço livre, para jusante da concessão, vontade não falta de passar por lá e fazer uma jornada em grande, mas os iluminados do PNPG proibiram a pesca desportiva em todas as águas livres do parque, há já algum tempo. Portanto, nada feito.
Tal como se pode observar pelas imagens, o panorama em termos de caudal era típico de Verão. Alguma corrente sustentada de pequena dimensão, poços com água suficiente para aguentarem mais um ou dois meses sem chuva e peixe concentrado nas áreas mais fundas. Não vimos trutas, mas conseguimos visualizar alguns escalos e bogas junto à ponte da Estrada Nacional.
Não sabemos qual o estado actual da população de trutas nesta zona, mas parece-nos que só pela pureza da água e pela magnificência da paisagem, vale a pena visita! Claro que isto só para quem está disposto a aturar o sistema obsoleto de obtenção de licenças 🙂
“Não sabemos qual o estado actual da população de trutas nesta zona, mas parece-nos que só pela pureza da água e pela magnificência da paisagem, vale a pena visita!”
Tal como descreve,o rio da Penêda,que a jusante forma o rio da Veiga,foi efectivamente um dos segredos guardados durante muitas décadas só que a partir do principio da década de 90 teve uma pressão enorme de pesca muito devido aos facilitados acessos ás povoações de Várzea,Tibo,Rossas e São Bento Cando.
Hoje não não vale a pena a visita,apesar de esta confluência de rios(Pomba e Penêda)estar sob o domínio de uma concessão,que por ironia não está em vigor por falta de levantamento e pagamento do respectivo alvará,tendo eu já alertado para o facto por várias vezes.
À já longos anos que não o pescava, precisamente por ter conhecimento de que se tratava de um dos rios onde se cometeram os maiores atentados ás suas bravas trutas.
Confirma-se esta afirmação com uma simples visita as poucos sítios públicos destas aldeias de gente simples e pacata para ouvir relatos de pescadores forasteiros a estriparem dezenas de pequenas trutas em publico e a vangloriassem dos tristes feitos.
Numa recente visita ao trilho das Brandas tivera oportunidade de percorrer algumas centenas de metros junto às margens desta concessão e logo aí foi notória a falta de recursos piscícolas.Mesmo assim tentei no terreno percorrer velhos trilhos onde outrora tinha tido belas sensações de pesca mas a desilusão foi completa
Morre assim mais um dos grandes potenciais de turismo de pesca desportiva ainda livre de poluição,onde a mão do pescador predador acabou por ditar a lei da extinção das trutas….triste visão do potencial turístico do nosso único Parque Nacional que se diz de conceito PANPARQUES e onde as populações deveriam ser uma das grandes beneficiadas com o turismo de pesca desportiva(sempre sem morte) …aponto o dedo à CM Arcos de Valdevez,ao (extinto)ICNB e ao Turismo de Porto e Norte de Portugal por nada fazerem em prol dos recursos existentes.
João Dias
Caro João,
Muito obrigado por este valioso contributo que mais uma vez põe às claras a incompetência das autoridades responsáveis pela manutenção do património fluvial do Rio da Peneda. Nunca pensei que a situação fosse tão gravosa, mas perante o que descreve acho que se deve falar claramente de crime ambiental prolongado e permitido pela negligência de quem acha que os assuntos se resolvem em bons gabinetes com ar condicionado ou dentro de pick-ups de último grito pagas pelo erário público.
Está provado que hoje em dia quem está à frente da autoridades que governam a natureza (caça e pesca) neste país, são os chamados “ambientalistas caviar”. Meia dúzia de iluminados, alguns com cursos universitários arranjados como a “gente sabe”, ligados a máquinas partidárias, e que demonstram uma grande incapacidade para sujarem as mãos ou sequer proteger qualquer tipo de ambiente. O único ambiente que eles protegem é o bom ambiente de receberem um grande salário todos os meses. Estar no campo, fiscalizar, patrulhar, repovoar, levantar focos de poluição, limpar margens de rios, dialogar com as populações locais, promover o turismo e o crescimento das económico das povoações, são coisas demasiado complexas para esta gente. Aliás, tudo o que seja mexer uma “palha” e que não envolva um iphone ou ipad de último grito, é considerado trabalho ingrato e é relegado para segunda núpcias.
Ainda recentemente, e numa das minhas deslocações a Ponte de Lima, verifiquei com enorme surpresa que se terminou mais um investimento de grande monta na zona das Lagoas de Bertiandos. Certamente que se gastaram mais uns milhões largos de euros dos nossos bolsos para manter mais alguns destes artistas. Numa altura de crise como aquela que vivemos, a minha pergunta é: O que é isto???!!! Para que se fez esta obra?? Era precisa??? Era preciso tanto betão perto de uma zona protegida??? Era preciso gastar tanto dinheiro?? Como é que se vai rentabilizar isto?? Claramente, que não é para rentabilizar nada. Só as manutenções anuais e os salários vão ser suficientes para criar mais um elefante branco que irá durar décadas … Não se podia fazer o mesmo com pré-fabricados?? Não se podia fazer algo mais enquadrado em ambiente natural?? Não se podia ter ambientalistas dispostos a viver próximo da natureza e a trabalhar mais em contacto com a natureza??
Enfim, está tudo dito!! Qualquer dia abre a caça a algumas espécies de mamíferos de duas patas nos parques naturais …. lá estaremos para que nenhum fuja 🙂 Já esteve mais longe!!
Um abraço,
Não tendo intenção de alimentar esta problemática numa discussão publica e num espaço que tem como objectivo uma completa e útil informação da pesca ás trutas em Portugal,contudo não queria deixar passar em claro a resposta ao meu comentário.
Ora como muita gente sabe,um qualquer comentário seu feito sobre os temas actuais,que não só os da pesca,tem um valor acrescido vindo da sua formação de Prof, de Economia.
Você,tal como eu,e alguns(poucos mais)temos tentado remar contra a maré e dado a cara em prol da sustentabilidade da pesca,com propostas concretas….como muito poucos sabem estamos a trabalhar em mais uma proposta concreta a apresentar em breve a quem tem a gestão dos recursos das águas interiores,nomeadamente a pesca desportiva…
João Dias