Mais uma abertura em Pisões – 2012

Mais uma abertura em Pisões – 2012

Mais uma vez tinha chegado o dia dos mentirosos (1 de Abril). Aquilo que para a maioria é um dia normal, para os pescadores de trutas é um dia especial, pois abrem as barragens do Gerês. Com o caos legislativo que grassa por aí, cada vez menos são as barragens onde se pode abrir no dia 1 de Abril, mas de qualquer maneira a tradição é muito forte para se resistir.

Com Paradela do Rio fechada por causa da legislação absurda que regulamenta o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a opção óbvia era avançar sobre a albufeira de Pisões. A maior massa de água do Gerês é sempre uma grande incógnita, não só devido à grande concentração de pescadores e forte pressão de pesca, mas também devido ao comportamento bastante errático das trutas que por lá habitam. Enfim, era escusado pensar muito e como tal, há mais de um mês atrás, já tínhamos tudo planeado. Iríamos atacar a Barragem de Pisões com um grupo de 9 pescadores que se dividiriam em dois grupos; um iria pescar ao corrico de barco, e outro iria pescar desde a margem, ao spinning.

Como de costume, o grupo da Maia (Dr. Manuel Pintalhão, Eng. José Pintalhão, Prof. Arlindo Cunha e eu) arrancou às 4h30 da manhã e às 6h30 já estávamos em Pisões, a comer umas sandochas e a tomar uns cafezitos, para acordar. O pessoal do barco é que nada. Pelo caminho, tínhamos visto muitos carros e já se viam as primeiras luzes nas margens da albufeira. Gente não faltava de certeza.

Por volta das 7h20, conseguimos juntar a gera toda e avançamos para o parque de campismo. Metemos o barco na água, o Dr. Sousa Rodrigues, o Dr. Manuel Oliveira, o Dr. Oliveira Alves, o Eng. José Pintalhão e o Reinaldo ficaram logo por ali. Enquanto que o resto da equipa, mais o Manuel Jorge, resolveu atacar a margem esquerda ao spinning. Em menos de 15 minutos, já nos estávamos a equipar com material de heavy spinning. No meu caso, cana de 2,10 metros, linha 0,22 e mepps aglia nº3 de 18 gramas. O resto da equipa também se ficou pelas colheres número 3 com linhas mais finas e canas mais curtas.

Em menos de 10 minutos, já estávamos a lançar. O sol ainda não tinha aparecido e começamos a pescar por entre um emaranhado de canas que estavam ao fundo. Os primeiros lançamentos saíram com distâncias bastante razoáveis, mas nada. O dia começou a levantar, e de repente saem três trutas de imediato. Uma na cana do Prof. Arlindo Cunha com cerca de 31cm, uma na cana do Dr. Manuel Pintalhão com cerca de 27 cm, que estava a cerca de 100 metros, e outra na cana de um individuo que estava a pescar à bóia. Todas elas arco-iris e todas elas a picar no mesmo minuto.

Escusado será dizer que as hostes animaram de imediato e que todos começamos a pensar que iria ser um dia em grande. O sol apareceu finalmente e fomos nos movimentando lentamente para jusante ao longo da margem esquerda. Escusado será dizer que a densidade de canas ao fundo e à bóia era de tal ordem que nalguns pontos tivemos que avançar mais de 300 metros sem fazer um lançamento. Claramente, que a maioria dos pescadores não respeitou o número de canas que podia utilizar para a pesca à truta, e nalguns casos, havia alguns com 5 e mais canas espalhadas. Enfim, daqueles dias em que a presença da guarda florestal até dava algum jeito 🙂

Bem, o que se seguiu foram mais de 3 horas de andamento até chegar ao muro da barragem. Todos os espaços livres foram batidos, mas nem um toque. Numa situação concreta, cheguei mesmo a entrelaçar a minha linha com uma cana que estava ao fundo, mas o pescador que estava do outro lado era um indivíduo porreiro, e o assunto resolveu-se facilmente. Ainda bem que há gente com bom senso e simpática nestas andanças!!

Os resultados é que não se fizeram sentir. Passamos por vários pescadores e o relatório era sempre o mesmo: poucas trutas. Só encontrei um grupo de 3 pescadores que tinha tirado 5. O resto andava com números muito baixos. Só o vicio é que não desaparecia.

Enfim, depois do primeiro ataque, o grupo do spinning partiu-se. O Dr. Manuel Pintalhão e o Manuel Jorge já não aguentavam mais e resolveram atacar o bar mais próximo, à procura de cervejas frescas. Eu e o Prof. Arlindo Cunha, resolvemos fazer um troço mais para montante, também na margem esquerda. Durante duas horas, batemos exaustivamente a zona, mas sem resultados. Nem sequer se viam trutas atrás do isco. Ainda pensei que talvez um material ultra light poderia ter dado outros resultados, mas o meu carreto com linha 0,12 estava no carro e fora do meu alcance.

Com as 14 horas a chegar e o pessoal a ligar com a fome, tivemos que abandonar a pescaria. O resultado tinha sido de 5 trutas, com 3 a sair de barco e 2 a sair ao spinning. A maior saiu de barco e mediu 40cm, tendo sido tirada pelo Dr. Manuel Oliveira. Quase todas saíram nas primeiras horas da manhã e após o sol bateu na água, nada mais mexeu. Não havia nada a fazer, rumamos a um lugar abrigado e toca a almoçar. Com uns percebes fresquinhos, gambas de primeira qualidade, frango assado pica no chão, chouriço de primeira qualidade, peito de frango frito … entre outras iguarias, a pescaria já estava mais do que feita. Conversa animada, comidinha a rolar e bons momentos de convívio. Foi o que valeu para salvar o dia da abertura.

Em termos de trutas … há que esperar por dias melhores!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.