3 trutas na Ribeira de São João de Agra

3 trutas na Ribeira de São João de Agra




Recentemente e durante uma pescaria realizada no Rio Coura, tive a oportunidade de passar pela Ribeira de São João de Agra. O cenário, como sempre, era idílico e água não faltava, pois as chuvas das últimas semanas tinham mantido a ribeira com bom caudal. O dia não era dos melhores para a pesca, pois estava muito sol e algum vento, mas mesmo assim a vontade de tentar a minha sorte na ribeira era mais que muita. Como tal, não tardou muito até que tirasse a cana do carro e avançasse para debaixo da ponte. Iria pescar light com Mepps Aglia nº1 e fio 0,12 da Fendreel.

Atendendo ao facto de já terem passado 15 dias depois da abertura, não esperava ver uma boa densidade de trutas, nem com muita voracidade. Se conseguisse tirar um ou dois pequenos exemplares, já ficaria muito satisfeito, até porque o único factor que me iria ajudar era a temperatura do ar e da água, que estava a níveis bastante razoáveis, justificando uma maior actividade da parte das trutas.

Os primeiros lançamentos saíram debaixo da ponte. Iria pescar cerca de 200 metros para montante até uma zona quase intransponível que me obriga a sair da ribeira e depois faria o troço para baixo até à confluência com o Coura. Como é típico nesta ribeira, só ia insistir nos poços e nas zonas mais calmas com maior profundidade.

Durante meia hora, andei a coar água. Em poços de primeira qualidade e nalgumas correntes mais profundas, não vi nem uma truta. Estavam certamente picadas, até porque alguns locais eram bastante bons. Só dei com a primeira truta num poço junto à zona intransponível. Ela não devia ter mais de 15 centímetros e bem deu um bailinho à colher. Seguiu-a para aí 5 vezes até se cansar. Estava bem picada …

Depois desta primeira investida, e sem qualquer sucesso, voltei ao ponto de partida. Resolvi fazer o pedaço de ribeira que faltava até à foz com o Coura. Logo, no primeiro lançamento para jusante e para um poço com alguma profundidade, sinto um toque. Volto a insistir, deixo a colher afundar e quando já a sinto perto do fundo, começo a recuperar e trás. Sinto um puxão na linha, cravo e salta uma pequena truta fora de água. Com calma consigo controlá-la e coloco o primeiro exemplar da Ribeira de São João de Agra fora de água. Uma linda truta com 14 centímetros que foi logo devolvida.

Truta 14 cm Ribeira São João de Agra

Com esta captura já do lado de cá, voltei a insistir no mesmo poço e tive outro toque, mas já menos convincente. Avancei para o poço seguinte e a mesma rotina, outro lançamento, outra truta cravada a saltar fora de água e acabar nas minhas mãos. Outro pequeno exemplar que foi devolvido.

Já sem mais ribeira para andar cheguei à foz com o Coura. Viam-se uns peixes a mosquear na confluência. Eram trutas!! Atendendo às chuvas fortes não se notava a miséria da poluição causada pelas minas de Covas que destroem totalmente o troço do Coura para montante da confluência com a ribeira de São João de Agra. De qualquer forma, e mesmo assim, qualquer truta que fosse capturada iria sempre ser devolvida à água, por uma questão de risco de contaminação.

Os primeiros lançamentos foram realizados para bem longe e comecei a recuperar muito devagar. Senti os primeiros toques, logo dois seguidos, mas nada convincentes. Era truta já sabida que vinha apenas ver do que se tratava. Bem insisti durante 10 minutos. Ainda vi duas trutas a seguir a amostra, com tamanhos superiores à medida mínima, mas sem vontade de picar.

Já no final, e para descargo de consciência lancei para montante da confluência do Coura com a ribeira. Recuperei lentamente e quando a amostra estava a chegar a um bloco de pedra junto à corrente, sinto um puxão forte e a cana dobra. Cravo instintivamente e começa a luta com a truta. Olho para dentro de água e vejo um reflexo prateado. Parecia-me uma truta com 25 centímetros, mas estava a dar uma luta de primeira qualidade. Lá a fui trabalhando com calma e quando a trouxe à minha beira pela primeira vez, vi que estava cravada pelas costas. Daí a sua grande força!!

De modo a não perder a truta, cheguei-me perto da água e depois de várias insistências, deitei-lhe a mão. Mais uma linda truta com cerca de 24 centímetros!! Foi logo libertada …

Sem mais para onde ir, terminei a minha incursão na ribeira de São João de Agra. Gostei de comprovar que as trutas continuam por lá e mantêm a sua boa forma. É notório que já estão bem picadas, mas à medida que a Primavera vá entrando é natural que voltem a bons ritmos de actividade. Para mim, este continua a ser um local de primeira categoria, com excelentes paisagens intocadas, lindas trutas e troços de dificuldade elevada. A ver se lá volto para uma pescaria a sério …

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.