Recentemente fiquei a saber que o ICNF, instituição que regulamenta a caça e pesca a nível nacional, mudou as instalações da sua sede. A mudança foi realizada na passagem de ano e 2014 foi iniciado com uma nova morada.
Consciente do sufoco financeiro que aperta a maioria das instituições governamentais, já para não falar dos cidadãos, pensei que a mudança obedecesse a alguma razoabilidade económica e que o principal objectivo fosse uma substancial diminuição de despesa. Aliás, atendendo à dimensão ambientalista do ICNF, que acaba por ser a tendência dominante no seu seio, estava à espera de que a relocalização da sede se realizasse para um entorno rural, mais afastado da urbe e onde os custos de alojamento fossem quase residuais. Isto facilitaria certamente uma maior proximidade à clientela do ICNF e aumentaria a sua eficácia (acho eu!).
O quanto é que eu me enganei?? Totalmente!!
A relocalização foi realizada para a Avenida da Liberdade, 16 em Lisboa. Principal avenida da capital e onde o preço do metro quadrado está claramente fora do alcance da maioria dos mortais. Não sei se o edifício em causa já era do Estado (podendo ser alugado/vendido com valores bastante interessantes) ou se está a ser alugado, mas de qualquer das formas parece-me uma decisão bastante irracional do ponto de vista financeiro e que nada abona a favor da cultura e do espírito espartano que todos esperamos ver numa instituição ligada a questões ambientais. Aliás, isto mais parece ser um comportamento de uma instituição elitista e que vive em desafogo financeiro.
Para mim, esta é mais uma acha para a fogueira que vai aumentando dentro dos caçadores e pescadores deste país. A nossa dependência do ICNF é total e o serviço que nos está a ser prestado deixa muito a desejar. De facto, cada ano são criados mais obstáculos e burocracias ao exercício dos nossos desportos, muita vezes com exigências que roçam o limite do ridículo. Somos dos maiores financiadores desta instituição, via pagamento de licenças, emissão de cartas, impostos, etc, e uma grande parte do nosso dinheiro é utilizado para defender causas ambientalistas, na sua maioria em clara colisão com os nossos interesses e nas quais a nossa opinião não é ouvida. A somar a isso, temos agora esta exaltação de elitismo por parte do ICNF.
Perante isto, nada mais faz sentido. Está na altura de separar o trigo do joio e de entregar a gestão da caça e da pesca a gente séria, que se saiba comportar como gente séria, que tenha conhecimentos claros sobre o assunto e que esteja disposta a aproximar-se diariamente dos seus clientes e a escutá-los. O modelo de centralização do ICNF está claramente esgotado e tem que dar lugar a um novo paradigma mais regional e onde a caça e a pesca sejam vistas como factores promotores de desenvolvimento e não como ameaças ambientalistas.
Para mim, esta demonstração de falta seriedade do ICNF deveria ser o princípio do seu fim!! Já há muito que esta instituição deixou de defender os meus interesses como caçador e pescador!!
Os senhores doutores e engenheiros precisam de instalacoes de acordo com o seu estatuto…nao podem estar em qualquer local…se fizessem um inquerito interno por certo que a maior parte nao sabe o que e uma truta, um achiga, uma perdiz ou um pombo torcaz…
São os ambientalistas “caviar” do nosso país! Gente de primeira categoria e da “socialite” lisboeta, que por entre o ar condicionado do gabinete e a sua casa de fim de semana em resort turístico, procuram encontrar novas formas de conseguir tirar dinheiro aos pescadores, caçadores e contribuintes a qualquer custo. Para fazer tudo isto em estilo, são precisas instalações de primeira categoria.
Longe dessa gente a ideia de defender efectivamente os nossos interesses e de passar a trabalhar numa sede barata construída em material pré-fabricado (madeira), que tenha eficiência energética, que seja amiga do ambiente e que esteja localizada em ambiente natural, especialmente num parque nacional. Isso seria pedir demais, até porque implicaria alterar um estilo de serviço público que há muito está instalado. Ou seja, servir primeiro os interesses da classe e depois o dos clientes e contribuintes. Enquanto assim for, teremos mais do mesmo!!