Neiva em Ardegão – Selva com trutas.

Neiva em Ardegão – Selva com trutas.




Quinta-feira (feriado), dia 10 de Junho de 2010. Dia de chuva leve a reflectir uma semana marcada por alguma pluviosidade. Portanto, as condições prometiam uma boa jornada às trutas. No entanto, e como no dia anterior estive a trabalhar até ao final da noite, não tive a mínima oportunidade para planear a minha jornada de pesca. Fiquei a pernoitar pelo Porto, e por volta das 8 horas da manhã, fiz-me à estrada à procura de inspiração. A meio da A28, e depois de muito reflectir sobre as condições climatéricas e fluviais de alguns dos nossos rios, resolvi avançar para o Neiva. Primeira paragem da manhã ia ser na Ponte de Ardegão.

Este era um local onde já tinha estado há dois ou três anos e na altura deu poucos resultados. Mesmo assim, achei que valia a pena passar por lá. Cheguei por volta das 9 h30, parei o carro junto à Ponte e analisei as condições do caudal. Devido à pouca chuva, o caudal estava práticamente inalterado e notava-se apenas algum ascendente de nutrientes em áreas especificas. Portanto, achei que não valia pena pescar pesado e mantive o material de light spinning que já vinha das pescarias da semana passada. Rápidamente me preparei e decidi avançar para montante pela margem esquerda. O tempo nublado ajudava a cobrir a minha silhueta do olhar aguçado das trutas.

Os primeiros lançamentos foram realizados na proximidade da ponte e como tal beneficiaram de algumas abertas nas margens, em termos de cobertura vegetal. Comecei a visualizar os primeiros escalos e algumas pequenas trutas que seguiam a colher com alguma cautela. Já encostado à Ponte, e num lançamento para jusante a cruzar o rio, consigo ter o primeiro toque sério de uma truta que devia medir cerca de 21 cm. Com a recuperação bastante lenta, a truta deu uma pequena mordidela na amostra. Nada de grave 🙂

Entretanto, fui-me afastando da Ponte e começaram a surgir os primeiros aguaceiros intermitentes. A intensidade não era muita, mas ajudava ainda mais a disfarçar a minha presença nas margens. Com alguma calma, fui procurando os buracos mais promissores entre a vegetação da margem para realizar alguns lançamentos. Fui notando que á medida que avançava, os buracos se tornavam mais raros e as margens mais altas. Numa entrada mais favorável, consigo empoleirar-me num tronco de uma árvore e realizar um lançamento de 10 metros para montante. A colher andou um metro e foi imediatamente colhida por uma truta com uma boa pancada. Duas ou três piruetas fora de água e rápidamente a pus ao alcance das minhas mãos (foto). Apesar de ser pequena, era um peixe com uma beleza singular e metalizada. Rápidamente tirei a foto e devolvi-a imediatamente à água. 

Animado por este primeiro sinal positivo, persisti para montante. O problema foi a selva com que me deparei nas duas margens 🙁 Cheguei a andar cerca de 700 metros sem realizar um lançamento, tal era a cobertura vegetal e a inclinação e altura das margens. Era práticamente impossível pescar e eu estava era a realizar uma caminhada por trilho fluvial! Bem, não tardou muito! Passado 1h30 de pesca, resolvi por um ponto final à minha expedição em Ardegão e mudei rápidamente de sitio.

No global, fiquei com a sensação de que existem bons exemplares nesta zona e de que estão bem guardados. A dureza das margens e a sua cobertura vegetal nesta época do ano são adversários formidáveis para a acção dos pescadores (especialmente ao spinning) e permitem que muitas trutas de bom tamanho sobrevivam sem grandes stresses. O dia era promissor, mas no local onde me encontrava os efeitos não eram muito visiveis. A chuva caída não tinha sido suficiente para turvar as águas e trazer as trutas de maior tamanho para as áreas centrais de alimentação. Havia que mudar para zonas desimpedidas e com maior caudal. Foi o que fiz!

Related Posts with Thumbnails


Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.