Depois de uma breve pescaria no rio Âncora, resolvi visitar um daqueles locais de eleição por onde todos passam de carro, mas onde poucos pescam: a Ribeira de Afife. Com um troço bastante reduzido, de alguns breves quilómetros, esta é uma daquelas ribeiras que desagua directamente no mar e contém uma população bastante saudável de trutas autoctonas. Apesar de não terem grandes dimensões, as trutas que habitam nesta ribeira são extremamente belas e possuem uma enorme combatividade. Qualquer truta acima do tamanho mínimo é um troféu de registo.
A última vez que estive na Ribeira de Afife foi há cerca de 3 anos e na altura lembro-me de ter tirado uma linda truta de 21 cm. Em profundidades médias de meio metro, a pesca torna-se bastante dificil e portanto quando sai um troféu deste nível, ele tem que ser devidamente saboreado. E o sabor fica de tal maneira, que cada vez que passo na EN13 lembro-me desta truta maravilhosa.
Foi com essa recordação que voltei à Ribeira da Afife. Parei o carro na primeira ponte a contar da foz (no meio dos campos agrícolas) e peguei no material de light spinning. Dirigi-me directamente para a foz sem pescar. Quando cheguei ao areal (foto da capa do post), comecei a bater para montante. Os primeiros lançamentos foram realizados em zonas de corrente, sem árvores e sem poços. Senti uns leves toques na colher, no entanto, fiquei sem saber se eram trutas ou escalos.
Entretanto, cheguei à zona com arvoredo e com alguns poços de pouca profundidade. Num lançamento para montante, por entre os ramos de duas árvores e numa zona de 5 metros de água, tiro a minha primeira truta. Bastante combativa, deu dois saltos fora de água, mas rápidamente se rendeu. Tinha grandes pintas pretas e 15 cm de tamanho. Foi o primeiro bom sinal do que estava à minha espera e rápidamente voltou à água.
Entretanto, fui pescando práticamente dentro da ribeira. Apesar de estar com botas de cano curto, era fácil deslocar-me no leito da ribeira, devido à baixa profundidade média. Só me afastava nalgumas ocasiões para escapar ao olhar aguçado das trutas. Continuei assim durante cerca de 200 metros e tive várias picadelas tirando mais duas trutas, ambas sem a medida.
Este percurso levou-me até perto da ponte da EN13, onde se encontram duas excelentes vivendas e um bom açude com alguma profundidade. O açude foi batido ao milimetro. Vi algumas trutas, mas só consegui tirar uma bastante pequena junto à queda de água do açude. Não tardou em voltar à sua proveniência.
Tinha passado uma hora e práticamente só tinha mexido alevins. Estava já muito próximo da ponte da EN13 e reparei numa saída de corrente que acabava num pequeno poço. Estando a cerca de 15 metros do local, lancei para a entrada da corrente e mal comecei a recuperar, levei um toque brutal e vejo uma truta endiabrada a saltar fora de água. Era boa! Mas e pará-la? Parecia eléctrica … Lá saltei rápidamente para o local, tentei manter a tensão no fio e com calma puxei-a para a margem. Era daquilo que andava à procura 🙂 Mais um puro troféu de 22 cm com uma beleza super especial. Tez negra e grandes pintas pretas numa truta de arvoredo e claramente adulta (foto abaixo). Como é que esta beleza sobrevivia em 40 cm de água? Muita dureza 🙂
Com esta captura, fiquei completamente extasiado e dei por terminada a pescaria. Era atrás deste troféu que eu andava e consegui o que queria. Não é fácil pescar ao spinning na ribeira da Afife, mas há sempre boas surpresas para quem insiste. O que nos espera? As trutas da ribeira da Afife; pequenas, aguerridas e extremamente belas. Trutas com mais de 20 cm neste local têm a mesma idade que trutas de 50 cm em rios de maior caudal. O dia estava feito!
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