Trovoada e trutas no Rio Côa.

Trovoada e trutas no Rio Côa.

Mais um fim de semana de pesca às trutas em Maio e ainda por cima com expectativas de trovoada. Com o destino marcado para a zona da raia, não haviam muitas dúvidas que ia ter que visitar o rio Côa.

Sábado de manhã, despertei por volta das 7 horas da manhã e às 8h00 já estava em zona critica para montante da Cerdeira do Côa. Com vários cenários na cabeça, não me conseguia decidir sobre o local a pescar. O céu estava claro e as expectativas de trovoada não eram as melhores. Ainda vi algumas nuvens para o lado da Guarda, mas pensei que dali pouco sairia. Enfim, algures antes da Rapoula do Côa, entrei por um caminho de terra e toca a arranjar um lugar perto do rio para estacionar. Mais para montante era escusado continuar, pois certamente que concorrência nacional e internacional não iria faltar. Por ali só andava eu!!

Às 8h30, preparei o material … cana de 1,2 metros, linha 0,12 da Fendreel e rapala CD-3 RT. Iria começar na cabeça de um grande açude, mesmo na saída de uma corrente. Primeiro lançamento nada. Segundo lançamento … inicio a recuperação e zás … uma pancada, linha a sair do carreto e força contínua na cana … tento aliviar o travão do carreto … o peixe continua a levar fio. A linha não parecia estar nem perto do limite, mas de repente solta-se tudo e nada! O peixe tinha partido a linha … Fiquei cego! Logo no segundo lançamento do dia podia ter arrancado em grande com a pescaria. Não fiquei convencido que fosse truta, pois o tipo de arranque pareceu-me mais típico do barbo, mas fiquei sem saber. Que chatice … recuperei a linha … olhei para parte que partiu … rompeu de forma estúpida!! A linha estava podre naquela zona! Eu tinha feito o empate há poucos segundos e tinha verificado que aquele segmento não apresentava problemas externos … foi internamente que ela cedeu!! Enfim, apenas dois meses depois de a ter comprado …

Bem não valia pena chorar sobre o leite derramado. Toca a meter o 0,18 e mais um rapala CD-3. Voltei a bater o mesmo local durante cerca de 20 minutos, mas nada. Tal como era de esperar, o mesmo peixe não queria ser espetado duas vezes. Fui então avançando calmamente para montante. Escolhendo a dedo os locais a bater. Só iria lançar em zonas com o mínimo de profundidade para albergar bons exemplares … o resto iria deixar de lado.

Com esta estratégia em mente, cheguei a um novo açude. Pelas bolhas na superfície da água, verifiquei que ali não faltava actividade mosqueira. Em vez de trutas, fiz logo a conta a algumas dezenas de escalos, pois no ano passado tinha ali tirado alguns ao rapala. Comecei então a bater o açude para montante e a ver vários escalos em actividade normal. Logo numa primeira aberta no rio, consigo realizar um lançamento largo para montante e cravo um escalo, mal o isco entra na água. A mesma luta fraca de sempre e toca a ser transportado pelo rapala direitinho às minhas mãos.  Um típico escalo do Côa.

Animado por esta captura, resolvi dedicar o resto do meu tempo naquele açude a tentar os restantes escalos. Foi claramente uma pesca divertida. Localizá-los, lançar-lhes a cerca de 1 ou 2 metros e vê-los a atacar o rapala com voracidade. Em cerca de 3o minutos, levei mais de 10 bons toques e só consegui tirar mais 2 escalos. Diversão não faltou 🙂 Até me esqueci das trutas.

Entretanto, e com o final do açude, resolvi pescar uma ou duas correntes lentas e profundas e avancei para o açude seguinte. Vislumbrei algumas pegadas  do dia anterior, mas não liguei muita importância. Ao longe, comecei a ouvir os primeiros relâmpagos e senti as nuvens negras a caminharem no meu sentido. Bem … ia continuar e se a coisa apertasse, tinha que me mexer dali para fora.

Com este cenário, cheguei à corrente de entrada no açude. A parte principal da corrente seguia pela margem contrária, onde se encontravam várias árvores frondosas. Realizo um lançamento preciso para debaixo das árvores e mal começo a recuperar, noto algo preso no rapala. Era uma boa trutinha. Bem deu luta, aproveitando a força da corrente, mas com calma foi sendo transportada até à minha mão. Era um lindo exemplar com umas excelentes pintas negras. Media 15 cm e como tal foi libertada rapidamente.

Depois desta captura, animei, mas também a trovoada animou. Os trovões eram seguidos (cada 30 segundos) e cada vez mais a caminharem no meu sentido. Fui apertando o passo e continuei só a focalizar-me nos locais mais interessantes.

Entrei em mais um açude, menor que o anterior, mas bem encravado em zona de vegetação frondosa. Comecei a lançar a 3/4 para montante, procurando cobrir toda a superfície do rio. Logo nos primeiros lançamentos, cravo outra truta de 17 cm que não chegou às minhas mãos. Soltou-se já perto da margem. A trovoada parecia estar a dar resultado!

Avancei mais 15 metros e mais à frente outra cravadela, também num lançamento largo para a outra margem. A truta atacou o rapala a meio do rio e lutou bem, tentando fugir a favor da corrente. Com força (o fio de 0,18 ajudava), encostei-a rapidamente à minha margem e deitei-lhe a mão. Esta já era uma linda truta de 21 cm.

Enquanto estava a apreciar a truta, a trovoada começa a cair sobre mim. Não tive hipótese!! Com as primeiras pingas grossas a tombar, tive que procurar abrigo. Lá consegui meter-me num moinho abandonado e aguentei 20 minutos até o pico da borrasca passar.

Quando a trovoada avançou um pouco mais para os lados de Espanha, resolvi voltar ao carro. Com este tipo de condições meteorológicas, existiam alguns lugares onde eu podia fazer a festa. Era para lá que eu ia 🙂

Para começar o dia, esta primeira tentativa até que não foi má!! Mas só para isso 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.