Como pode ser fácil apanhar trutas … ou talvez não!!

Como pode ser fácil apanhar trutas … ou talvez não!!




Toda a gente sabe como os americanos gostam de armar a barraca com qualquer tipo de tema e especialmente se existir a possibilidade de fazer um bom vídeo com a cena. Desta vez, e na sequência de uma breve pesquisa na Internet, encontramos um vídeo de uma pescaria às trutas bastante caricata e realizada em muito pouco tempo. Um artista decide mergulhar dentro de uma charca e apanha uma truta arco-íris de cerca de 40 ou 50 centímetros destinada a servir de repasto para a família. A mulher dele faz o pedido e também grava o vídeo.

A cena é caricata e no mínimo faz-nos rir um pouco pelo ridículo da situação. Como podem observar, a qualidade do vídeo não é muito boa e claramente que estamos perante um paródia em que a truta já devia estar meia morta quando foi apanhada, ou então, o vídeo foi cortado e tiveram que andar à procura de uma truta para meter na mão do artista quando ele sai da água. Para confirmarem o que se passou, basta visualizarem o vídeo abaixo:


Independentemente do carácter cómico desta cena, todos nós sabemos que é possível apanhar trutas à mão em cursos de água. Não em menos de um minuto, mas com algum tempo, e perante determinadas circunstâncias, é possível fazer boas limpezas em determinadas zonas dos rios e com exemplares de bom tamanho. A técnica já me foi bem explicada, mas, como devem compreender, por razões óbvias não a vou relatar neste site.

Truta arco-iris Serra da Estrela

O que me importa aqui é salientar que este tipo de abordagem à pesca à truta é completamente ilegal e nada tem de desportivo. Infelizmente, muitos furtivos ainda recorrem a este tipo de técnicas, especialmente durante o Verão, que é quando as trutas têm menos locais para se refugiar, devido à diminuição severa dos caudais. Imagino que esta situação seja bastante difícil de controlar pelas autoridades, pois muitas vezes só se consegue provar o delito se os artistas forem apanhados em flagrante, o que implica uma vigilância super activa, de modo a estar no local certo à hora certa. Assim, e como essa vigilância não existe ou é nula, a nossa única hipótese é tentar prevenir através de uma maior informação das populações rurais, tentando explicar que o valor económico de uma truta viva para as populações ribeirinhas é muito superior ao de uma truta morta. Uma truta morta vale apenas o seu peso ao preço de mercado, enquanto uma truta viva vale alojamentos nos hóteis, refeições no restaurantes, vendas nos comércios locais, licenças de pesca nos concessionários, despesas em combustíveis, etc. Ou seja, estamos a falar de uma diferença abismal.

Finalmente, uma última nota, e já que estamos a falar de furtivismo, vai para a pesca submarina realizada nos grandes poços de alguns rios e nas barragens. Esta é uma prática totalmente ilegal destinada a capturar grandes exemplares de trutas que não têm capacidade para fugir de forma definitiva, pois o seu habitat é limitado. Ao longo dos anos, tenho recebido vários relatos sobre grandes exemplares de trutas capturados com armas de caça submarina em zonas muito específicas do nosso país. Esta prática nada tem de desportiva e apenas se destina a fazer “carne”, ou neste caso, “peixe”. Mais uma vez, as autoridades têm enorme dificuldade em controlar este tipo de situação, e teremos que ser nós a denunciá-la quando a presenciarmos ou ouvirmos relatos que identifiquem o autor.

No global, importa desenvolver uma consciência mais activa sobre as questões envolvidas na pesca desportiva das trutas. Apesar do caracter cómico de apanhar trutas à mão ou com qualquer outro meio, é preciso perceber qual o impacto que este tipo de exemplos tem sobre o comportamento das pessoas no futuro. Neste momento, só é permitida a pesca à truta com cana, portanto, pesca à mão ou com armas de caça submarina, ou aparelhos similares, estão completamente proibidas.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.