Já há muito tempo que tenho deixado de lado os fundamentalistas da pesca sem morte nos meus artigos de opinião. Não, porque considere ser menos importante ir colocando-os regularmente no lugar deles (porque é importante), mas porque acho que a sua pequenez e insignificância fala por si mesma. Desde políticos a caçadores passando por pescadores e mesmo ambientalistas falhados e frustrados, não faltam formas de caracterizar esta estirpe rara do “homo sapiens” que se procura afirmar no mundo da pesca como sendo um poço de moralismo e um “role model” a seguir. Impregnados pela filosofia do politicamente correcto e sem espaço para agir a nível de primeira liga, vieram procurar refúgio no mundo da pesca à truta onde procuram instalar a sua partidocracia. Tão convencidos estão estes senhores da sua missão, que se arrogam o direito de professar as suas crenças aos 7 ventos, mostrando o caminho correcto e julgando e sancionando discricionariamente quem não segue os seus ensinamentos.
Mais recentemente, tenho ficado impressionado com os requintes que estes senhores têm vindo a adoptar ao nível dos pormenores, especialmente no que diz respeito à forma de pegar nas trutas. Segundo eles, as trutas não devem sequer ser manuseadas pela mão humana e o ideal seria se se conseguissem descravar sozinhas. Aliás, para eles, este tipo de filosofia deve-se aplicar em todos os casos e todas as fotos de trutas na net deviam seguir este princípio. Pois sim, meus caros!! Nas vossas freguesias e nos vossos buracos na net!!
A título de curiosidade, será que os nossos amigos fundamentalistas sabem qual o rácio de mortalidade provocado por uma pesca à mosca numa base “catch and release”? Será que é mesmo “Zero”? Vários estudos científicos comprovam, que devido à utilização de linhas finas nas pontas e de anzóis bastante pequenos, a pesca sem morte leva a taxas de mortalidade no curto a médio prazo que vão do 1 aos 5%. Tudo isto, porque o nível de stress causado ao peixe no combate ou muitas vezes uma cravadela mal conseguida (por distracção ou outra razão) em que o peixe engole totalmente o anzol ou o mesmo se crava nas guelras, leva a danos irreversíveis que causam a morte, muitas vezes não imediata. Portanto, mais cuidadinho quando se fala de pesca sem morte …
De qualquer forma, e voltando ao ponto fulcral da nossa discussão, a pesca com morte é um direito do pescador actual que está consagrado na lei. Enquanto assim for, a truta pode ser manuseada de várias formas e sem seguir padrões estereotipados por meia dúzia de energúmenos. A única situação que fará sentido é providenciar à truta a máxima probabilidade de sobrevivência, se for libertada, e uma morte rápida, se for esse o caso. Agora, trutas mortas ou dependuradas ou na cozinha ou no chão da sala ou nas margens é tudo exactamente igual. De facto, a maioria das trutas que aparecem neste site foram todas mortas e portanto as fotografias foram tiradas como me deu mais jeito e mais nada!! A minha única preocupação é partir-lhes a espinha o mais rápido possível e fica o assunto resolvido.
Qual é o sentido de pegar com muito jeitinho numa truta que vai ser morta ou que já está morta?? Alguém me sabe dizer?? A hipocrisia apesar de ser uma política com bastante sucesso a nível nacional, não é para mim. Faço o que faço e assumo plenamente o que faço, sem ter nada a esconder.
Quanto à catequização e à pressão moral, sei que alguns se deixam influenciar e se coíbem de me enviar mais histórias com morte para publicar por medo da crítica. Alguns até nem mandam fotos. Tenho vários casos desses. Compreendo e respeito a personalidade de cada um, agora acho que devem-se perguntar porque é que alguém que nem sequer conhecem reduz o vosso direito à liberdade de expressão. Se não estão a fazer nada ilegal, porque não publicar uma truta de 4 kg numa cozinha depois de uma grande pescaria … Qual é o problema? Têm medo da crítica?? Já se perguntaram quem é a gente que vos critica e de onde é que vêm? Alguns são caçadores e matam várias de peças de caça por ano, mas na pesca à truta é só sem morte!! Até dá para rir! Então qual é a diferença entre matar num caso e no outro?! E ainda por cima, querem proibir os outros de matar!! Hipocrisia qb!
