À semelhança do que já aconteceu há alguns anos atrás, também este ano se decidiu realizar uma sessão de repovoamento de trutas nos rios Ovil e Teixeira. A iniciativa foi promovida pela Câmara Municipal de Baião e contou com a participação de um técnico do ICNF. O objectivo do repovoamento foi repor a densidade piscícola destes dois rios que muito têm sofrido com a poluição dos últimos anos.
O repovoamento foi realizado no dia 19 de Março e contou com a participação e o apoio do agrupamento de escolas de Vale de Ovil, da associação Ecosimbioses, das freguesias de Campelo e Ovil e de Loivos da Ribeira e Tresouras e da Associação de Caçadores e Pescadores de Ovil e Loivos do Monte. No total, foram introduzidas mais de 6000 trutas, na sua maioria alevins, nestes dois rios.
Para uma ideia mais completa do impacto e da forma como foi realizado o repovoamento segue vídeo abaixo com a notícia:
Em termos mais concretos, os repovoamentos foram realizados nos lugares de Outoreça e na zona de Lazer da Fraga do Rio, localizados na freguesia de Campelo e Ovil. Por sua vez, no rio Teixeira, a acção decorreu em Várzea (Teixeira e Teixeiró) e em Arufe (Loivos da Ribeira e Tresouras).
Esta é mais uma acção destinada a repor o património fluvial do nosso país. As trutas introduzidas têm um tamanho muito reduzido e portanto só poderão ser pescadas dentro de 2 ou 3 anos. Até lá, há que esperar que elas se consigam adaptar ao rio, e mais importante que não se realizem descargas poluentes ou matanças com lixívia durante o Verão, pondo assim em causa todo este esforço.

Boas.
Alguém sabe a razão pela qual só se faz (pelo menos só se ouve falar) de repovoamentos de trutas?
Um rio ou albufeira não seria muito mais saudável, e até ajudaria em muito na sustentação da população de trutas, se se fizessem repovoamentos de outras espécies, nomeadamente escalos e bogas?
Nos rios que melhor conheço recordo-me de haver trutas em número e tamanho muito superior às atuais na altura em que havia grande número de escalos e bogas.
Estes agora são raros e de igual modo raras são as trutas. E estas apenas se mantêm devidos aos constantes repovoamentos.
Parece-me a mim, enquanto leigo em biologia, que um ambiente será tão saudável quanto o número de espécies que nele habitem e como tal julgo que as restantes espécies autóctones mereciam mais atenção das entidades ditas “competentes”.
Cumprimentos
Concordo plenamente e subscrevo a sua perspectiva.
Acho que a falta de vida nos rios é o principal problema que afecta as trutas neste momento. Não tem havido nenhuma preocupação do poder central em tentar encontrar o equilíbrio para a maioria das nossas massas de água, mesmo quando verificamos que algumas instituições, como o ICNF, estão impregnados por pseudo-ambientalistas. Só lhes interessam assuntos que possam dar visibilidade nos media e fundos comunitários, como o lince e outras coisas bizarras. Temos as instituições a quererem só protagonismo e a esquecer que a sua função é servir toda a população e não servirem-se a elas mesmas! Um bocado à semelhança de quem as gere e coordena!
No que toca aquilo que é mais importante para a base do equilíbrio dos ecossistemas, como coelhos (caça), bogas e escalos (pesca), é para esquecer! Quem acaba por fazer, ou sugerir os repovoamentos, são os pescadores e as associações de pescadores, preocupando-se apenas com a espécie que mais lhes interessa (truta) e com um troço específico do rio, deixando de lado tudo o resto. Isto obviamente não cria a estabilidade necessária nas massas de água … piorando até muitas vezes as coisas, quando os repovoamentos são mal feitos.
Enquanto não houver mudança de paradigma de quem gere a pesca desportiva em Portugal, e não se trabalhar com consciência e ética, não vale a pena. As coisas só podem mesmo piorar …
Abraço,
Isto é apenas mais um sinal que demonstra o tipo de pessoas e de onde elas vem para estar à frente dos destinos que são dados à pesca e à caça em Portugal e em última análise à nossa riqueza biológica e à biodiversidade dos nossos rios e montes.
Além disso é notória a falta de visão que demonstram pois não são capazes de ver o potencial turístico que estas áreas tem.
