Furtivos à rede no Rio Mouro …

Furtivos à rede no Rio Mouro …


Há pouco tempo tive a oportunidade de voltar ao rio Mouro para mais uma pescaria às trutas. O rio Mouro é bem conhecido por ser um excelente local para tentar capturar algumas trutas fario de primeira qualidade, bem como alguns salmões e trutas mariscas. É também um dos poucos rios onde existe uma zona de protecção de desova que serve como local preferencial para infantário do Rio Minho.

A pescaria correu relativamente bem e será alvo de outro post, mas aquilo que vi logo no início da jornada é que me preocupa. O rio Mouro foi dos poucos locais onde já fui fiscalizado e costuma ser um local bem patrulhado, se estivermos encostados a uma ponte ou a uma estrada nacional de fácil acesso. Agora quando se trata de zonas mais isoladas e com acessos mais difíceis parece que a coisa muda de figura. E porque é que digo isto?

Pela simples razão de que encontrei um grande pedaço de rede de pesca pendurado dos ramos de uma árvore num dos melhores poços do rio Mouro. A rede era relativamente recente e tinha sido usada para capturar os bons exemplares que existiam naquele poço. No entanto, devido à cobertura vegetal numa das margens, os furtivos que a utilizaram não a conseguiram recuperar na totalidade e uma parte dela ficou presa nos ramos. Ainda lá está para quem quiser ver.

Em termos do impacto desta rede, pude comprovar que apenas existiam pequenas trutas naquele poço e com uma densidade reduzida. Isto comparativamente a outros poços que pesquei para jusante e para montante. Ou seja, a acção dos furtivos foi eficaz para limpar aquela zona, deixando-a com níveis mínimos de trutas.

Restos de rede utilizada no Rio Mouro Junho 2013

Esta é uma situação que nos deve preocupar. Apesar dos muitos esforços que se fazem para erradicar a praga do furtivismo, ela continua a perdurar em zonas de primeira qualidade para a pesca à truta. Uma parte do problema passa pela falta de sensibilização das populações locais, mas a outra parte passa pela falta de uma fiscalização eficaz junto à margem dos rios e, sobretudo em locais de mais difícil acesso. Não creio que se esteja a fazer um bom trabalho a esse nível.

Ainda há pouco tempo, tive a oportunidade de passar por dois jeeps do ICNF a menos de 4 km um do outro e apenas andavam a passear pela estrada. Penso que uma parte importante da fiscalização deve ser atribuída a esta instituição, pois a Brigada Florestal não tem capacidade de cobertura para as nossas massas de água.

Enquanto nada for feito, todos os esforços que tentarmos para preservar a nossa população de salmonídeos vão ser em vão. Os furtivos terão sempre a capacidade de limpar poços de rios truteiros em pouco menos de 30 minutos. Destruindo a fauna e deixando para trás situações que demoram vários anos a corrigir. Isto com impacto grave junto da comunidade de pescadores e das receitas de turismo que os mesmos geram.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.