Volto a dizer, um pescador com morte que respeite a lei é um pescador 100% legal e não deve ter medo de qualquer represália ou condenação moral. Como tal, tem total legitimidade para publicar as suas histórias e as suas fotos na net e em qualquer outro espaço público. Só vê quem quer e nem obriga ninguém a ver nada, nem sequer a ler este post. Agora uma coisa é real e muito clara, quanto mais se deixarem influenciar e amedrontar por estes artistas da pesca sem morte, mais razão lhe dão e assim mais tarde ou mais cedo, vão ter que sentir na pele os verdadeiros efeitos daquilo que eles apregoam … no limite, esses efeitos podem passar pela total proibição da pesca à truta com morte a nível nacional. Assim, e sem saber, estão a cavar lentamente a vossa sepultura …
Meus caros, em título de resumo, o que eu quero dizer é que chega de ter que aturar com estes falsos profetas. Isto é gente que não interessa a ninguém. Cada um tem direito a tratar da sua vida dentro da lei e ninguém tem nada com isso. Neste país, critica-se por tudo e por nada, e normalmente os que mais criticam são os que mais têm a esconder. Aliás, se forem aos lotes de pesca sem morte de algumas concessões, verificam que têm menos trutas do que noutros locais. E porquê? É por causa dos furtivos? Mas eles normalmente limpam o rio de forma uniforme!! É porque alguns plumeiros fundamentalistas, defendem a pesca sem morte, mas praticam a pesca com morte à força toda e de forma ilegal (onde não é permitido)!! O que é preciso é parecer sério, sem ser sério!! Agora quem quiser que engula e que se assuma!!

Ganda Mário, carrega forte nisso!! Radicais abaixo! Grande abraço e parabéns por mais um post ENORME!!
🙂 🙂 Grande Mota. Até me admira os ratos estarem tão calados. Pelos vistos, já não existem fundamentalistas da pesca sem morte em Portugal, mas vamos estar atentos a esses artistas!!
No próximo mês, apareço aí para darmos uma volta!!
E aquela grande truta que aparece na minha banca da cozinha? Tás a conhecê-la? 🙂 🙂 É sempre a partir!!
Abraço,
Nota de esclarecimento a comentários do facebook:
Meus amigos, é sempre um prazer verificar que alguém se assume como fundamentalista da pesca sem morte! Se assim é, porque é que ainda visitam esta página e o meu site, e mais ainda, porque é que participam de forma activa nos mesmos? Não vos parece estranho andarem a visitar e participar em sites de pesca com morte assumida? Ou será que vocês dizem uma coisa e fazem outra? Ou será que vocês vêm a estes locais à procura de dicas sobre como pescar e aonde pescar? Não acham isto uma incoerência? Não vos parece? Eu acho tudo isto muito estranho … Certamente que a boa comunidade dos fundamentalistas da pesca sem morte gostaria imenso de contar com a vossa contribuição nos respectivos espaços online. A questão agora será se vocês se conseguem aturar uns aos outros e se verdadeiramente aprendem algo nesses sites? Pelos vistos não … A inveja é certamente uma virtude e cada um tem o que merece. Resumindo, acho que está na altura de se assumirem e tirarem as vossas ilações. No meu site e na minha página do facebook não são bemvindos. Isto é para gente séria, tolerante e democrata, onde os fundamentalismos não são admitidos, nem as tentativas de impingir ideias aos outros. Aqui pesca-se com morte e sem morte, dentro da lei.
Só te tenho a dizer uma coisa Mário….os meus parabéns!! Adorei ler este post!! Continua assim! Grande abraço
Viva!
Em primeiro lugar queria dizer-lhe que visito o seu site, quase diariamente, desde há cerca de 5 anos (talvez mais, talvez menos).
Em segundo lugar acho também importante referir que pesco exclusivamente à pluma, sem morte, há cerca de 4 anos.
Com base nos dois últimos parágrafos, sinto desde já legitimidade para colocar o título do seu artigo em questão. Por convicção pessoal defendo a pesca sem morte como uma solução viável e sustentável para o futuro da pesca desportiva, e ainda assim não descarto a opinião completamente oposta de pessoas como o senhor. Penso que isto basta para apontar, desde já, um buraco enorme na generalização que faz sobre os pescadores sem morte.
Gostava de ter tempo e disposição para responder a cada observação que você faz no artigo, mas vou apenas tocar nos pontos que me parecem mais importantes. Além disso, e antes de mais assunto, queria deixar claro que falo apenas a título pessoal, e não em nome do “conspirativo clube nacional de pescadores sem morte” (que você parece querer imaginar que existe).