Certamente serão dos “mesmos” que acharam há anos atrás que o futuro da pesca passava por introduzir predadores tais como os lúcios, percas, perca-sol e achigas que no entendimento deles iram gerar o turismo tal como eventualmente viam em filmes americanos… Com essa atitude a maior parte das albufeiras e grandes rios de Portugal ficaram irremediavelmente “destruídos”. E se não houver uma mudança de comportamentos e de politicas daqui a uns anos nem trutas teremos…
Enfim, isto é apenas um desabafo, pois custa-me ver que, tal como em inúmeras situações, o dinheiro dos nossos impostos serve para pagar altos salários a pessoas que nem para guardar ovelhas serviam…
Abraço
Houve um tempo…
…O que vou dizer sobre a barragem do Ermal(ou de Guilhofrei) é válido para quase todas as barragens e cursos de água deste depauperado(na sua riqueza natural)País e expropiado pela fauna partidária que campeia pelos organismos(?) que deveriam gerir e defender os nossos recursos naturais:
Quando era praticante federado de “pesca de competição de rio interior”,participei em imensas provas nesta barragem e “assisti” in loco ao desaparecimento acelerado das suas espécies pisciculas autóctones.
Para já não falar em décadas anteriores, vou só referir-me á década de 90.
Nesta altura,sendo a classificação das provas definidas: 1/grama igual a 1/ponto, muitos pescadores treinavam uma “pesca de velocidade” apontada para as espécies mais pequenas como,por exemplo,o escalo e esta situação tinha uma explicação: a barragem tem um relevo muito diferenciado indo de zonas espraiadas onde a 30/metros de distância atingia, no máximo, 2/3 metros de fundo, até zonas onde mesmo junto á margem atingiam de imediato os 7/8 metros.
Assim, e como os “pesqueiros” marcados eram sorteados, nunca se sabia se nos ia calhar um pesqueiro baixo ou fundo; e é claro que eram tipo de pesca diferentes: nos pesqueiros baixos apostava-se na pesca das pequenas espécies, principalmente o escalo, e nos pesqueiros mais fundos, os barbos, carpas e bogas(as maiores)…E TRUTAS e muitas,que apareciam em qualquer sitio fundo ou baixo.
Ora como quem “calhava” nos pesqueiros fundos tinha claramente vantagem sobre os outros, alguns praticantes começaram a treinar a pesca ás pequenas espécies em velocidade tentando contrariar a vantagem dos que pescavam grandes exemplares contrapondo maior número de peixes pescados mesmo que muito pequenos. Entretanto o aparecimento do “anzol sem barbela” ajudou em muito a “pesca em velocidade” uma vez que bastava sacudir o peixe para dentro da manga de retenção e no seguimento da mesma acção de braço estava-se novamente a pescar… num treino de 2 horas haviam pescadores que pescavam entre 200 a 300 escalos,principalmente,e mais!
A partir de 95/96 os escalos, trutas e outras espécies, começaram a desaparecer para começarem a aparecer em grande número a perca-sol(principalmente) e o achigã…
Os pescadores/atletas federados eram rigorosamente fiscalizados antes, durante e o final das provas. Tinham que ter equipamento apropriado(manga)para retenção e libertação em boas condições dos peixes- pescador que tivesse peixe morto era severamente penalizado pela Associação Regional ou Federação Nacional, conforme os casos. Em contrapartida nunca vi(e foram centenas de provas que fiz por todo o País) qualquer tipo de fiscalização ou acompanhamento por parte dos organismos(?) a quem compete fiscalizar e gerir a pesca! isto é indicador que os nossos recursos naturais estão entregues aos “bichos”.
Afinal são os próprios pescadores(aqueles com consciência,claro), aqueles “gloriosos malucos”, que ainda vão desenvolvendo algumas acções em defesa dos peixes.
O que é certo é que perante este “panorama”, e perante a angústia de ir para provas em cursos de água QUASE DESERTOS DE PEIXES, abandonei a competição…até hoje!
Abraço, meus Amigos
Boas
Eu conheço perfeitamente a realidade que relata pois moro junto ao rio Ave e a cerca de um km do inicio da Barragem do Ermal.
Lembro-me muito bem de como eram esses tempos que relata, pois e apesar de nunca ter participado em concursos, conhecia bem a barragem e a quantidade de peixes que por lá havia.
No inicio da barragem ,onde entra o rio Ave, por alturas de maio, junho e julho não se conseguia sequer ver o fundo pois tal era a quantidade de escalos, bogas, barbos e trutas…
A decadência da barragem começou com a introdução das carpas e das espécies que relata assim como de lúcios. E neste momento até lagostins já por lá andam.
De todo modo considero que esta barragem está “perdida” e de forma irremediável pois o esvaziamento é de todo uma operação impossível… Resta apenas como refugio para os “carpistas” pois há relatos de carpas com mais de 15kg.
Mas esse tipo de pesca não é o meu campeonato…
Abraço