Na sequência de algumas démarches e contactos realizado ao longo do ano, fui reunindo testemunhos e impressões de vários pescadores relativamente à necessidade de voltarmos a reinstaurar a pesca desportiva de pleno direito no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Como bem sabem, a maioria das massas de água ficaram inacessíveis à prática da pesca, desde a publicação do plano de ordenamento do Parque em Fevereiro deste ano. Isto afectou enormemente os pescadores de trutas, pois éramos muitos os que acorríamos várias vezes durante o ano a algumas massas de água míticas desta zona, como o Cávado, o Homem, etc.
Perante esta situação, resolvi meter mãos à obra e começar a produzir um documento que proponha uma nova solução para o ordenamento e gestão das massas de água dentro da área do Parque Nacional da Peneda Gerês. Para já, a preocupação central deste trabalho incide só sobre as albufeiras de Paradela do Rio, Tourém, Lindoso e Vilarinho das Furnas, mas o modelo proposto pode ser replicado rapidamente nas outras massas de água do Parque.
Em termos de visão estratégica, este documento é um protótipo que pretende conciliar os interesses das entidades gestoras do Parque (ecologia, preservação do ambiente, promoção do parque e sustentabilidade financeira) com os interesses dos pescadores. O princípio básico proposto para a gestão da pesca dentro do Parque é o do que todas as massas de água abrangidas pelo mesmo constituem no global uma zona de pesca especial pela qualidade das suas águas, riqueza piscícola, ambiente preservado e paisagem única.
Consciente da abrangência de personalidades e categorias de pescadores que frequentam a região, gostaria de colocar à vossa apreciação do documento na sua primeira versão. Abaixo podem encontrar o documento em versão pdf:
Volto a reiterar que este é apenas um documento restrito a algumas massas de água, mas que pode ter impactos mais abrangentes. Nesse contexto, e de modo a melhorar substancialmente este documento, gostaria de ter a vossa opinião sobre o mesmo, incluindo eventuais correcções ou sugestões.
Só com a participação de todos é que este documento poderá ter alguma representatividade democrática e defender os nossos interesses 🙂
Como sempre, podem deixar as vossa achegas através de comentários a este post.



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Ola Trutas!
Concordo com muita coisa que propes! Se apenas algumas coisas forem aceites e inseridas na legislação já seria um grande avanço!
Pena é mesmo o regime geral de pesca nacional não sofrer nenhuma alteração!
Abraço
É isso Miguel. Temos que avançar.
Um abraço,
Caros colegas,
Numa altura muito importante e em que se debate,em várias frentes,esta problemática do POPNPG vou dar a minha modesta opinião sobre o assunto.
Primeiro de tudo, como muitos bem sabem, sou da opinião de que os rios dentro do parque deverão permanecer abertos, mesmo aqueles que são parte integrante de zonas de protecção ambiental(tipo I e II,ou mesmo integral).Para suportar a minha tese dentro destas áreas sensíveis à presença humana(argumento defendido pelo ICNB e que na minha opinião está correcta em muitos casos, mas na minha óptica com várias discriminações, como por exemplo autoriza caçadores e proíbe pescadores) passaria por uma pesca sustentada em regime de concessão e controlo absoluto, por parte do Parque ,e como é óbvio, exclusivamente com pesca sem morte ,iscos artificiais e controlo de entrada e saída das zonas e recordo que o Parque dispõe de controlo de entrada e saída de viaturas em zonas estratégicas,como a Bouça da Mó(Albergaria) Portela de Leonte e Portela do Homem. Necessariamente o preço das respectivas licenças diárias teria que ser inflacionado, visto que estamos perante um regime paisagístico único.
Pesquei largos anos nestas zonas e não foi pelo facto de haver pescadores que se degradaram os rios ou mesmo houve atentados ambientais, tendo sempre os pescadores e povos locais respeitado o ambiente envolvente,a natureza e mesmo a sustentabilidade da espécie.
E afinal quais são os rios que se integram estas zonas e onde se poderia praticar este sistema de pesca a que me refiro?
-o Homem na zona da Albergaria desde o final do encoro da barragem de Vilarinho da Furna(Palheiros)até à ponte de São Miguel e para montante reserva total.
-Toda a Barragem de Vilarinho da Furna mas com um reduzido número de capturas com morte, tomando como exemplo o que se faz nas lagoas da serra da Estrela.
-O rio de Leonte
-Rio do Gerês
Estes são os rios mais sensíveis por se encontrarem na mais alta protecção ambiental, pese embora se mantenham fechados à vários anos.Esta é a minha posição em relação a eles.
Depois, e é aquilo que mais nos interessa, ou seja, o que nos tiraram recentemente com o Plano de Ordenamento do Parque, o fecho total dos rios situados dentro do perímetro, mas em zona de protecção tipo I e II.
E passo a mencionar os mais importantes.
Barragens:
-Barragem de Caniçada
-Barragem de Salamonde
-Barragem de Paradela do Rio
-Barragem do Lindoso
-Parte das Barragem de Touvedo
Na minha opinião todas estas barragens deveriam-se reger pela lei geral da pesca, com ou sem modificações à já lei existente. Também não concordo que sofram qualquer tipo de concessões.
Rios:
-Rio Cávado nas Zonas de Ferral,Penedas e Vila Nova
-Rio Cabril
-Rio Lima
-Rio Froufe
-Rio de Germil
-Rio Caçarelha
-Rio Tamente
-Rio da Ermida
-Rio da Veiga
-Rio Pomba
-Rio de Castro Laboreiro
-Rio Ermelo
-Rio de São Bento(rio das Rodas)
-Rio da Peneda
Todos este rios tem um enorme potencial truteiro,embora alguns apresentem sérios problemas de populações, coisa que não se resolvesse com uma gestão adequada dos seus recursos.