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-> “… sem espaço para agir a nível de primeira liga …”
-> “a pesca com morte é um direito do pescador actual que está consagrado na lei”
-> “Se não estão a fazer nada ilegal…”
-> “Volto a dizer, um pescador com morte que respeite a lei é um pescador 100% legal e não deve ter medo de qualquer represália ou condenação moral”
Será que eu interpretei isto bem? Estará você a dizer que os pescadores sem morte são uns frustrados por não terem a capacidade de impor a sua vontade a nível legislativo? Infelizmente até é verdade, embora me pareça um golpe algo baixo! Mas estará você também a agarrar-se repetitivamente a aspectos legais apenas para para tentar justificar-se? Se for assim, deixe-me perguntar-lhe o seguinte:
Você é a mesma pessoa que põe em causa a legislação e os aspectos governamentais da pesca desportiva em QUASE TODOS os artigos que escreve? Porque é que a gestão em vigor que (na sua opinião) nunca serviu, agora já serve para justificar o seu ponto de vista? Fala você de hipocrisia? Hm…
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-> “será que os nossos amigos fundamentalistas sabem qual o rácio de mortalidade provocado por uma pesca à mosca numa base “catch and release”? Será que é mesmo “Zero”?”
-> “a pesca sem morte leva a taxas de mortalidade no curto a médio prazo que vão do 1 aos 5%”
-> “Portanto, mais cuidadinho quando se fala de pesca sem morte”
Caro amigo, então mas uma proporção entre 1% e 5% é assim tão significativa? Não há uma diferença clara entre matar 3 peixes em 100 e entre matar 80 peixes em 100? Do ponto de vista da conservação dos rios é mais condenável matar um peixe de forma não intencional, ou matar 10 peixes de forma intencional? A filosofia de pesca sem morte nunca fará sentido enquanto não for 100% eficaz?
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-> “tenho ficado impressionado com os requintes que estes senhores têm vindo a adoptar ao nível dos pormenores, especialmente no que diz respeito à forma de pegar nas trutas”
-> “as trutas não devem sequer ser manuseadas pela mão humana e o ideal seria se se conseguissem descravar sozinhas”
Espere… Vamos lá ver uma coisa. “Cuidado quando se fala de pesca sem morte, porque a pesca sem morte acaba por resultar na morte de 1 a 5% do peixe libertado”. Foi mais ou menos isto que você disse, certo?
Então agora vamos pensar um bocadinho… Se a pesca sem morte não é 100% eficaz, e se o objectivo do pescador sem morte é evitar a morte do peixe, não faz sentido que o pescador sem morte tente encontrar formas de reduzir ainda mais o impacto negativo – repito: não intencional – que advém da sua acção?
-> “trutas mortas ou dependuradas ou na cozinha ou no chão da sala ou nas margens é tudo exactamente igual”
A sério??? É claro que as tentativas de manusear correctamente o peixe não fazem sentido para quem mata/leva o peixe para casa, mas sim para quem o quer libertar nas melhores condições possíveis. Isto é assim tão confuso?
Eu percebi o que você quis dizer. Já percebi que há gente a criticá-lo por não manusear o peixe de acordo com as suas normas pessoais, mas nesse caso deixe-me dizer-lhe: “Bem vindo à internet – Onde toda a gente tem uma opinião e muito poucos dão a cara”. Se você não aguenta com as opiniões dos outros, também não espere o inverso.
Mais um curto reparo em relação a esta questão… Como leio os seus artigos atentamente, sei perfeitamente que você liberta muitas das suas capturas. Aliás! Você refere frequentemente que libertou este ou aquele peixe (muitas vezes até peixe com tamanho legal), o que me leva a crer que você não discorda completamente da pesca sem morte (como leva a crer neste artigo). Se você liberta peixe, não acha que deve fazê-lo com o mínimo de dano possível? Senão, para que o faz? A percentagem de 1 a 5, que o preocupava tanto lá atrás já não interessa para nada? Num aparte, posso-lhe garantir que a percentagem de peixe que você liberta e que acaba por morrer, pelo que vejo, é certamente maior que 5%!
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-> “Alguns são caçadores e matam várias de peças de caça por ano, mas na pesca à truta é só sem morte”
Ipsis verbis! Concordo plenamente, embora esta não seja uma questão tão simples quanto isso. Abater uma peça de caça numa reserva bem gerida é completamente diferente de matar uma truta autóctone num rio com baixa densidade de piscícola. Confesso que percebo pouco ou nada de caça (actividade que nunca me interessou). Tudo é relativo.
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-> “legitimidade para publicar as suas histórias e as suas fotos na net e em qualquer outro espaço público”
Concordo plenamente, mas acho que o seu artigo tocou disparou em muito mais direcções do que essa, e foi para contrapor os outros aspectos que escrevi.
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-> “Quanto à catequização e à pressão moral”
-> “Isto é gente que não interessa a ninguém”
Como é? A liberdade de expressão umas vezes é válida e outras não? É só quando nos convém?
Se não gosta que lhe impinjam doutrina, não acho que deva tentar fazê-lo. Caso contrário há que que respeitar as situações inversas, sob pena de não estar a ser coerente (ou hipócrita?).
