Finais de Abril de 2014. Dia de pesca em companhia do Torres e do Cândido Lamas. O detentor dos direitos de pesca (amigo Torres) preparou a pescaria com a devida antecedência e como tal nada falhou quando chegou o dia. Tínhamos que estar no local às 6 horas da manhã e assim foi, depois de uma viagem com chuva e algumas paragens e peripécias pelo caminho.
Mal chegamos ao local, deparamos com um cenário prometedor. Dia nublado, vento fraco e ameaça de chuva. Não se via movimentação de peixe à superfície, mas isso também não era motivo para preocupação. O nível da água não era o mais adequado, mas pareceu-nos mesmo assim apresentar potencial para algumas capturas.
Enfim, sem mais demoras, começamos a bater água. Todos equipados com canas grandes, fio grossos e colheres de nº3 para cima. Era preciso tentar evitar perder muitas colheres, numa tentativa de equilíbrio entre deixar afundar o máximo possível e não bater no fundo.
A primeira hora de pesca passou sem novidades. Coamos água até mais não para chegarmos à conclusão de que no local onde estávamos, as trutas estavam coladas ao fundo ou então nem sequer lá estavam. Perante esta evidência, começamos a ponderar a mudança. Eu e o Torres resolvemos passar para a encosta do outro lado, à procura de alguma truta que estivesse mais perto da margem. Lanço o mais longe possível, começo a recuperar e cravo a primeira truta do dia. Ela lá dá a luta do costume, mas com fio grosso e cana comprida, foi conduzida rapidamente à minha margem. Com muita pedra partida e escorregadia do meu lado e estando eu três metros acima do nível da água, tive que levantar a truta a peso. O Torres estava perto de mim, mesmo no meu direito. Levanto a truta, ela continua a debater-se de forma endiabrada, estou para pousá-la e descrava-se de repente, começando a saltar pelas pedras abaixo. Eu tento agarrá-la, ela foge-me e vai na direcção do Torres. Ainda disse “Agarra Torres!!” … Tá bem, tá! Ele tava com tanto medo de escorregar, que nem se mexeu. A truta passou-lhe mesmo aos pés e foi direitinha para a água. Foi “catch and release” de primeira ordem para uma boa truta de cerca de 34 centímetros.
Com esta peripécia que ainda deu que falar durante um bom bocado, avançamos mais para jusante. Sempre a coar água. O Torres fez a margem toda enquanto eu e o Cândido pegamos no carro e fomos apanhá-lo mais à frente. Entretanto, aproveitando a espera pelo Torres, resolvi descer a margem e tentar a minha sorte num buraco fundo. Ali havia uma entrada de água e um bom desnível na margem. Podia ser um local para uma boa truta.
Fiz o primeiro lançamento e nada. Segundo lançamento e nada. Terceiro lançamento paralelo à margem, começo a recuperar e a linha anda de lado. Cravo instintivamente e do outro lado, sinto força qb, mas sem muitas cabeçadas. Pareceu-me lucioperca. Lá fui arrastando e quando a amostra chegou à minha beira, vejo uma truta e ela arranca com força. Era um bom bicho. Comecei a trabalhá-la e a evitar que se enrodilhasse nos paus da margem. Entretanto, aproveitei também para sacar o camaroeiro. Com mais 7 ou 8 tentativas, lá a consegui por do meu lado. Uma linda truta com 40 centímetros. Umas cores espectaculares!!
Depois desta captura, a motivação aumentou e começamos a carburar a um nível mais elevado. Ainda fizemos mais 4 quilómetros de margem até começar a chover a sério e a fome apertar. Tivemos dois ou três toques pontuais, mas nada de picadelas a sério. Não nos pareceu que as trutas estivessem bastante activas. Tínhamos que voltar para o carro e atestar o estômago.
Depois de comer qualquer coisa, resolvemos ir bater um troço mais a jusante. Era um troço muito curto, mas prometedor por ter uma forte inclinação e algumas saídas de água. Eu fiquei com um canto, o Cândido com o outro e o Torres com outro. Tudo para uma sessão de no máximo 40 minutos. O Cândido ainda teve uma boa truta presa, mas não cravou a sério. O Torres não teve nenhum toque e eu lá consegui tirar mais um bom bicho. Lançamento mesmo para um canto com boa inclinação, a amostra cai e antes de começar a recuperar, a truta já estava presa. Com muitos obstáculos dentro de água, a truta deu uma luta bastante interessante. Corrida para a esquerda, corrida para a direita, enrolamentos sucessivos, mas o fio estava a resistir. Não demorou muito até acabar no camaroeiro. Uma linda truta de 42 centímetros.
A truta foi capturada mesmo no final do troço. Portanto, após a captura, foi só levantar o ferro e avançar para a zona seguinte.
Com a chuva a engrossar e o vento a aumentar de intensidade, a pesca tornou-se mais difícil. Mesmo assim, resolvemos avançar para o troço mais longo do dia. Uma zona fácil de andar, mas onde as trutas podem estar, ou não estar, em qualquer lugar.
A sessão da tarde acabou por ser a mais inglória do dia. Foi coar água à força toda durante mais de 4 horas, com a chuva forte puxada a vento a bater na cara e a molhar-nos mesmo com capa. Até metia medo. Em termos de capturas, apenas uma. Uma truta que me calhou em sorte num lançamento paralelo à margem. Um lindo bicho de 32 centímetros.
De resto, nada mais. Não sei se foi o aumento da intensidade do vento ou a baixa de temperatura, mas as trutas deixaram de se ver ou sentir. Era claramente uma situação complicada. Bem insistimos até às 7 horas da noite, mas foi pura perda de tempo. Elas não queriam mesmo.
De qualquer forma, foi bom voltar ao local secreto do Torres, desta vez com muito mais sorte do meu lado. As trutas continuam a estar lá em força …. A ver se ainda lá fazemos mais uma pescaria antes do final do ano …
O que é preciso é manter o local secreto … segundo o amigo Torres 🙂 🙂
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