Já há muito tempo que estava para escrever sobre o impacto das portagens no bolso dos pescadores de trutas, mas, por uma razão ou outra, tenho sempre adiado esta questão. Hoje, vou tratá-la exprimindo unicamente a minha opinião pessoal.
Depois de um período de esbanjamento de fundos comunitários e dinheiro dos contribuintes em auto-estradas, ficamos com um património viário que certamente está ao nível dos países mais desenvolvidos, senão mesmo acima. As construtoras encheram o bolso, os políticos também e criou-se algum emprego temporário e precário para manter alguns de nós. Ficou a promessa de que algumas dessas vias seriam gratuitas, sendo baptizadas de SCUTS, para passados alguns poucos anos, verificarmos que o princípio do utilizador-pagador tinha que passar a ser aplicado.
Enfim, eu poderia agora perder-me em considerações sobre PPP’s e sobre auto-estradas onde só passam algumas dezenas de carros num dia, mas o que me interessa é o impacto destas vias ao nível das despesas de um pescador numa jornada de pesca. E isso é algo bastante relevante e que temos vindo a sentir de forma cada vez mais premente. Já não é tão fácil deslocarmo-nos ao Centro ou Norte do país, sem abrirmos os cordões à bolsa e desembolsarmos montantes que partindo do Porto vão dos 8 euros (ir e vir a Amarante para pescar no Olo ou no Ovelha) até aos 40 e picos euros (para ir e vir à Covilhã ou ao Sabugal). Nalgumas situações, o custo de combustível é quase igual ao custo das portagens especialmente em deslocações mais longas e ao final de um ano, podemos estar a falar de despesas globais acima dos 1000 ou 2000 euros, se para além da pesca, também estivermos a falar de um viciado da caça.
Tudo isto para dizer o quê?
Para dizer simplesmente isto: recuso-me a pagar portagens seja para onde for, quando o assunto tenha a ver com pesca e caça!!
Isto porque considero que as portagens estão muito acima do valor real do serviço que é prestado. Ou seja, os preços foram mal fixados e para mim, apenas se justificam em duas situações: em caso de emergência ou numa situação em que uma empresa me paga as deslocações colocando-me horários restritivos para estar nalgum lugar. Caso contrário é dinheiro deitado fora.
No caso da caça e pesca, a situação ainda é mais clara pelos seguintes motivos:
– A caça e pesca são normalmente actividades que começam com o romper da aurora, logo a maioria das deslocações podem ser realizadas de madrugada ou à noite quando as nacionais têm muito pouco trânsito. Nessa altura conseguem-se boas médias em termos de percurso.
– Deslocações em nacionais obrigam sempre a velocidades mais reduzidas do que nas auto-estradas o que implica poupança significativa de combustível (aliás basta olhar para as médias de consumo em termos comparativos).
– Deslocações para a caça e pesca implicam para mim um custo de oportunidade do tempo de zero. Ou seja, tenho todo o tempo do mundo, porque não tenho pressa, nem horas marcadas para nada. Vou a desfrutar da viagem com calma.
Para mim, estas razões em conjunto são mais que suficientes para ter deixado de vez as auto-estradas e ter voltado para as nacionais. Tenho demorado mais 10 a 15 minutos entre Porto e Viana e Porto e Amarante, por percursos alternativos. Já para o interior, como Sabugal ou Covilhã, demoro mais 30 a 40 minutos, por percursos alternativos.
Podem-me dizer que as nacionais obrigam a maior desgaste de pneus e travões. Concordo, mas em termos de ganhos globais, as menores médias de consumo de combustível e a poupança de portagens são bastante substanciais e ultrapassam claramente o desgaste de pneus e travões. Com 20 viagens anuais do Porto ao Sabugal (ir e vir), só em portagens poupo 800 euros … e isso dá para muito pneu e travão.
Em termos de segurança, é tudo igual. Ou se conduz com cuidado ou então as probabilidades de ter acidentes graves são quase as mesmas nas nacionais ou nas auto-estradas. A diferença é que nas primeiras anda-se mais devagar e nas últimas mais depressa.
Para além disso, pago para ser multado nas auto-estradas, pois lá tenho os artistas do radar sempre à caça. Com portagens tão caras, seria de esperar que os utentes tivessem mais liberdade para usufruirem da maior velocidade, mas não. É mesmo nesses sítios que o controlo é maior!! Surreal … Afinal para que servem as auto-estradas? Para me andarem a chatear e perseguir, e ainda pago por cima??
Enfim, no global, acho que está na altura de olharmos com cuidado para as despesas associadas às nossas deslocações. Como vou pescar, tenho tempo e vou para me divertir com calma. Portanto, acordo mais cedo ou escolho horas de menor tráfego e trato de poupar umas coroas … porque nunca se sabe quando é que vai ser preciso. Já me chega de manter gente incompetente que vive sempre com a mão estendida à procura da receita fixa … Que vão trabalhar!
Quem fez os acordos com os concessionários que os pague. Eu não fiz nenhum acordo e só quero pescar às trutas em paz e sossego e longe de artistas 🙂 🙂
Sempre tenho uns tascos e uns restaurantes para ir petiscando ao longo das nacionais e aproveito para ver sempre coisas mais interessantes … O que poupo na portagem dá para provar uns bons petiscos 🙂 🙂
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