Há poucos dias, visitei a Ribeira de Portuzelo na zona de Viana do Castelo. É sempre aquele local mágico que gosto de visitar, mais pelo prazer de ver algumas lindas trutas a brincar com a amostra do que para conseguir grandes capturas. De todas as vezes que visitei esta ribeira, fiquei sempre muito bem impressionado com a densidade de peixe, especialmente durante os meses de Abril e Maio.
Desta vez, o cenário foi completamente diferente 🙁 Comecei a pescar por volta das 9 horas da manhã. O dia estava enublado e no dia anterior tinha caído alguma chuva, portanto as condições para a prática da pesca não eram nada más. Equipei-me com material de light spinning, cana de 1,2 metros, linha 0,12 da Fendreel e amostra Mepps Aglia nº1. Os primeiros lançamentos saíram na zona da ponte da estrada nacional Viana do Castelo – Ponte de Lima, e depois de meia hora a bater para jusante, resolvi arrancar para montante.
O rio tinha uma corrente muito razoável para a prática do spinning, mas simplesmente comecei a ver que não existiam trutas. Pelo menos, não vi nenhuma em cerca de 2 horas. Nem a seguir a amostra, nem a fugir, nem nada!! Mesmo os barbos, escalos e bogas, apesar de presentes, pareciam apresentar densidades populacionais muito mais reduzidas do que aquelas que eu tinha visto em pescarias anteriores. Fiquei extremamente decepcionado e sem perceber muito bem o que estava a acontecer, ou o que tinha acontecido por ali.
A situação pareceu-me de tal ordem grave, que resolvi fazer uma breve viagem de carro para montante, a caminho da nascente. No entanto, o cenário não se alterou … A escassez de peixe continuava a ser notória e só já passada uma hora de pesca é que consegui vislumbrar uma pequena truta junto a um pilar de uma pequena ponte. Uma autêntica desgraça!!
Perante este cenário, resolvi terminar a sessão de pesca o mais rapidamente possível. Não valia a pena perder tempo por ali, pois algo estava muito errado. Algo se passou na Ribeira de Portuzelo e parece-me que as próximas temporadas de pesca à truta neste local podem estar irremediavelmente condenadas. A densidade que vi é verdadeiramente assustadora.
Já falei com o João Dias sobre este assunto e também ele sofreu com esta situação. Perante isto, gostaria de saber qual a causa deste mistério que aparenta contornos muito maus. Se alguém souber o que se está a passar, fico agradecido se deixar um comentário a este post.
Nunca vi a Ribeira de Portuzelo assim e terei um enorme desgosto se esta massa de água deixar de fazer parte da minha lista de opções.
Isso só significará a morte de mais um rio truteiro em Portugal!!
Meus caros,
A explicação não tardou via Facebook, de acordo com o Cândido Lamas:
“Bati este rio, no ano passado, muitas sextas feiras depois de vir da universidade, porque fica mesmo colado a casa da minha namorada que mora em Perre no lugar de monção. Tirava umas trutas e via trutas, e conseguia ter uns bons finais de tarde… entretidos. Até que entre os meses de Dezembro e fevereiro, sem saber especificar quando, houve alguma mente brilhante que decidiu limpar as margens, num comprimento de cerca de 200 metros ligeiramente acima do lugar de monção. E como? da maneira mais fácil e mais agressivo para as plantas e animais que ali existem, com Herbicidas. Ora bem, isso associado ao caudal diminuto que o rio apresentava nestes meses (mais baixo do que no mês de julho do ano anterior), foi chegar fogo a pólvora seca!
A partir desse local para cima já se vêm umas trutas mais, mas nada comparado com o ano passado, enfim, isto sim, é crime ambiental!”
E agora, como ficamos? O que vai fazer a AFN a este respeito?
Boas
Tambem eu ja pesquei por 2 vezes neste ribeiro este ano e notei logo a falta de algo….trutas.
Mas a minha 1º impressao foi as margens bastante calcadas da pressao de pesca. Enfim mais um cantinho paradisico que esta em vias de extinção.
Caros colegas,
Esta época,e depois de muito ponderar onde iria fazer a abertura,decidi-me por esta ribeira,que depois de cerca de 1500m.o resultado foi…nada, e mais grave ainda é que também eu não vi trutas…e digo-vos conheço muito bem o rio e as posturas das trutas em actividade.
Os relatos que aqui estão patentes é aquilo que eu tinha já comentado pessoalmente com alguns pescadores,nomeadamente estes que põem o problema -algo de muito grave se passou neste frágil rio.
A tese que o meu querido amigo Dr. Cândido Lamas defende,na minha óptica,não será o principal problema da intoxicação do rio,parece-me que o caso é bem mais grave e abrangente do que um problema citado por ele,embora esse seja também relevante.
Não vou especular sobre o que efectivamente se passou,mas uma coisa eu sei,é que vai demorar muitos anos a repor aquilo que em minutos alguém destruiu, conscientemente ou inconscientemente…
Outros pequenos rios se seguirão….asnos…não entendem que a pesca das trutas não é um recurso infindável….apetecia-me dizer aqui umas quantas verdades sobre a nossa medíocre mentalidade….enfim!
João Dias
Amigo Joao concordo consigo em pleno apesar de nao conhecer a ribeira.
Quais sao as outras possiveis causas do desaparecimento dos peixes para alem da intoxicaçao? Provavelmente artefactos ancestrais humanos que na maioria das vezes apenas atingem os rios e ribeiros pequenos. Aqui na minha zona sei que isso se passa sempre que sao ribeiros de pouco caudal, no verao, que para mim e a epoca do ano em que fiscalizaçao devia ser mais apertada. Mas esta calor e e melhor estar no posto com o ar condicionado ligado. A cuto/medio prazo todos os rios e ribeiros de pouco caudal vao ficar sem trutas, com muita pena minha, porque na maioria das vezes sao esses ribeiros que “abastecem” os grades rios!
Abraço.