Na sequência de um contacto realizado por um colaborador, tivemos acesso às principais conclusões de um estudo científico sobre os efeitos dos repovoamentos de rios da zona Norte com trutas “domésticas”. Neste caso em concreto, o estudo já tem alguns anos e incidiu sobre os rios Sabor e Baceiro, tendo sido realizado em parceria pela UTAD, Escola Superior Agrícola de Bragança e Circunscrição Florestal do Norte (Vila Real). Apesar da sua cobertura limitada, o estudo pode também ser interessante para delinear padrões e propor comparativos para outras zonas do País.
O principal objectivo do estudo foi a determinação da capacidade de coexistência entre populações de trutas selvagens e trutas de repovoamento. Utilizando a observação sub-aquática e telemetria, foi possível chegar à conclusão de que este dois tipos de população têm padrões de alimentação e locais de residência diferentes. Esta conclusão é de certa forma polémica, pois vem contrariar a visão mais comum de que estes dois tipos população deveriam ser altamente concorrenciais, quer em termos de alimentação, quer em termos de locais de residência.
Numa visão mais detalhada, parece que as trutas de repovoamento preferem locais de maior profundidade, com pouca corrente e pouca cobertura. À medida que o tempo vai passando, as trutas de repovoamento têm uma forte tendência para migrarem lentamente para jusante. Já em termos de alimentação, existe alguma sobreposição entre estas populações, mas a dieta é essencialmente diferente.
Quem quiser uma visão mais detalhada das principais conclusões do estudo, pode sempre consultar o abstract do mesmo que se encontra abaixo:
No global, a principal conclusão deste estudo é que o mesmo confirma que a eficácia dos repovoamentos tende a ser bastante baixa. A falta de resistência dos peixes introduzidos e a incapacidade para se defenderem dos predadores são alguns dos principais factores identificados como causas desta situação. Pena que o estudo não tenho ido mais além e que não tenha procurado estimar o impacto dos repovoamentos sobre os focos de doença que afectam as trutas selvagens. Essa poderia ser uma informação bastante importante para quem ainda aposta nesta técnica para recuperar a densidade piscícola das nossas massas de água.

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