Muito se fala sobre os benefícios e desvantagens dos repovoamentos, no entanto pouca é a informação fidedigna que alimenta os nossos discursos e argumentos. Sempre preocupados com estas questões, temos procurado encontrar evidência científica que permita racionalizar o discurso e alargar o conhecimento dos repovoamentos sobre as populações indígenas de trutas, sobretudo aqueles repovoamentos que são realizados com espécimes de outros países.
Foi neste contexto, que deparamos com um estudo realizado por 8 investigadores da UTAD e que procura avaliar o impacto genético da introdução de trutas de outros países em acções de repovoamento nos nossos rios. O método é baseado na colheita de uma pequena amostra da barbatana caudal das trutas que é depois analisada em termos de DNA.
Os resultados foram apresentados no início deste ano e reportam aos rios Baceiro e Beça da zona Norte e aos rio Ceira e à ribeira de Sinhel da zona Centro. Na zona Norte, não foi encontrado qualquer vestígio de contaminação genética provocada pelos repovoamentos. Por sua vez, na zona Centro, o panorama já não é tão animador, pois foi encontrada introgressão genética gerada por eventuais repovoamentos realizados com trutas do Centro da Europa. Esta situação pode ter impactos significativos sobre o património genético das trutas destas massas de água, deteriorando a pureza das trutas que ali habitam.
Para uma melhor leitura deste trabalho, podem consultar o resumo que se encontra abaixo:
Perante os resultados deste estudo, convém ter enorme precaução com as acções de repovoamento. A introdução de versões genéticas não indígenas de trutas pode ser o princípio do fim para as populações indígenas, tornando-as mais vulneráveis a doenças e aumentando a concorrência por alimento e pelos melhores locais numa massa de água. Os gestores conscienciosos das concessões de pesca desportiva devem sempre privilegiar a manutenção das populações indígenas e só em último caso devem recorrer a acções de repovoamento. Se tal for necessário, aconselha-se que o repovoamento seja realizado com ovos ou alevins de trutas retiradas da mesma massa de água. Pode ser mais caro, mas é o garante de um património genético não adulterado.
Fica a informação 🙂
Isso dos repovoamentos ha-de destruir por completo as verdadeiras trutas selvagens…A médio/longo prazo a % de trutas 100% selvagens vai estar reduzida a valores meramente residuais…Já o mesmo se passa na caça com as chamadas “perdizes de aviário” que são introduzidas indiscriminadamente nas reservas de caça com vista a proporcionar aos sócios um maior número de lances por jornada…Este tipo de política vai levar a que as espécies puras comecem a misturar o seu material genético e a desenvolver características diferentes geração após geração o que vai levar a que a médio prazo as características das espécies introduzidas prevaleçam sobre as das espécies endémicas…Mas a vontade de pescar mais e de matar mais deixa-os cegos e não há maneira de lhes abrir os olhos…Vamos la ver se quando acabar o curso consigo fazer um estudo acerca deste tema, mais que não seja para viver de consciência tranquila…
Abraço.
Estou claramente de acordo!
Também é um dos problemas que tenho na minha reserva de caça e que quero resolver o mais rápido possível. Acabar com os repovoamentos que só servem para os artistas que querem fazer “carne”. Isto está a minar a pureza genética das perdizes da zona.
Se o pessoal não tem pernas, nem sabe dar as voltas às perdizes, então não mata. Têm que se convencer disso! Aí é que está a beleza da caça. E o mesmo deve acontecer com a pesca. As trutas muitas vezes estão lá, só que não as conseguem ver, nem tirar e como tal não há nada! Enfim, começam logo a pedir repovoamentos! É um verdadeiro crime …
Abraço
Ah pois eu prefiro um dia de caça sem matar nada e ver um bando ou dois das bravas ao longe do que matar uma dúzia de galinhas…E na pesca igual se bem que aqui na minha zona ha poucos repovoamentos e quando há e em concessões…
Abraço