O buraco do Coura a facturar …

O buraco do Coura a facturar …

Com a jornada já em bom andamento e com uma linda truta de 38 centímetros capturada com uma colher nº4, pensei que podia abandonar tranquilamente o Rio Coura, mas eis que passo pelo meu buraco nesse mesmo rio. Deu-me logo vontade de parar, até porque o caminho de acesso estava já completamente bloqueado pela presença das silvas. Sinal de que por ali não tinha passado ninguém nos últimos tempos.

Bem, era esticar a corda, mas tinha que ser!! Peguei no material e alterei a configuração de heavy para light spinning. Voltei à linha 0,12 e à colher Mepps Aglia nº1. Depois do material montado, tive que fazer o árduo caminho até à margem do rio. Ainda levei umas boas arranhadelas, mas em menos de 10 minutos estava no local. Agora é que eu ia ver se o sacrifício tinha valido a pena.

Os primeiros três lançamentos saíram à procura da outra margem, mas sem resultados. Nem sequer vi uma truta. No quarto lançamento, tento puxar a amostra mais para montante e quando começo a recuperar, vejo uma pequena truta a seguir o isco a toda a velocidade. Deu duas bicadelas e já no termo da corrida, abre a boca e crava-se. Com cerca de 15 centímetros, não deu muita luta, mas proporcionou uma excelente foto dentro de água, antes de ser libertada.

Depois desta captura, lançamento para o mesmo local, outra truta pequena a seguir a amostra e outra cravadela. Bem … já tinha valido a pena ter saído do carro e ter descido a ravina. Já tinha sentido qualquer coisa, apesar de não ser truta grande.

Mal devolvi a truta à água, reparei numa sombra grande a movimentar-se dentro de água. Foi-se aproximando e verifiquei que se tratava de um grande cardume de bogas … pelo menos umas 300 e deviam andar na desova. Resolvi ver se conseguia brincar com algumas. Lançamento para a outra margem. As bogas notaram o meu movimento e assustaram-se. Comecei a recuperar e, de repente, vejo um peixe a arrancar de jusante e arremeter-se a toda a força contra a colher. Cravei e a partir daí vejo uma truta endiabrada de bom tamanho a saltar fora de água ininterruptamente. Era uma coisa do outro mundo!! Já vi muitas trutas a saltar seguido, mas aquela não parava. Lá tentei manter a tensão com o 0,12, mas temi logo que a truta se fosse descravar mais cedo ou mais tarde. Ela estava impossível 🙂 🙂

Passei um minuto a tentar mantê-la dentro de água e finalmente cansou-se e eu comecei a aplicar mais força. Com calma fui-a dominando e depois de 7 ou 8 passagens, consegui-a colocar no camaroeiro. Se não fosse o camaroeiro, não a tinha conseguido tirar, porque ela não parava um minuto. No final, tive o prazer de tocar numa linda truta de 34 centímetros que só se rendeu depois de um combate energético.

Truta 34 cm buraco do Coura Maio 2013

Mal consegui esta captura, aproveitei para cortar a ponta de fio mais degastada e para pensar um pouco sobre o que se tinha passado. Já tinha lançado para o mesmo local algumas vezes e só agora é que aquela truta tinha mexido. A conclusão pareceu-me óbvia: vinha a seguir o cardume de bogas!

Depois de colocar o fio em ordem, resolvi bater mais 10 minutos para montante, numa corrente com fundo de seixo. Tirei mais uma truta pequena e ainda vi mais 5 ou 6 atrás da amostra. Não valia a pena forçar. Finalmente, o buraco do Coura tinha dado um ar da sua graça e eu estive lá para aproveitar.

No global, fiquei bastante satisfeito com a densidade de trutas que observei neste local. Penso que o vou deixar de pousio até ao próximo ano e para mim bastou capturar este exemplar de 34 centímetros. Foi um momento bastante intenso em termos de adrenalina 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.