Últimos 30 minutos de pesca no Rio Âncora

Últimos 30 minutos de pesca no Rio Âncora

Depois de um dia bem passado atrás das trutas e já no regresso a Viana do Castelo, achei que ainda valia a pena fazer uma visitinha ao Rio Âncora. A chuva da semana anterior tinha sido intensa e isso podia ter efeitos positivos sobre o comportamento das trutas. De qualquer forma, estava sempre a contar com o avançando da hora e com a diminuição da luminosidade para conseguir enganar alguma boa truta que andasse mais desprevenida, pois faltava cerca de meia hora para o final do dia.

Com tal restrição temporal, tinha que ser rápido e para obter um máximo efeito, peguei no material de light spinning, com fio 0,12 da Fendreel e Mepps Aglia nº1. Foi uma escolha correcta, porque quando cheguei à água, verifiquei que a mesma estava completamente transparente. A chuva foi suficiente para aumentar o caudal ligeiramente, mas não alterou a cor da água. Perante isto, resolvi pescar da ponte do caminho de ferro para montante. O troço a bater não era muito grande, mas trazia-me boas recordações pela densidade de trutas que possuía no ano passado. Importava verificar até que ponto essa densidade se mantinha!!

Fiquei satisfeito com aquilo que vi. À medida que foram saindo os primeiros lançamentos, comecei a ver as primeiras corridas de trutas de pequeno tamanho e de algumas com um lombo já razoável, mais de 27 centímetros. Estavam bem picadas, pois já olhavam para a colher com alguma suspeição e mantinham a respectiva distância de segurança. No entanto, uma ou outra estavam mais atrevidas.

O cenário nos primeiros 15 minutos de pesca foi sempre o mesmo. Trutas a mexer, corridas atrás da amostra, mas nada de especial. Com o inicio do crepúsculo, a coisa começou a mudar e surgiram os primeiros toques. Num lançamento largo para a outra margem, começo a recuperar, vejo uma silhueta negra atrás da amostra, abre a boca, dá um toque de lado e vira-se para trás. Era uma truta com pelo menos 25 centímetros. Noutro lançamento, outro toque de uma truta mais pequena. Depois num lançamento longo para montante, a meio da recuperação, levo um toque, consigo cravar e tiro a primeira truta. Um lindo exemplar de 15 centímetros que rapidamente devolvi à água.

Truta 15 cm Rio Âncora Março 2013

Depois desta captura, o sol estava já quase a desaparecer e só tive tempo para pescar debaixo da ponte de pedra. Primeiro lançamento para montante, nada. Segundo lançamento, para uma pequena entrada de água, nada. Terceiro lançamento cruzado para a outra margem, começo a recuperar e nada vejo atrás da amostra. De repente, e sem eu perceber como, nem de onde, vejo uma truta a saltar fora de água e instintivamente puxo a cana para trás. A truta sente-se cravada e arranca para montante com uma força inusitada e o carreto começa a cantar. Como estava com 0,12, temi logo pela resistência da linha. Afrouxei o carreto e deixei a truta levar algum fio, mas ela estava completamente tresloucada e não parava de correr. Em três minutos, deu duas voltas ao local onde me encontrava e não parava. Não era muito grande, mas tinha uma força enorme. Tentei sempre levantar a ponta da cana, porque a truta estava constantemente à procura de se raspar no chão ou enrodilhar-se nalgum ramo.

Vendo que o assunto ia ser complicado, saquei de camaroeiro e tentei cansar a truta o mais possível. Ela não deu tréguas logo, mas começou a demonstrar algum cansaço. Lá a fui tentando trazer ao camaroeiro, e depois de 4 tentativas, consegui metê-la lá dentro. Tinha capturado uma brava truta do Âncora com 24 centímetros, que me tinha feito suar para a conseguir capturar.

Truta 24 cm Rio Âncora 2013

Depois desta captura, nem perdi mais tempo a lançar. O sol já tinha desaparecido do horizonte, e resolvi voltar para o carro. Tirar duas trutas naquele local é sempre um acontecimento pela dificuldade e portanto achei que já tinha a minha conta. Fiquei imensamente satisfeito por ver que a boa densidade de trutas se mantém naquele local e assim que tiver mais uma oportunidade, ou apanhar um dia de chuva valente, voltarei para mais uma visita.

Já tinha saudades do Âncora 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.