Não vejo problemas em criar concessões neles desde que se façam com isenção e as respectivas licenças sejam atribuídas equitativamente e imperiosamente tiradas por sorteio e pelo sistema de multibanco, isto é tão só aquilo que todos vimos a defender ultimamente.
O argumento por parte do ICNB-IP não serve claramente nem favorece o pescador desportivo. Os habitantes locais, também esses privados ,e revoltados, de exercer a pesca, e que, mais dia menos dia,vai dar lugar ao furtuitivismo.
Esta decisão, cega, de fechar os rios dentro do parque é meramente administrativa e não é suportada por nenhum parecer cientifico ou qualquer estudo sério ,pelo menos que seja conhecido publicamente. Foi tomada num contexto abrangente e transversal e inserida num plano de ordenamento,no mínimo polémico,em vários dos seus Artigos e recordo o problemática da proibição da visitação de ZPT´s(150€ por um simples pedido,administrativo,de autorização de visitação),dos baldios, da apanha de míscaros, da recolha de lenha, mesmo em propriedades privadas, enfim um sem número de “palermices” sem pés nem cabeça.
Esperemos que o nossos governantes e deputados saibam aquilo que andam a legislar e não vão atrás de lóbis e compadrios em prol de uma franja de ambientalistas cujo o objectivo é fechar ao cidadão comum um direito que é de todos sobre um pretexto falacioso e cínico de protecção ambiental.
É necessário fazer ver aos responsáveis políticos com a pasta e dossier do POPNPG da urgente revisão nomeadamente do seu artigo 31º e de que a pesca, sobretudo nas albufeiras, rio Lima e Cávado,é uma fonte de rendimento turístico e faz parte da cultura dos seus habitantes.
Neste link estão os rios e o seu regime de concessões. Por aí se pode formular aquilo que mais nos interessa.
http://trutaseserras.blogspot.com/2011/02/rios-e-ribeiras-dentro-do-parque.html
Não é de por de parte um protesto formal,a apresentar aos diferentes grupos parlamentares,sobre este polémico artigo( 31º)mas para isso precisávamos da ajuda das associações de pesca inseridas dentro da área do Parque.
Contudo,e primeiro de tudo,há que ter em conta que as populações locais são os principais visados,quer no objecto da proibição quer pelo atropelo de possíveis formas de protesto vinda de grupos de pescadores não residentes.
Entretanto estou já a preparar o email com o resultado da sondagem que seguirá para todas as identidades ligadas ao assunto.
Fico à espera de novos desenvolvimentos e estou disponível para qualquer reunião ou novo movimento que venha a criar.
Aconselho vivamente todos os pescadores,responsáveis,a consultar uma série de links que postei hoje no meu blog,alguns dos quais eu subscrevo, afim de saber a evolução desta problemática.
http://trutaseserras.blogspot.com/
Um abraço,
Até breve,
João Dias
Obrigado por este excelente testemunho, João.
Vamos para a frente com esta luta. Certamente que iremos ter resultados dentro em breve.
Um abraço,
Uma pormenor faltou no meu ultimo comentário e prende-se em relação ao documento acima apresentado;
Estou em pleno acordo com todo o seu conteúdo e convicto que sortirá o efeito desejado.
Penso que é um bom documento,ponderado e racional,que essencialmente protege e beneficia as populações locais e não prejudica os não residentes e quem por ventura quiser pescar estas áreas.
Quando afirmo que;”há que ter em conta que as populações locais são os principais visados,quer no objecto da proibição quer pelo atropelo de possíveis formas de protesto vinda de grupos de pescadores não residentes.” quero com isto dizer que estas(associações/movimentos/comissões de baldios etc…) terão que ser imperiosamente ouvidas em debate publico de discussão aberta com os pescadores não residentes.
E venho alertar que o Parque possui entidades oficiais e associações de pesca entre outras que já se pronunciaram à cerca da proposta apresentada,nomeadamente o Movimento Peneda Gerês com gente,que me alertou para a discórdia de alguns pontos do documento.
Em resposta a um email enviado por mim ao http://pnpg-comgente.blogspot.com/ obtive a seguinte resposta;
Passo a transcrever,
“Boa noite
Já nos haviam feito chegar esta proposta, há dias e já foi difundida dentro do Movimento.
Está a ser analisada. No entanto, podemos desde já adiantar que não concordamos com várias normas, nem com o princípio do entorno natural imaculado, infelizmente.
Como saberá, em algumas das albufeiras que refere a proposta está infestadas de espécies invasivas.
Cumprimentos”
Por aqui se vê a nossa preocupação de reunir com gentes locais e chegar a um consenso comum que sirva todas as partes interessadas.
Abraço,
João Dias
Obrigado por mais este testemunho João.
Penso que terá que haver alguma disposição para se encontrar compromissos. Penso que quando as pessoas se prendem com detalhes em vez de olharem à perspectiva mais abrangente e de médio e longo prazo é que as coisas começam a dar para o torto. Sem uma predisposição para angariar apoios externos credíveis e fazer algumas concessões, acho muito difícil que as populações do parque ou qualquer movimento que as defenda tenha a mínima hipótese de ter algum sucesso. O exemplo de Montesinho é claro. Tem que se compatibilizar a visão ambientalista com a visão dos pescadores e com a das populações locais para se conseguir evoluir.
Devemos continuar a trilhar o nosso caminho … e logo veremos.
Um abraço,