Dia 1 de Abril de 2011 … dia de abertura às trutas nas Barragens do Gerês. Depois de um mês de marcações e desmarcações, conseguimos formar equipa ganhadora para atacar o nosso local de eleição: Paradela do Rio. Os habituais já estavam mais do que confirmados (eu e o Engº José Pintalhão) e o Prof. Arlindo Cunha, depois de muita negociação, lá conseguiu arrancar a manhã para se juntar a nós.
Com hora marcada para as 6h45, junto à entrada do Rio Cávado na Barragem de Paradela, cedo me apercebi que tinha arrancado tarde de casa. Portanto, tive que acelerar o passo para chegar ao local com pelo menos 10 minutos de atraso. Isto não passou em branco, pois o Engº José Pintalhão não se fez rogado para me ligar nos últimos minutos de viagem … a perguntar como era! De facto, eu próprio não estava nada satisfeito com o atraso, pois já sabia que as melhores possibilidades de realizar uma boa pescaria estaria ao alcance de quem passasse primeiro pelos locais mais propícios para as trutas.
Eram 6h55 quando cheguei perto da zona do Cávado e então comecei a ver os primeiros carros parados nas margens. Senti a vida a andar para trás! Um já estava parado junto à queda de água do Cávado, de certeza para pescar à minhoca e outro, com matrícula espanhola, estava na outra margem e os pescadores encetavam os preparativos para a jornada. Pareceu-me pessoal do spinning, mas não tive a certeza. Rapidamente cheguei ao local onde se encontravam o Engº José Pintalhão e o Prof. Arlindo Cunha e comecei logo a agitar as hostes. Tínhamos que nos mexer, pois rapidamente iríamos perder a vantagem de sermos os primeiros.
Enquanto o Prof. Arlindo Cunha com muita calma montava a sua cana e seleccionava as amostras, eu e o amigo Zé delineamos a estratégia inicial. Eu iria descer a vertente perto do Cávado e iria pescar no sentido da Ribeira de Pitões das Júnias. Por sua vez, o Prof. Arlindo Cunha e o Engº José Pintalhão iam atacar directamente a saída do Ribeiro de Pitões das Júnias, avançando depois no sentido do Rio Cávado. Algures a meio, tínhamos que nos encontrar.
Armado com a minha cana de 1,8 metros, fio 0,18 da Fendreel e Storm WildEye de 9 cm, avancei para a Barragem. Os primeiros lançamentos foram realizados numa pequena baia com areia escura no fundo. Parecia o local ideal para tirar uma truta, mas nada vi atrás do Storm. Existiam algumas zonas mais profundas onde o Storm não estava a trabalhar como eu pretendia e passados 3 minutos troquei-o por uma Mepps Aglia Longcast nº 3 de cor dourada. Foi uma boa escolha!! Ao segundo lançamento, tiro a primeira truta do dia. Com a colher quase a chegar à minha margem, sinto um toque forte, a truta salta fora de água e eu dou um esticão com força na linha. A truta estava bem cravada e o fio era novo, portanto não tive grande dificuldade em pô-la rapidamente ao meu alcance. Já cá cantava uma beleza de 24 cm para iniciar o dia!!
Com esta captura, o ânimo subiu e comecei lentamente a caminhar na direcção da saída do rio Cávado. A corrente do rio devia criar alguns bons locais para estarem algumas trutas emboscadas. Fui palmilhando a área com alguma calma e ainda senti um toque. Mas rapidamente tive que mudar de direcção, pois comecei a ouvir o ruído de gente a conversar e de lançamentos sucessivos. Já estava alguém a vir no meu sentido e portanto, inverti a minha marcha no sentido oposto, que era aquele tinha sido combinado com os meus companheiros de pesca. Ainda tive a oportunidade de ver a concorrência … dois espanhóis a pescarem ao spinning … 🙂 Não podia facilitar!!
De modo, a colocar-me numa posição favorável abdiquei de pescar numa zona de grande declive e pedra solta. Com base na experiência de anos anteriores, sabia que por ali era raro encontrar peixe, por isso avancei para algumas baías com fundo de areia onde eu sabia que valia claramente a pena insistir. Esta manobra permitiu-me meter alguns metros entre mim (200 metros) e os pescadores que vinham no meu encalço, garantindo que eu teria o tempo suficiente para pescar com calma nos locais mais produtivos.
Cheguei então á primeira baía e vi os primeiros peixes a mosquear. Ainda indeciso sobre se eram trutas ou escalos fui trocando de amostra: rapala, Mepps Aglia nº 1 e Storm. Ainda senti um toque, mas nada de significativo. Fiquei com a impressão de que eram escalos. Depois de alguma insistência, cheguei ao final da baía e entrei numa zona com maior profundidade … voltei a meter a Mepps Aglia Longcast. Realizo um lançamento paralelo à margem, começo a recuperar e passados 10 metros de recuperação, sinto uma pancada forte na linha … levanto os olhos e vejo uma truta a saltar fora de água com uma violência brutal e a amostra a ser cuspida na direcção oposta! Que grande truta …. tinha pelo menos 30 cm e não cravou …Depois de uma pancada daquelas até parecia impossível. Bem, o assunto não podia ficar assim, mudei de amostra outra vez ….meti o Storm WildEye de 6cm.
