Dia 1 de Abril de 2013. Eram 4h30 da manhã e já estava a pé. Tinha chegado o dia da abertura da pesca às trutas nas Barragens do Gerês. Depois de ter combinado com o Ricardo alguns dias antes, já estava na posse da licença para pescar na Barragem do Alto Cávado (Sezelhe). Portanto, iria realizar a abertura num local novo para mim, pois normalmente atacava Paradela do Rio ou Pisões.
Apesar de acordar cedo, perdi algum tempo nos preparativos e como tal fiz-me à estrada um pouco tarde. Este atraso acabou por se repercutir no tempo de chegada à Barragem do Alto Cávado. Cheguei apenas às 7h10 da manhã e deparei com um cenário verdadeiramente impressionante e assustador. Centenas de pescadores e de carros à volta da Barragem. O espaço para pescar era diminuto e os pescadores mantinham-se sobretudo firmes na sua posição. Fiquei logo desorientado 🙂 🙂 Era muito feira para um pescador de trutas típico!!
Enfim, lá saí do carro a muito custo, pois cá fora estava um frio puxado a vento e dei logo de caras com o Ricardo que vinha com uma boa truta de 27 centímetros metida dentro do camaroeiro. A faina estava a correr bem, pois ele já tinha tirado 4 ou 5 trutas. Fiquei logo entusiasmado e peguei no material de spinning versão light; cana de 1,8 metros, linha 0,12 e amostra Mepps Aglia nº1. No entanto, mal me equipei não vi espaço para pescar. Resolvi percorrer a margem direita. Grande engano!! Era perder tempo. Ainda fui até ao muro da barragem, só para ver cerca de 200 pescadores às voltas, a tirar licenças, a preparar brasas, a lançar canas … enfim, um cenário inexplicável. Cheguei quase a perder a vontade de pescar!!
Mas não esmoreci. Voltei ao local de partida e tentei meter-me em dois buracos entre arbustos que não estavam a ser aproveitados. Ali só podia lançar à fisga. Tinha que ser, até porque quando cheguei o Ricardo e o Tiago tinham-me informado que a contagem deles já ia a chegar à dezena. Primeiro lançamento, um toque. Segundo lançamento, cravo a primeira truta. Ela dá uma boa luta, tenta meter-se nos ramos, mas consigo colocá-la nas minhas mãos. Olho para o exemplar e verifico que as extremidades da cauda são excessivamente arredondadas. Era uma truta de repovoamento. Bem … para o cesto. Com 27 centímetros era já um exemplar razoável.
Com esta captura, fiquei a pensar que efectivamente eu deveria estar perante uma largada de trutas. Facto que se confirmou mais tarde quando falei com outros pescadores. Segundo os relatos que me chegaram, tinha sido realizado um repovoamento com cerca de 3000 exemplares para a abertura. Um número que me pareceu elevadíssimo e com enorme potencial para destabilizar uma massa de água. Espero é que as características genéticas destas trutas tenham sido controladas de modo a evitar a deterioração do património truteiro desta zona do Cávado. Não sei se as autoridades competentes fiscalizaram este aspecto …
Bem, depois desta primeira captura, e sem sair do mesmo sítio, estive a tirar trutas durante mais uma hora. Tirei 6 trutas, sempre a lançar no mesmo local. As trutas estavam em cardume e tinham-se congregados todas na saída de água da Barragem. Nos primeiros lançamentos, ou levava toque ou tirava truta, e do outro lado da Barragem, estavam uns indivíduos à minhoca a tirar trutas de forma consistente. Todas com o mesmo tamanho!!
Uma hora foi o suficiente para me cansar e depois voltei a ver se havia possibilidade de pescar noutro local. O frio estava a apertar e apetecia-me mexer. Lá voltei a trilhar a margem direita. Fiz mais de dois quilómetros para montante. Os locais de pesca eram mais difíceis e eu pensei que a pesca por ali ainda fosse mais rentável, mas enganei-me. Muito pescador desapontado e mesmo em sítios espectaculares e de difícil acesso, não consegui tirar, nem sentir nenhuma truta. Tanto andei que me cansei outra vez.
Resolvi voltar ao muro. Por ali continuavam a sair trutas, mas o único sítio disponível era mesmo o muro da barragem. Pois nem perdi tempo. Lançamento junto ao muro, a amostra começa a rodar e sinto um toque de uma boa truta. Outro lançamento para o mesmo local, e mais um toque, mas desta vez cravo bem. A truta ainda tentou fugir, mas não tinha hipótese. Cansei-a durante dois minutos e quando já estava a jeito, levantei-a peso com o 0,12. Foi preciso algum cuidado, mas rapidamente chegou às minhas mãos. Outra truta de 27 centímetros. Ainda insisti no muro, mas só tive mais uns toques. Quem estava a ter sorte, era quem estava lá em baixo. Até porque o vento forte e frio não ajudava nada à pesca desde as alturas.
Mais uma vez sem grandes opções, voltei ao local de partida. Ali continuava-se a tirar peixe, e um dos locais onde estavam uns pescadores à minhoca tinha ficado livre. Fui direitinho para lá. Já eram 12h30 e o almoço era às 13 horas. Meti o rapala CD-3 RT no fio e comecei a lançar. Em cada 5 lançamentos, tinha um toque ou uma cravadela. Assim, e em meia hora, tirei mais 5 trutas. Era uma fartura e não faltavam emoções até porque algumas delas ainda davam uma luta bastante razoável.
Com o estômago a dar horas, resolvi reunir com o resto do pessoal para o petisco, até porque já estavam à minha espera. Foram momentos bastante agradáveis os que se seguiram. Abrigados do frio, aproveitamos para nos conhecer melhor e para trocar algumas impressões sobre técnicas de pesca e material.
O relatório de capturas também foi feito e o campeão foi o Ivo com cerca de 40 trutas. Ele até perdeu a conta. Todas tiradas com colher e rapala, e sem andar muito. O maior exemplar também lhe saiu a ele e aparece aqui nesta foto nas mãos do Ricardo. 40 centímetros de truta que nos pareceu indígena … a única que capturamos!!
Enfim, no global, foi uma sessão interessante pela novidade e pelo número de capturas que proporcionou. Não era bem o desafio que estava à espera em termos de dificuldade, mas viveram-se momentos interessantes de pesca e sobretudo de convívio. Aliás, chegamos mesmo à conclusão de não iríamos continuar ali depois do almoço. Precisávamos de um desafio mais ao nosso nível e como tal, decidimos rumar aos Pisões. Ali as coisas deveriam ser mais complicadas … e foram mesmo 🙂 🙂
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