A pouco menos de 10 dias da abertura, surge mais uma notícia que pode influenciar o primeiro dia de pesca à truta para muita gente, especialmente para quem gosta dos rios da zona de Bragança. Foi despachada a criação de uma nova concessão de pesca desportiva no Rio Baceiro no dia 6 de Fevereiro de 2014.
Por 34,14 euros anuais, e durante 10 anos, a Associação Recreativa e Ambientalista de Caça e Pesca de Alfaião vai poder usufruir de 5,7 km de direitos de pesca à truta de primeira qualidade no Rio Baceiro. Esta nova concessão vai-se estender desde a Ponte de Castrelos, a montante, até à confluência com o rio Tuela, na zona da Hidroeléctrica das Trutas.
Para um maior detalhe deste despacho, podem consultá-lo abaixo:
Mais uma vez, continuam a criar-se concessões de pesca desportiva a preço de banana neste país. Desta vez, com a agravante de surgirem poucos dias antes da abertura da pesca à truta, estragando certamente os planos de muitos pescadores de trutas que são fieis ao Baceiro. Neste aspecto, é completamente incompreensível a falta de sensibilidade do ICNF que deveria regulamentar estas matérias em tempo útil, de forma a evitar que vários pescadores possam ser apanhados desprevenidos e em clara transgressão. Os despachos para a constituição de concessões de pesca desportiva em rios truteiros deveriam ser avaliados unicamente no período compreendido entre Setembro e Dezembro, de modo a não influírem na temporada de pesca que está a decorrer e de modo também a darem tempo suficiente aos pescadores para tomarem conhecimento das alterações legais. O não respeito deste princípio pode ser altamente lesivo para os pescadores, obrigando a deslocações de vários quilómetros para não se poder pescar ou então ao pagamento de multas por não cumprimento da lei. No global, e para rematar, acho que este é mais um exemplo claro de que os pescadores de trutas são pessoas não gratas para o ICNF.
Quanto à zona que vai ser concessionada, conheço-a bem porque já lá pesquei e posso testemunhar que é um troço de primeira qualidade para a pesca da truta. Existe uma boa densidade de trutas e relativamente difíceis de capturar, especialmente em dias claros ou de muito frio. Face a isto, acho que o valor de 34 euros anuais é ridículo e põe em causa a seriedade daquilo que são as perdas sentidas pelos pescadores que deixam agora de pescar livremente nesta zona.
Para já, o plano de exploração ainda não está publicado, mas até estou curioso para ver quais as condições de acesso a esta concessão. Se for como os demais, e atendendo à localização nacional do Baceiro, a concessão fica apenas para o pessoal da terra e para alguns amigos do “peito”!
Como nota final, espero que não se use e abuse dos repovoamentos na zona. Por aquilo que vi, o ecossistema está bem equilibrado e a introdução de espécies de viveiro apenas irá criar sobre-densidades desnecessárias ou levar à introdução de doenças.
Quem frequentava este troço do Baceiro, já sabe … Menos um local para pescar livremente!!
Boa tarde,
Sou um acompanhante assíduo deste portal, o qual acho muito interessante. Confesso que muitas das vezes no defeso (principalmente) recorro a ele para “libertar o espírito”, pois traz-me à memória lances inesquecíveis pelos quais passo semanalmente no meu contacto com as trutas e com os bravos ribeiros e regatos que percorro.
Entendi que está na altura de me registar neste site, para, caso mo permitam, poder colaborar mais ativamente nesta “pescaria virtual”!
Vendo esta notícia… mais uma deste género, na verdade não consigo entender qual a posição do boa maioria dos pescadores atuais… por um lado percebo que são a favor do ordenamento da pesca, por outro não gostam de pagar pouco!!!
Eu, gosto da pesca livre e continuarei a pratica-la (sou completamente contra o ordenamento quer da pesca, quer da caça nos moldes em que o mesmo se processa, ou seja.., dar “mama” aos gestores dos “coutos”). No entanto, se legalmente formos obrigados a compactuar com eles, então pelo menos que seja com o menor custo possível!!!
Assim, repito, sem qualquer interesse particular por este assunto e manifestando tristeza por ver o regime livre piscícola cada vez mais limitado (caminhando a passos largos para a “pouca vergonha” com que a atividade cinegética se depara), questiono: afinal o que é que nós pescadores queremos, sabendo de ante-mão que o sistema é do tipo “vira o disco e toca o mesmo”… regime livre total (este é o meu preferido, mas confesso que só em sonhos…), regime (des)ordenado barato ou regime (des)ordenado caro)?
Eu prefiro o barato, e vocês?
Regime ordenado, poderia ser uma quarta opção, mas não para paises como o nosso… nem tão pouco para o nosso tempo. “Ordenado”… esse acredito que chorudo, mensalmente para os bolsos dos “lobos” e seus escudeiros, presidentes e diretores de muitos dos clubes de caça e pesca deste triste Portugal!
Desculpem a minha sinceridade, mas é uma opinião pessoal que entendi partilhar!!!
