Duas boas horas de sombra no Rio Coura

Duas boas horas de sombra no Rio Coura




Depois de uma manhã que rendeu uma truta de 40 centímetros no Rio Coura, resolvi manter-me na mesma zona, mas adoptando uma estratégia diferente. Com o dia a clarear e a temperatura a aumentar, decidi que valia a pena entrar num troço do Coura onde a densidade de folhagem é considerável. Isto poderia ser uma estratégia promissora, não só devido à sombra que potencia temperaturas mais frescas para as trutas se movimentarem, mas também à presença de insectos que normalmente é mais elevada neste tipo de locais.

Para atacar este local, mantive a cana de 1,8 metros, mas troquei o fio 0,18 pelo 0,12 e meti uma Mepps Aglia nº1. Iria tentar mexer todas as trutas da zona. O local escolhido? Troço para montante do parque de merendas de Covas. Um local sempre difícil nos inícios de temporada, mas onde eu sei que existem alguns bons exemplares.

Comecei a lançar mesmo na queda de água do açude do parque de merendas. Como a barragem a montante não estava a debitar, o caudal estava baixo e conseguia-se distinguir bem a acção dos peixes. Não havia nenhuma truta à caça naquele local. Sem grandes esperanças, fui avançando para montante, e num local onde tinha tirado uma boa truta ao rapala no dia da abertura, consigo tirar também uma boa truta à colher.

Lançamento para a outra margem, a colher começa a trabalhar, controlo a sua movimentação para ela passar por entre dois troncos dentro de água e quando a amostra está a chegar aos meus pés, sai uma truta debaixo da minha margem, ataca a amostra, eu levanto a cana e ela cai do meu lado. Verdadeiro espectáculo!! A truta até me assustou e não era um exemplar muito pequeno. Media 24 centímetros e até me admirei com o facto de o 0,12 ter aguentado o impacto … A primeira já cá estava.

Truta 24 cm Rio Coura Julho 2013

Depois desta primeira captura, fui avançando para montante lentamente, até porque me parecia que as trutas poderiam estar activas. E estavam mesmo. Quando entrei na zona de maior densidade de folhagem, em cada três lançamentos, tinha pelo menos um toque. Eram sobretudo trutas com tamanho inferior à medida mínima, mas proporcionavam boas emoções. Em 20 minutos, tirei quatro trutas pequenas que foram rapidamente devolvidas à água.

Já estava eu a pensar se haveria ainda alguma truta de tamanho razoável na zona, quando na sequência de outro lançamento para a outra margem e para montante, volto a ter outra surpresa. Efectivamente, e depois de uma recuperação bem conseguida, começo a preparar-me para tirar a colher de dentro de água, quando debaixo dos meus pés, arranca outra boa truta e crava-se imediatamente. Mais uma vez, nem deu tempo para reagir. Foi só levantar e deixar cair do outro lado, na minha margem. Mais uma linda truta de 24 centímetros. Reparem nas pintas que são completamente diferentes do exemplar anterior de 24 centímetros!! Um exemplar lindíssimo.

Truta 24 cm Rio Coura Julho 2013-2

Os bons exemplares estavam mesmo encostados à margem, enquanto que as trutas de menor tamanho estavam posicionadas no centro do rio. Era já o típico comportamento de Verão em que, com águas mais paradas e com menos caudal, a truta grande preocupa-se mais em alimentar-se de insectos que caem junto à margem. Era possivelmente esta a estratégia que estava a funcionar naquele dia e que costuma ser responsável por boas pescarias ao gafanhoto.

Com 6 trutas capturadas, ainda fiz um pouco mais de troço para montante. Estava-me a divertir e havia sempre alguma acção. Ainda tirei mais duas trutas, uma pequena e outra de 22 centímetros, mas verifiquei que, por alguma razão, as coisas estavam a mudar de figura. As trutas ficaram menos activas com o aumentar da temperatura. Perante isto, achei por bem terminar a expedição naquele local.

Valeu a pena despender duas horas naquele local, pois havia uma boa densidade de trutas que proporcionaram algumas surpresas. Este é um bom sinal para o futuro e faz-me crer que para o ano, as coisas poderão estar melhores. Acho que está na altura de as deixar descansar 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.