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Resumindo e concluíndo… Tanto eu como você temos alguns objectivos idênticos! Apenas defendemos caminhos diferentes de atingir um fim bastante semelhante. Com abertura à discussão, eu acredito que é possível chegar a um consenso… Mas será que você (e os que pensam da mesma forma) vão aceitar as sugestões de alguém como eu? Quem será mais fundamentalista?
Ambos concordamos que a gestão, e um futuro sustentável dos rios, tem de passar pelos pescadores (já que, de momento, ninguém mais parece importar-se). Ambos defendemos um futuro sustentável para a pesca desportiva no país, e nem sequer me cabe na cabeça que a pesca sem morte coloque um entrave a este fim.
Não acha contraproducente andar com guerrinhas desinteressantes que não melhoram em nada a situação?
Se tentar informar-se um pouco mais, e mantiver uma mente aberta, acho que vai encontrar muitos pescadores sem morte que toleram quem pesca com morte (aposto que muito mais do que pensa), e não acho que o pescador sem morte seja um inimigo para alguém! Sobretudo para quem tem objectivos muito semelhantes, que apenas são alcançáveis através da união de quem os partilha.
Já agora… isto diz-lhe alguma coisa? Não fui eu que escrevi!
http://www.trutas.com.pt/wpimages/wp9facf4df.png
Espero que não interprete nenhuma das minhas afirmações como uma tentativa de falta de respeito, nem como uma ofensa, porque nunca foi essa a minha intenção.
Cumprimentos
João
Caro João,
Seja bem-vindo ao nosso site.
Não sei se está familiarizado com a palavra “fundamentalista”. O artigo é dirigido a pessoas que possuem essa característica e só se enquadra nessa vertente quem quer e quem se sente atingido. Gente séria que pratica a pesca sem morte, mas também respeita a pesca com morte sem qualquer tipo de preconceito, não se deve sentir minimamente afectada por este artigo. Aliás, o artigo é mais do que explícito nesse sentido.
A minha opinião relativamente aos fundamentalistas da pesca sem morte não muda um centímetro e está mais do que expressa atrás. Neste site pratica-se maioritariamente pesca com morte e está tudo dito.
Abraço
Boas.
No meu ponto de vista cada um dentro da legalidade pesca como quer. No entanto creio que todos os pescadores que aqui publicam possuem uma certa sensibilidade e sabem que se querem manter as populações de trutas têm que fazer por isso. No meu caso dos exemplares que capturo devolvo cerca de 60% a 70% aos cursos de água.
No entanto o que continua a chatear sãos os casos de pessoas e instituições quererem impor as práticas e métodos de pesca aos outros ou restringindo a liberdade de pescadores de amostra ou minhoca dentro das reservas “quase privadas” (que ultimamente nascem como cogumelos depois das chuvas de Outono)e que têm vindo a desrespeitar pescadores ribeirinhos que lá pescavam à dezenas de anos.
Já nem falo da incapacidade (ou será incompetência?) das autoridades para fiscalizarem esses furtivos que por ai andam e abertamente me dizem que as trutas que eles levam para casa são as que eu liberto sem olhar aos comprimentos mínimos.
Se os fundamentalistas querem o bem das Trutas que movam energias para a caça aos furtivos em vez de imporem as suas ideias aos outros
O artigo é bem explícito meus amigos, está dirigido aos “Fundamentalistas”, sem desrespeito nenhum pelos pescadores sem morte. Isso nem teria cabimento, visto que o autor e muitos dos que aqui publicam tenham grandes amigos e até colegas de pesca sem morte, tolerantes e respeitadores. Há que haver coerência e saber interpretar aquilo que é escrito, e o que foi escrito foi “FUNDAMENTALISTAS”.Uma coisa muito importante que não foi dita, pescar com morte tem 3 vertentes, e passo a explicar:
1) “Matadores de trutas”- aqueles que retêm todas as trutas capturadas acima ou abaixo da medida minima;
2)”os Legais”- aquele que respeita a lei à letra e retém todas as trutas com medida legal;
3)”Pescadores de trutas”- aqueles que seguem os seus instintos predatórios (como a mialhares e milhares de anos), profundos conhecedores dos terrenos que pisam, respeitadores do ecossistema, que retêm apenas aquilo que têm a certeza não vir a ferir nem a comprometer a “saúde” do ecossistema em tempos futuros.
Cada um sabe em que categoria se insere, e quanto a mim a 3ª categoria não devia causar tanta revolta a esses senhores que por aí andam a pregar.
Da minha parte está tudo dito, não vou tocar mais num assunto que está mais que falado.
Abraço a todos (com ou sem morte) e os fundamentalistas se quiserem algum dia tirar satisfações que me liguem 😉