Experiências em escadas de peixe.

Experiências em escadas de peixe.

Neste último fim de semana, tive oportunidade de visitar uma zona de pesca muito próxima do Parque Nacional de Montesinho. Mais concretamente, estive a pescar nas proximidades da hidroelectrica das trutas, que fica localizada muito perto da foz do rio Tuela com o rio Baceiro. Independentemente das pescarias, que serão apresentadas em posts posteriores, aproveitei algum do meu tempo para visitar a mini-hidrica, analisar o seu funcionamento e averiguar o seu impacto sobre a fauna piscícola local.

A mini-hidrica tem uma dimensão bastante reduzida e o seu impacto em termos de ecossistema pareceu-nos bastante residual. A albufeira criada pelo muro encontra-se cravada num penhasco e a profundidade máxima na zona mais funda deve andar na ordem dos 8 metros. Em termos de extensão do espelho de água, ele é reduzido (entre 100 a 150 metros). Para jusante, o desvio de caudal principal é de cerca de 400 metros e existe sempre água a entrar nessa zona. Como podem ver pelas fotos, a mini-hidrica dispõe de uma escada de peixe que assegura a manutenção de um caudal ecológico mínimo.

O que nos pareceu estranho no funcionamento desta mini-hidrica, foi a presença de dois galrichos na escada de peixe; um para montante e outro para jusante, e cobrindo totalmente a passagem de qualquer peixe ou mamífero. Ainda pensamos que se tratava de artimanha de algum furtivo da zona para matar uns peixes, mas rapidamente fomos esclarecidos que aquele material estava a ser utilizado para fins cientificos. Alguns biólogos estavam a realizar um estudo sobre a fauna da zona e as armadilhas eram controladas várias vezes ao dia para evitar morte do peixe ou até mesmo das lontras que fossem apanhadas.

No global, ficamos com boa impressão relativamente a esta exploração. Apesar de muitos de nós terem opiniões claramente contra as mini-hidricas e de algumas estarem mal elaboradas e construídas, pareceu-nos que esta estava a funcionar muito bem e com um impacto sobre a fauna píscicola a jusante quase residual. Efectivamente, tive oportunidade de pescar na zona de desvio de caudal e na zona de descarga da hidroelectrica, e verifiquei com agrado que por ali existiam bons exemplares de trutas e com uma densidade bastante interessante. Penso que em rios onde os açudes têm tendência para desaparecer, pondo em causa a sobrevivência de bons exemplares de trutas, a mini-hidricas podem ser soluções bastante interessantes, desde que bem elaboradas e enquadradas no ecossistema fluvial.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.