Na sequência de conversa com outro pescador de trutas, ficamos a saber que existe um estudo sobre o impacto dos pequenos aproveitamentos hidroeléctricos sobre a ictiofauna. Numa altura em que este tipo de investimentos e infra-estruturas continuam a invadir as nossas massas de água, e alguns rios truteiros, como por exemplo: o Beça, interessa conhecer qual o seu impacto efectivo sobre a densidade piscícola, a montante e a jusante destas estruturas.
Este estudo foi realizado com base na pesca eléctrica e demonstra ter interesse para os pescadores de trutas, pois foi conduzido em vários cursos de água, incluindo alguns com forte presença de trutas. Assim, temos a possibilidade de ver quais são os impactos destas estruturas sobre o comportamento das trutas numa perspectiva mais científica. As conclusões são ainda, em muitos casos, preliminares, pois a maioria das estruturas ainda não teve a possibilidade de gerar efeitos de médio e longo prazo, uma vez que existem há menos de 10 anos. No entanto, há alguns aspectos a reter, nomeadamente no que diz respeito às passagens para peixes.
O design e a eficácia das passagens para peixe têm impactos significativos sobre as alterações populacionais em termos de densidade que ocorrem imediatamente a jusante ou montante das mini-hídricas. Verifica-se que estruturas sem qualquer passagem para peixe são as que mais problemas e impactos negativos trazem a este nível. Portanto, as passagens de peixe são fundamentais para estas estruturas e devem ser alvo de uma atenção e limpeza permanente, especialmente durante a altura das migrações e desovas.
Para além da questão das passagens de peixe, este documento vai mais além e faz também uma análise mais pormenorizada de algumas massas de água com bastante interesse para os pescadores de trutas. Para conhecerem melhor este estudo, podem ler abaixo o seu texto na íntegra:
Achamos que este é mais um documento que interessa publicitar para informar melhor o nosso discurso. Efectivamente, as mini-hídricas são uma constante ao longo dos nossos rios e muito pouco ainda se conhece sobre o seu impacto. Desde logo, somos os maiores interessados no seu bom funcionamento e como tal convém que estejamos atentos aos efeitos da sua actividade.
Desde já, gostaríamos que esse estudo voltasse a ser repetido passado algum tempo para efectivamente comprovarmos até que ponto estas estruturas têm ou não impactos de médio e longo prazo sobre as populações piscícolas.
Até lá, iremos continuar a ser bastante exigentes e a contestar e denunciar sempre que verificarmos um funcionamento anormal destas mini-hídricas. Não são só as passagens de peixe que nos preocupam, mas também os caudais ecológicos em alturas de seca!!

Parabens, Trutas, talvez o melhor artigo sobre fauna piscícola em Portugal que já li. Aparentemente se trata de um estudo rigoroso, com conclusões muito interessantes sobre a distribuição das espécies, e o efeito das passagens para peixes; que ademais me deixa bastante esperançado.
Não tenho nada a ver com o estudo 🙂
O mérito é dos autores. Eu só o pus aqui, e tenho algumas dúvidas sobre a validade do mesmo. Considero que os efeitos destas infra-estruturas se fazem sentir mais no médio e longo prazo, e aí é que um novo estudo com a mesma metodologia pode trazer grande valor acrescentado para todos nós.
Pessoalmente, considero que tudo o que é intervenção humana nos rios só piora as condições de sobrevivência das nossas trutas.
As boas notícias é que continua a chover. Passei hoje na foz do Rio Couto e já se vê água a sério. Na próxima semana, vou por umas fotos deste rio online.
Abraço,
Eu sei que não tens nada a ver com o estudo. O mérito é dos autores, é claro. Os parabéns são por achar estes estudos tão interessantes, e depois pó-los cá. Um ás vezes mata-se a fazer pesquisas e não apanha nada de interesse, no entanto vem o Trutas, e zas!, cá esta mais um artigo tirado do chapéu de mágico. Abraço.:)
Em relação com que todas as intervenções humanas nos rios só pioram as condições para as trutas discordo amplamente, nem todas as actividades humanas nas ribeiras são prejudiciais. Ainda o ano passado ouvi dizer a um velho pescador que agora as trutas já nem sabem o que é uma minhoca, antes a gente trabalhava nas culturas, e a chuva arrastava terra, e com ela levava areia, e comida; a areia é benéfica para a desova, onde estão aqueles grandes areais que antes se viam? (eu sei que a areia esta no fundo das barragens nos rios grandes, mas falo dos rios médios e de montanha nos que antes se via areia e agora não). E que se pode dizer dos moinhos de água e os seus açudes?. Sendo não naturais, uma intervenção humana, são a única defesa para as trutas no verão, nos rios com baixos caudais, e que permitem o deslocamento livre dos peixes no inverno com caudais altos. A diferença entre um rio abundante em trutas e outro com uma fraca população pode ser a existência de ribeiras, com terrenos trabalhados e margens cuidadas, ricas em insectos, com as suas zonas de correntes e areais, alternando com açudes de moinhos. Que beleza!
Ola!
No Couto qualquer orvalhada serve para se tornar numa cheia!:)
Concordo com voçes os dois!
Pingodoce…isso das terras trabalhadas vai mudar! Infelizmente…
Abraço