Depois de vários anos de pesca na zona de Ponte da Barca e depois de ouvir múltiplos relatos sobre grandes pescarias realizadas no Rio Vade, estava na altura de fazer a minha estreia neste local. Normalmente, prefiro pescar em águas livres onde ninguém me chateia e onde não tenho que fazer marcações prévias. Assim, em qualquer altura chego e também abandono o local de pesca sem qualquer pingo de remorso ou desilusão, que é normalmente o que acontece quando se paga dinheiro por alguma coisa e depois não se tem nada. Enfim, mas deixando estas considerações de parte, foi na sequência de uma conversa com o meu amigo João Dias que se decidiu marcar a ida a este grande rio truteiro. Já há muito tempo que vínhamos a falar sobre isto e resolvemos tirar um dia da semana para nos dedicarmos em pleno a esta empreitada.
O encontro, tal como esperado, aconteceu no Restaurante Ponte do Neiva, e dali arrancamos para Ponte da Barca. Chegamos ao local por volta das 9h30. O João já tinha comprado as licenças para os lotes 1 e 2 no dia anterior e como tal, estávamos mais do que preparados para atacar o rio Vade. A escolha dos lotes foi realizada por mim, pois apesar de não conhecer o rio de forma detalhada, queria pescar ao spinning na zona com mais caudal e poços. Neste caso, tratava-se da zona que se estendia da confluência com o Rio Lima para montante. Basicamente, interessava-me averiguar a qualidade da densidade de trutas e sobretudo tentar as de bom tamanho.
Atendendo às margens altas do rio, ao caudal médio e à densa vegetação, resolvi escolher o material de light spinning; cana de 1,8 metros, fio Fendreel 0,12 e Mepps Aglia nº1. O João ia pescar à mosca seca nas correntes próximas da confluência com o Rio Lima e eu iria pescar para montante. O dia estava bastante claro, com um sol forte e mal nos aproximamos do rio, começamos a ver os primeiros sinais de truta. Viam-se movimentos à superfície nas zonas mais calmas.
Eu preparei-me primeiro. Arranquei para a pequena ponte sobre o Rio Vade, junto ao Restaurante que está mesmo encostado ao rio na margem direita. Primeiro lançamento para um pequeno poço (foto da capa) abaixo da ponte (estando eu em cima da ponte), começo a controlar e recuperar, e a meio do poço, entra um valente truta. Cravo, ela começa aos saltos, mas o seu pequeno tamanho (19 centímetros) não dava grande hipótese. Controlei-a, deixei-a seguir para jusante, a favor da corrente, e começo a tentar colocá-la num sítio mais calmo. Lá a consegui acalmar e quando estava já na perpendicular à ponte, levanto-a em peso com o 0,12. Que linda truta. Um excelente exemplar do Vade com umas cores verdadeiramente espectaculares que foi rapidamente devolvido à água.
Perante esta primeira captura, eu e o João animamos para começar a bater o rio com mais calma. Comecei a palmilhar para montante e logo encostado ao Restaurante, vejo dois peixes a mosquear para cima do muro do Açude. Lanço a mais de 20 metros para o local, e quando começo a recuperar, sinto um toque, mas nada de cravar. Segundo lançamento para o mesmo local, e desviado ligeiramente para a direita. Mal a colher cai na água, ataca uma truta e sinto que ficou imediatamente cravada. Começo a puxá-la na minha direcção, mas ela arranca para o centro do rio e para jusante, tentando meter-se na madeira morta e no tubo que cruza o rio naquele ponto. Ainda se conseguiu enrolar uma ou duas vezes e senti o fio preso. Mas lá fui manobrando e dando alguma linha, e a truta começou a desprender-se e chegou às minhas mãos rapidamente. Era um lindo exemplar de 21 centímetros. O dia tinha começado bem … em menos de 5 minutos já tirado duas trutas.
Depois destas capturas, fui avançando para montante, palmilhando a zona com lançamentos milimétricos. A altura das margens não ajudava nada e eu fui tentando me esconder dentro do possível. Não era nada fácil 🙂 Mas cada lançamento bem colocado valia a pena. Viam-se trutas e mais trutas em todas as zonas do rio. Fiquei verdadeiramente extasiado. Nunca pensei que o Rio Vade tivesse um densidade populacional tão elevada, especialmente porque estava nos últimos dias da temporada. Era verdadeiramente espectacular a sensação de estar num local tão maravilhoso como aquele. Em algumas zonas, viam-se várias trutas atrás da amostra e nalguns pontos, vislumbrei exemplares de bom tamanho. Mas era um sem fim de trutas.
O espectáculo era de tal maneira interessante, que eu até me deixei de preocupar com a acção de pesca e com as capturas. Tive um bom toque de uma truta com mais de 30 centímetros mesmo aos meus pés e tirei algumas de trutas de tamanho normal. No global, tirei oito trutas durante a jornada de pesca, mas isso pouco interessava em comparação com a emoção de ver tanta truta e um rio tão bem preservado. Uma autêntica jóia para a pesca à truta em Portugal.
O amigo João só pescou durante a primeira hora da jornada. Mas bastou!! Tirou uma linda truta de 30 centímetros junto à foz com o Lima e depois veio ter comigo passadas duas horas. A partir daí, foi-me acompanhando … para apreciar como eu pescava (dizia ele 🙂 ) Enfim, a partir desse momento, fomos falando e pescando de forma descontraída. Ainda tivemos a oportunidade de tentar o Professor Arlindo Cunha para se juntar nós e perante a impossibilidade naquele momento, preparou-se logo uma jornada alternativa para outro dia. Sempre a andar! O que era preciso era mais um motivo para juntar os amigos com base na pesca à truta!
Bem … que mais é que lhes posso dizer??
Fiquei 100% fan do Vade!! E doravante, irei lá voltar todas as temporadas com o meu amigo João.
É claramente uma oportunidade única para ver aquilo que se deveria ver em todos os rios nacionais. Trutas em grande quantidade e a sensação de que há uma gestão eficaz a ser aplicada naquela concessão. Um verdadeiro paraíso para nós!!!
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