Predadores à solta

Predadores à solta




É com tristeza que escrevo neste grande site de pesca à truta. A ultima vez que escrevi um post, se bem me lembro, referia-se às descargas feitas por ETAR’s mal equipadas e mal monitorizadas que funcionam de forma errada. Gente sem escrúpulos que permitiu a construção desses edifícios, que não foram e não são mais que uma forma de dar dinheiro a ganhar a muitos, e nunca com a intenção de melhorar a qualidade das águas descarregadas nos rios e ribeiras que nós tanto gostamos e preservamos.

Pois bem, desta vez o assunto é bem diferente, porque no que toca às ETAR’s, tenho que ser franco e justo, nesta época de pesca verifiquei uma melhoria considerável na qualidade da água daquelas que conheço, talvez fruto da divulgação que tem sido feita por nós, verdadeiros amantes das trutas e dos rios.

Voltando ao assunto que me levou a escrever este post, que ainda não mencionei qual é, tenho-vos a dizer meus amigos que andam predadores à solta por esses rios fora. Durante esta época vi várias vezes pescadores a reterem trutas muito pequenas, entre os 15 e os 19 cm. Fiscalização??? Pouca, muito pouca para aquilo que se exige. Mas tirando estes predadores em pequena escala do cenário, vou-vos falar de predação em larga escala, podendo copiar uma citação feita por um pescador de pluma num dos jornais locais para descrever tais actos: “Actividade predatória alarve!”. É isso que se passa em muitos dos nossos rios.

O pior dos atentados foi verificado no passado dia 4 de Julho, numa ribeira da região, que ainda mantém uma população de trutas estável e de tamanhos consideráveis. Quando me dirigi à ribeira (a qual não divulgo o nome, por razões óbvias) acompanhado do meu habitual companheiro de pesca, o meu primo, deparamos-nos com 2 redes armadas, distanciadas 30 metros uma da outra. Redes de malha fina destinadas a apanhar TUDO o que por elas tente passar.

Rede ribeira truteira Covilhã thumbnail

Mais uma vez pergunto, onde está a fiscalização? O que andam a fazer? Nós até compreendemos que uma brigada não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo, mas porque é que ninguém os vê a época toda? Acho que este ano fui fiscalizado 1 vez, na abertura, e estou com sorte, porque a maioria dos pescadores nem os viu toda a época, para felicidade de muitos.

É isto que se passa todo o verão por rios e ribeiras de todo o país e ninguém faz nada. Obviamente, aqui o “Chibo” ligou de imediato para o SEPNA a denunciar a situação, mas de imediato foi respondido que não podiam comparecer naquele momento (hora de jantar!) e que iriam resolver a situação no dia seguinte de madrugada, quando o “Mata tudo” fosse levantar as redes.

É triste, mas é verdade, estamos num país em que a mentalidade das pessoas está cada vez mais anoréctica, e isso arrepia-me, porque os mais jovens que deviam dar a volta à situação, às vezes são os primeiros a fazer estas coisas absurdas. Isto é um país em que vale tudo e só são punidos aqueles que deixaram a licença no carro ou o BI em casa. Esses das redes, bombas e afins, passam impunes anos a fio, praticando esses actos delinquentes de forma recorrente. Esperemos que isto mude, rapidamente, Senão teremos que ser nós a mudar à força. Quando se tapa o caminho da revolução pacífica, abre-se imediatamente o caminho da revolução violenta.

Um abraço, a quem realmente protege aquilo que ama.

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