Num dos dias mais quentes do Verão deste ano, resolvi visitar o rio Lima. A ideia não era das mais felizes, pois normalmente nestes dias as trutas tendem a reduzir a sua actividade a um mínimo e concentram-se sobretudo nas zonas com mais árvores e sombra. Mesmo assim, e como o vicio era maior do que a razão, resolvi deslocar-me para um troço de rio imediatamente a montante de Ponte de Lima, onde eu sei que existem boas trutas, mas extremamente difíceis de capturar.
Cheguei ao local por volta das 10 horas e o calor já era notório. O termómetro do carro marcava 30 graus e a tendência era crescente. Perante este tipo de clima, resolvi pegar no meu material típico de light spinning para massas de água de maior dimensão; cana de 1,8 metros, linha 0,12 da Fendreel e colher Mepps Aglia nº1. Sem hesitar muito caminhei na direcção da margem direita do rio e em menos de 10 minutos, estava na ecovia.
Já há mais de dois anos que não tinha pescado naquele local e como tal estranhei imenso a densidade de vegetação que encontrei. Efectivamente, era preciso caminhar 100 metros para poder pescar, já que as árvores, arbustos e silvas estavam de tal forma emaranhados que funcionavam como uma barreira intransponível. Mesmo assim, fui forçando a nota e consegui aceder a algumas zonas com alguma corrente. Como a barragem de Touvedo estava fechada, a circulação de água era relativamente reduzida no rio e portanto as zonas de corrente eram as que apresentavam maior potencial, especialmente devido ao calor.
Um outro aspecto que também notei, foi a falta de peixe. Em épocas transactas viam-se por ali bons cardumes de barbos e bogas e isso já não era tão notório. De qualquer forma, resolvi começar a lançar e vi os primeiros peixes a seguir a amostra. Eram sobretudo barbos e bogas, que atiçados pelo calor se mexiam a tudo. Efectivamente, num lançamento mais longo para uma zona com pouca profundidade, vejo uma boga de bom tamanho a sair do fundo do rio, a seguir a amostra, a sacudi-la e de repente a estrebuchar. Tinha ficado presa pelas costas e começou a vergar a cana. Ainda lhe dei alguma linha, com medo que ela se soltasse, mas com calma ela começou a cansar-se rapidamente e como tal, chegou às minhas mãos sem novidade. Era um bicho com cerca de 27 centímetros e que já me tinha permitido tirado as teimas, na primeira meia hora de pesca.
Com esta captura, que nada tinha a ver com o meu objectivo principal (as trutas), fui avançando para montante. Bati uma sequência de duas correntes e tive dois toques. Eram trutas, mas de pequeno tamanho. De facto, cheguei a ver uma delas, quando ela se encostou aos meus pés, à procura de sombra, tal era o calor que já se fazia sentir na zona aquela hora da manhã. Ainda vi um cardume de barbos à superfície e resolvi tentar a minha sorte. Mudei de colher para rapala CD-3, lancei para o meio dos barbos, mas eles apenas fugiram … Ainda houve um ou dois a vir inspeccionar o rapala, mas viraram a cara rapidamente. Não me ia safar por ali 🙂
Sem novidades nas correntes, avancei mais para montante, mas o cenário em termos de pesca piorou substancialmente. Com o calor a chegar aos 40 graus e a vegetação a tornar-se muito mais densa, comecei a ter que fazer quase 200 metros para encontrar um sítio para lançar. Ainda vi 3 ou 4 trutas que me iam animando pelo caminho, mas a situação já começava a ser penosa. Num recanto abrigado à saída de um regato, deparei com uma truta de mais de 35 centímetros que ainda veio cheirar a colher duas vezes, mas não se deixou enganar.
Enfim, o calor começou a apertar de tal maneira que eu achei que não valia a pena continuar. O peixe não estava muito activo e as condições de pesca eram quase insuportáveis. Com a temperatura nos 40 graus (termómetro do carro), achei que o melhor era deixar a pesca para outro dia. Talvez ao final da tarde houvesse alguma eclosão que valesse a pena, mas isso já não ia ser para mim. Com uma grande suadela e sem ter visto grande peixe a mexer, o que eu queria era praia e muito descanso!! 🙂
As trutas do Lima tinham ganho … desta vez 🙂
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