Últimos dias de Julho e vontade de ir à pesca não faltava. O problema, como sempre, era decidir aonde dar uma volta com possibilidades de ter algum sucesso. Desde logo, uma opção parecia-me razoável; o rio Lima. As chuvas intensas do início de temporada e as descargas constantes da Barragem de Touvedo tinham ajudado a salvaguardar as trutas do Lima e certamente que algumas poderiam estar em boas condições de contribuírem para um dia bem passado. No entanto, também não me podia esquecer que estava em final de temporada, com as trutas já bem picadas, e que a Barragem de Touvedo ainda continuava a debitar em Julho e a estragar algumas sessões de pesca que até podiam estar bem encaminhadas.
Perante este cenário, resolvi visitar mais uma vez o Rio Lima e desta vez num troço onde nunca tinha pescado; a praia de Ponte da Barca. Apesar deste ser um local visitado por muita gente durante os meses de Julho, não oferece muito atractivo à maioria dos pescadores de trutas, pois ruído não falta para assustar as trutas durante a maior parte do dia. Isto podia ser uma vantagem para mim, porque significaria que as trutas podiam já estar mais aliviadas da presença constante das amostras.
Bem, com todos estes pensamentos na cabeça, resolvi mesmo avançar. Parei o carro eram 8h30 e meti em acção a cana de 1,8 metros, linha 0,12 e amostra Mepps Aglia nº1. O rio estava com caudal reduzido,o que significava que a Barragem de Touvedo estava parada. Antes de começar a pescar ainda reparei que se viam alguns peixes a mosquear à superfície, sobretudo escalos, mas também algumas trutas, que pelo aspecto pareciam ter um tamanho pequeno.
Realizei os primeiros lançamentos na margem esquerda do rio e nas zonas mais descobertas onde se via alguma actividade. Escusado será dizer que foi tempo perdido. Nem vi um peixe atrás da amostra. Apenas notei que a actividade mosqueira desaparecia mal a amostra caía na água. Ou seja, as trutas estavam bastante atentas na água parada e já tinham visto muito material a passar-lhes em frente ao nariz. Com este cenário, resolvi fazer o troço para montante, até aonde pudesse ir. Entrei numa zona de árvores bastante fechada e com um alto declive. Comecei a fazer os primeiros lançamentos por entre as árvores e vi os primeiros sinais de trutas a mexer, sobretudo nas zonas mais encobertas ou com lenha morta dentro de água. Ainda levei dois toques mesmo encostado à margem, mas eram sobretudo trutas pequenas.
Passados os primeiros 200 metros de margem, cheguei a uma zona onde consegui descer ao rio, ficando mesmo na saída do primeiro açude. O local pareceu-me o ideal para dar uma ou duas trutas. Passei por cima de algumas pedras dentro de água e tentei chegar o mais possível à parte central da corrente. Primeiro lançamento largo para o centro da corrente principal, e levo o que me pareceu um toque, logo quando a amostra caiu na água. Segundo lançamento para o mesmo local, a amostra cai na água, começo a recuperar e de repente sinto um puxão na linha. Cravo e lá ao longe, vejo uma boa truta a saltar fora de água. Levanto a cana e tento-a trabalhar o melhor possível. Entretanto, ela não facilita nada e tenta aproveitar a corrente para se meter debaixo de alguma pedra. Mantenho a tensão ao máximo e tento arrastá-la para mim. Ela continua a enrolar-se e a fugir para a corrente. Andamos nisto dois minutos, até que a truta começou a demonstrar algum cansaço. Mal vi que a situação me estava a favorecer, apliquei mais força e trouxe-a até aos meus pés. De forma lenta, deitei-lhe a mão e coloquei-a a salvo de tentações 🙂 . Tinha tirado um lindo exemplar do Lima … com 29 centímetros.
Estava a tentar descravar a truta quando olho para baixo e vejo a água a tentar subir-me pelas botas. Entretanto, olho para a frente e vejo também a água do açude a crescer. Uma rápida corrida para a margem e situação resolvida. Touvedo tinha começado a bombar!! Mais uma vez, a estragar-me a pesca. Não perdi a truta com a festa, mas notei logo que as condições de pesca iriam estar mais difíceis.
Mesmo assim, ainda forcei o andamento no açude para ver se saía mais alguma coisa. Tive mais dois toques e só consegui capturar uma truta de pequeno tamanho numa pequena corrente mais encostada à minha margem. As outras deviam estar coladas ao fundo com o aumento da corrente e o arrefecimento da água.
Apesar deste cenário, ainda tentei ir mais para montante, mas o mato não permitia. Perante isto, tive que voltar para a praia, onde já se encontrava a salva-vidas (feminina) que controla uma pequena lagoa natural mantida com água do rio. Também se viam as primeiras pessoas a passear. Comecei a fazer contas de cabeça sobre outros possíveis locais, mas resolvi ficar ali. Sem me importar, resolvi bater o canal de acesso à lagoa e a própria lagoa onde o pessoal tomava banho. Nunca se sabia o que podia ali andar. Ainda vi alguns barbos no canal e havia alguma actividade na lagoa (pelo aspecto deviam ser escalos). Nada mexeu atrás da amostra.
Terminado este troço, meti-me no rio para montante outra vez, a fazer o resto da praia. Para pescar alternei entre a Mepps Aglia nº1 e a Mepps Aglia Nº3 de 18 gramas, alternando também de fios, entre o 0,12 e o 0,18. Foi basicamente coar água durante duas horas. À excepção de um sável ou de uma savelha de kilo que deu sinal à entrada de um poço profundo, nada mais mexeu durante todo este tempo. O rio foi batido praticamente ao milímetro nesta zona, e para evitar perder a colher mais pesada, tive que acelerar a recuperação ou levantar a cana muitas vezes. A proliferação de algas e a baixa profundidade não ajudavam muito.
Enfim, mesmo com poucos resultados práticos, gostei de bater esta zona. Existem locais com bom potencial e certamente que com condições melhores de água, poderão ser produtivos. Não é um dos meus locais de eleição, mas pode ser uma opção para uma sessão de pesca mais relaxada.
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