Com o Torres por outras terras, ficam os amigos para lhe guardar as trutas nos locais secretos. Elas bem que têm saudades dele, mas a gente vai-as mantendo animadas até que ele um dia se decida a voltar para ambientes mais frios.
Assim, e chegado a meados de Abril, eu resolvi visitar um dos locais secretos do Torres que ele deseja que se mantenham secretos. O dia até estava promissor, com chuva qb, e como tal fiz-me à estrada para tentar chegar ao local de pesca por volta das 7 horas da manhã, que era a hora ideal para começar a bater. Ia utilizar o equipamento de heavy spinning e a minha ideia era começar a bater num cotovelo bastante alargado da massa de água, onde eu sabia que as trutas encostavam a comer, especialmente se existisse corrente. O problema foi que quando lá cheguei, não havia corrente.
Mesmo assim não esmoreci e comecei a lançar para a outra margem, mal desci a ravina de pedras escorregadias. Primeiro lançamento, nada. Segundo lançamento, nada. Terceiro lançamento, vejo um leve movimento à superfície do outro lado, quando a amostra estava a chegar aos meus pés. Lançamento para o local onde vi movimento, começo a recuperar e quando a amostra passa mesmo no local, sinto um puxão na linha e cravo uma truta. Lá a puxo com calma e trago-a sem novidade até à minha mão. Media cerca de 25 centímetros e libertei-a sem foto. Enfim, lá foi, não sem que antes uns pescadores manhosos parassem sobre a ponte para ver a captura. Estiveram ali 5 minutos, mas depois andaram.
Com a chuva a engrossar e algumas linhas de água a começarem a correr, pensei que a pescaria ia animar. Bem que me enganei! A minha decisão de ir para jusante tinha sido pura perda de tempo, pois nem toque, nem sinal de truta.
Com falta de animação, resolvi voltar para trás e quando estava a caminhar vi o mesmo carro dos tais pescadores sobre a ponte. Estavam a preparar-se para descer e ir para montante, tampando completamente a minha pescaria nesse sentido.
Como para manhoso, manhoso e meio, resolvi pegar no carro e entrei cerca de 500 metros à frente numa zona onde lhes tapava os melhores sítios. Foi certinho. Mal entrei, numa zona de regolfo, lanço para a outra margem, começo a recuperar e sinto uma cravadela. A amostra nem arrancou. Levantei a cana, trabalhei a truta e em pouco menos de 2 minutos, que a margem era pouco inclinada, pus uma linda truta de 34 centímetros ao meu alcance.
Estava a acabar de tirar as fotos e vejo a concorrência a dobrar a esquina. Mais um lançamento para o mesmo local, mas ligeiramente para jusante, começo a recuperar e outra cravadela junto à margem de lá. Trabalho a truta com calma, ela ainda salta fora de água duas vezes e os artistas a apreciar o andamento. Em pouco menos de 2 minutos, também já estava do lado de cá. Mais uma linda truta castanha com 29 centímetros.
Como era de esperar, os artistas lá foram encostando rapidamente e eu sempre grande espaço de manobra, fiz mais dois ou três lançamentos e mudei logo de sítio. Aquela zona já estava bem tapada!!
Peguei no carro e fui direitinho a uma saída de uma linha de água que bem conheço. Mal cheguei vejo uns indivíduos à amostra, mas ainda longe do local que eu queria. Avancei direitinho ao local. Primeiro lançamento, cravo uma truta mal a amostra cai na água, começo a trabalhá-la e ela solta-se. Segundo lançamento, cravo uma truta nitidamente com mais de 40 centímetros, ela arranca pelo meio da erva, eu levanto a cana o máximo possível, mas ela não parava. Lá a fui tentando por a jeito, mas de repente solta-se. Fiquei logo arrumado para canto. Dois lançamentos, duas cravadelas, nenhuma captura, num espaço com cerca de 30 metros. Estava tudo dito. Volta a pegar na trouxa e toca para outro lado.
Já com o frio a apertar e mais do que molhado, entrei numa zona de areia fina com saída de outra linha de água. Estou eu a descer e vejo um peixe bastante grande a saltar a 40 metro de mim. Fiquei sem saber o que era e comecei a bater. Quando chego à zona da linha de água e começo a tirar a amostra fora de água, vejo um bicho de mais de dois kilos a olhar para mim. Uma grande truta com umas pintas enormes. Estava claramente a mirar-me.
Seguidamente espanquei a zona durante mais de uma hora. Tentei de tudo o que tinha no colete. Apenas consegui um toque na Kali Alaska de 25 gramas, mas não cravou. Deve-a ter afastado com a cabeça!!
Enfim, depois de tanta insistência, frio e fome, resolvi fechar o tasco e deixar as trutas do Torres em paz. Afinal, elas estão-se a guardar para quando ele voltar e eu não quero estragar-lhe a festa.
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