Passados 5 minutos, chego a uma pequena entrada na barragem e vejo os meus colegas de pesca já perto e a concorrência do outro lado … em perseguição :). Lanço o storm, começo a recuperar e a meio mais uma pancada … a truta arranca para o fundo com o Storm e eu cravo com força. Como tinha cerca de 23 cm não me custou muito a dominá-la. Tinha sido cravada na parte lateral externa da mandíbula e era mais um lindo exemplar prateado de Paradela.
Com esta captura cheguei perto dos meus companheiros de pesca e as novidades eram boas. O Prof. Arlindo já tinha tirado uma boa truta de 26 cm e o amigo Zé tinha facturado outra de 23 cm. Já todos tínhamos tido alguma acção e portanto impunha-se cruzar a ribeira de Pitões das Júnias para o outro lado. Como ainda não se tinha visto ninguém do outro lado, essa parecia a estratégia mais racional. Enquanto estávamos na mudança, ainda tive a oportunidade de ver o Prof. Arlindo Cunha a tirar uma truta de quase 40 cm com um rapala. Este facto foi alvo de uma enorme satisfação e gerou logo uma sessão de fotos privada (à qual não tivemos acesso). Depois de muita insistência, o belo exemplar mordeu numa zona de grande declive.
Animado por esta captura, passamos para o outro lado da Ribeira e voltei à Mepps Aglia Longcast. Primeiros lançamentos a explorar a margem ainda virgem e num lançamento paralelo, sinto uma boa cravadela e a truta ficou. Comecei a trabalhá-la com força para evitar que se prendesse nas pedras e rapidamente a trouxe até á mão. Não deu muita luta, porque estava bem cravada. Era mais um bonito exemplar de 27 cm.
Entretanto, o bem bom de margens virgens começou a esvanecer-se quando vi um pescador solitário ao spinning a encaminhar-se no meu sentido. Senti que por ali as coisas já estariam complicadas, mas não desanimei. Meti á conversa com ele, vi que tinha tirado duas trutas e uma com cerca de um kilo. Era um bonito exemplar. Apesar de achar que a pescaria estaria mais difícil a partir daquele momento, resolvi avançar para o local de onde o pescador vinha. Podia ser que estivesse escapado alguma truta à sua amostra …
Para atacar o troço final, apostei no Storm. Iria basicamente bater uma reentrância de rocha e areia para dentro da barragem. Claramente um bom sitio para tirar grandes exemplares. Bem insisti nas áreas mais prometedoras e ainda cheguei a ver uma boa truta. Numa ponta mais saliente levei um toque que me pareceu de uma grande truta, mas não consegui confirmar. Tanto insisti que nem dei pelas horas a passar. Inesperadamente, toca o telefone e vejo que era o amigo Zé a realizar a convocatória para o petisco. E foi mesmo na hora “H” … Olho para baixo da pedra onde me encontrava e vejo 6 trutas pequenas a nadarem calmamente e uma maior a andar de um lado para o outro. De repente, a maior afasta-se … meto a Mepps nº 1, lançamento para onde eu esperava que a truta estivesse e cravadela imediata … excelente truta e muito bravia. Bem saltou fora de água, mas não teve hipótese. Rapidamente, consegui pô-la ao meu alcance … mais uma bela truta de 26 cm.
Com este sucesso final, dei a manhã por terminada depois de ter tirado 4 trutas. Fiz-me ao caminho, tendo encontrado os meus companheiros passados 20 minutos. Já estavam todos bem vestidos e preparados para outras aventuras que nada tinham a ver com a pesca :). Entretanto, a pescaria pouco tinha evoluído para os meus parceiros. Efectivamente, não tinha saído mais nenhuma truta, desde a última captura do Prof. Arlindo Cunha. Havia que passar à fase seguinte que era o petisco.
Pegamos nos carros, avançamos para um local reservado e ali metemos mãos á obra para atacar bola de carne, bacalhau frito e fígado de cebolada. Para assentar tudo isto, ainda comemos umas boas fatias de fogaça de Santa Maria da Feira. A conversa, como já se esperava, andou entre as trutas capturadas, as pescarias dos nossos amigos de Pisões e a marcação de novas aventuras. Claramente satisfeitos, tínhamos cumprido a nossa tradição, desfrutando de uma manhã inesquecível atrás das trutas de Paradela do Rio. Era pena que os meus companheiros não tivessem disponibilidade para continuar, mas eu não os ia desapontar e iria continuar com a faina 🙂 Ainda havia muito por fazer …

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