Abraço,
Filipe Pinheiro
O preço da licença de pesca desportiva em águas interiores, de âmbito nacional em Portugal é muito baixo, quase simbólico, por volta de 5 euros, comparativamente com os paises do entorno. Se atravessamos a fronteira para o norte ou para o leste, temos em Espanha que uma licença de pesca regional custa mais de vinte euros. São os rios assim tão diferentes?, ou as pessoas?, como é então que se justifica a diferença?. De um ponto de vista legislativo a pesca em Portugal esta mal regulada com umas regras que nem os próprios responsáveis conhecem, e são portanto impossíveis de conhecer na íntegra para os pescadores, tendo como base leis antigas que se vão atualizando de forma parcial, e um feixe de editais espalhados no tempo, que se vão solapando uns aos outros, com um ámbito de aplicação excessivamente localizado; no entanto na Galiza, nas Astúrias, em Castela e Leão, anualmente é publicado um decreto que regula todas as condições gerais e as específicas para cada rio ou zona de forma bem definida, repetindo todos os artigos e alíneas que não mudam, não só introduzindo novidades, assim ninguem pode dizer que não conhece as regras que são únicas e inequívocas. Neste primeiro ponto penso que do mesmo geito em Portugal poderia ser publicadas anualmente o regulamento para a pesca desportiva em cada temporada, sem maior acrescimo para o preço da licença, sendo suficiênte com que os reponsáveis políticos e funcionários públicos da área façam o trabalho para o que são pagos. O que não pode ser feito sem um aumento de preço da licença é uma gestão pública adecuada dos rios, porque para isso são necesários recursos económicos. Os governos regionais destas 3 comunidades que antes nomeei têm quadros de guarda-rios, biólogos, tècnicos, etc, que tabalham na gestão dos recursos das massas de água interiores, sendo a pesca desportiva um importante motor económico a nível turistico em algumas zonas, como o salmão nas Astúrias ou a truta marisca na Galiza. Em Castela e Leão é feita pesca eléctrica no verão quando a seca põe em perigo a sobrevivência dos peixes e são levados em camioes cisterna para outras zonas do rio em melhores condiçoes, por pôr um exemplo de gestão ambiental. Na Galiza todos os cursos de água estão clasificados, até o menor ribeiro, definindo a data para o início e o fim da temporada, tamanho mínimo legal, técnicas de pesca e tipos de iscos autorizados (por exemplo colheres com só uma farpa e a partir de que dia), sendo revisados anualmente, existindo zonas de veda permanente e vedas temporárias(por exemplo um rio com vários afluentes pode ter encerrada a pesca de forma alternada nos seus ribeiros tributários durante períodos de vários anos para facilitar a desova e criação de exemplares de menor tamanho que depois migrarão para o rio maior), não sendo realizados repovoamentos.
Tudo isto custa dinheiro, e o dinheiro tem de sair do bolso dos pescadores que somos os que beneficiamos, e não do bolso dos outros contribuintes, temos de ser honestos, por isso a licença é mais cara.
Grande Jesus,
Excelente resumo daquilo que vai mal neste país e do que se podia fazer melhor com base na experiência espanhola. É óbvio que este estado de coisas interessa alguém para se manter tudo como está. Por aquilo que tenho visto e por aquilo que deve vir por aí nos próximos tempos, estamos condenados a mais miséria e falta de bom senso. Há que ir aproveitando o pouco de bom que ainda temos na pesca às trutas em Portugal, porque falar de futuro e das próximas gerações é algo muito complicado.
Abraço e se não falarmos antes, uma boa abertura!
Tirei ontem duas licenças especiais para o troço do baceiro acima mencionado,residente no concelho de bragança como é o meu caso pago 2 euros por dia para 10 trutas…..ora bem, o baceiro é dos rios mais espectaculares que conheço(superior só o alto mondego a montante da taberna)e quando digo espectacular refiro-me ao andar dentro do rio…os pescadores de trutas percebem o que quero dizer….mas para quem não conhece Bragança(distrito)aviso que o baceiro está todo concessionado,sendo uma das concessões dos serviços florestais(por sinal a mais interessante)terá grandes dificuldades em obter a respectiva licença nos meses de abril e maio porque são só 3 dias por semana e seis licenças diárias….as outras concessões(ccp alfaião e ccp bragança mesmo sem ser sócio não haverá,em principio, problemas….fica o alerta e boas pescarias.
Respondendo ao amigo pingodoce só lhe digo que de há vinte anos a esta parte o estado abandonou os seus deveres e responsabilidade para com os pescadores e caçadores…uma autentica vergonha que só demonstra a incompetência destes senhores…enfim já cheguei à conclusão que não há nada a fazer,são os políticos que temos.
Ainda não quero tornar esta questão pública, mas parece-me que vamos ter que ir a Lisboa mostrar a nossa indignação. Lá terei que fazer a vontade ao amigo João Dias 🙂 🙂
Neste momento, estamos a preparar uma plataforma inédita que vai representar de forma comum os interesses dos pescadores e caçadores. Isto poderá ser o princípio de algo maior. Não podemos é deixar é toda esta incompetência passar em branco!! Quando houver novidades, publico neste site algo sobre isto.
Abraço,
Mário, vamos a eles! 😀