De volta a Cambra atrás das trutas …

De volta a Cambra atrás das trutas …

Dia 13 de Março de 2011. Depois de vários planos realizados durante a semana de Carnaval, surgiu um telefonema do meu amigo Engº José Pintalhão a intimar-me para uma pescaria na concessão de pesca desportiva do Rio Alfusqueiro na zona de Cambra. Após dois anos de interregno, o Engº Rui Ladeira e o Engº Casais tiveram a amabilidade de nos voltar a convidar para desfrutar de bons momentos de convivio e confraternização em torno de uma pescaria às trutas no Alfusqueiro. A nossa admiração por esse curso de água, pela simpatia das suas gentes e pela excelente gastronomia da área só podia levar-nos a anuir imediatamente ao convite … ia ser um dia em grande!

A reunião começou a acontecer na Maia, depois de me encontrar com os irmãos Pintalhão, fomos buscar o Professor Arlindo Cunha. Mais uma vez, tivemos dificuldade em consegui-lo tirar de casa, mas após uns 10 minutos lá apareceu animado e sorridente. Ainda passamos por casa do Dr. Sousa Rodrigues e rápidamente nos pusemos a caminho. Durante o caminho, a conversa invariávelmente andou entre a politica e a pesca ás trutas, com maior incidência sobre esta última, pois relativamente à primeira não há solução. Da conversa, ficou o apontamento do Dr. Sousa Rodrigues que me falou muito bem de uma loja de pesca que se encontra em Valença e ainda me adiantou que deixou fugir uma truta marisca de kg no rio Minho na semana passada. Tenho que voltar ao Minho e visitar a tal loja, mas já fui avisado para deixar a carteira em casa 🙂

Com o andamento para o lento, chegamos a Cambra por volta das 9h00 e encontramos o resto da equipa: o Engº Casais, o Engº Ladeira, o Presidente do Clube de Caça e Pesca da zona e mais dois colegas pescadores. Iamos ser 6 a pescar divididos por 6 lotes e iriamos funcionar em equipas de dois. Desta forma cada pescador iria ter a oportunidade de pescar em dois lotes. Eu fiquei com o Engº José Pintalhão nos lotes 1 e 2, pois iamos ser os únicos a pescar ao spinning. Os restantes queriam pescar à minhoca e portanto ficaram com os lotes 4, 5, etc.

O dia parecia promissor com o céu nublado e com as chuvadas do dia anterior, mas nada disso parecia ter tido grande impacto no rio. O rio estava com caudal normal e água extremamente limpa. Juntando a isto um arrefecimento de temperatura que notei mal cheguei, comecei a ver o caso mal parado. Não ia estar nada fácil. Ainda perguntei se tinham lá pescado no dia anterior e disseram-me que não. Bem … talvez elas estivessem com vontade comer.

Paramos no pequeno parque junto à confluência do Rio Couto com o Alfusqueiro para nos prepararmos e fomos logo desafiados para tentar a nossa sorte no açude a jusante da Ponte. Parece que tinham realizado um repovoamento recentemente naquela área, mas as trutas eram manhosas. Bem … vamos lá então. Colher Mepps nº1 pintas vermelhas … primeiro lançamento, primeira truta de 29 cm, segundo lançamento, segunda truta de 28 cm e para o terceiro troquei a colher por um X-Rap e lá picou uma truta de 31 cm. Rápidamente cansei-me, pois aquilo não era para mim. O Engº José Pintalhão também já tinha tirado duas trutas e portanto não havia muito mais a fazer. Toca a andar para o carro do Engº Rui Ladeira e lá fomos transportados para o lote 2. Iamos pescar para montante …

Começamos por volta das 10 horas e tinhamos que terminar às 13. Atacamos pela margem direita e iamos bater o rio com propostas diferentes. Comecei com o Rapala CD-3 RT, mas não vi nada a mexer nos primeiros 10 minutos. Achei estranho e comecei a ver o caso mal parado. Cheguei ao primeiro açude e meti o X-Rap na zona mais funda. Ao terceiro lançamento, vejo uma truta a sair de um ramalhos secos na outra margem, deu uma vista de olhos ao Rapala e foi para baixo. Abaixo estava o meu colega com uma Mepps nº2 e não demorou muito a ver a cana dele a vergar. A truta tinha cravado … 28 cm do Alfusqueiro. Já dava para animar.

Com isto resolvi voltar à Mepps para fazer face às correntes que se seguiram. Escusado! Nem eu, nem o Engº José Pintalhão tivemos um toque … Como é que era possível? Enfim, fomos andando até que chegamos a uma zona de mato instransponível. Tivemos que entrar a corta mato para voltar a entrar num novo açude onde eu sabia que existiam boas trutas. Comecei a bater o açude com o Rapala CD-3. Tinha que haver por ali uma truta. Fui insistindo nos lançamentos para montante e 60 metros para montante do açude, no cotovelo do rio, levo uma pancada forte no Rapala. Era uma boa truta e tinha cravado bem. Devido à inclinação da margem e devido ao facto de ter deixado o camaroeiro no carro, vi-me e desejei-me para controlar a truta de 31 cm com fio 0,12. Tive que a combater o suficiente para lhe conseguir pegar com a mão. Tirei-a para fora e rápidamente notei que a truta tinha algo de estranho … as pontas da cauda eram arredondadas … portanto era de viveiro. Bem, mesmo assim deu uma boa luta!

Ainda fomos até ao topo do lote (confluência com a Ribeira de Fravinhas – se o nome estiver correcto), mas nada a apontar. Nem um toque. Vi duas boas trutas encostadas, mas nem se mexeram … estranho! Enfim, pegamos nas tralhas e toca a andar de volta para a ponte. Ainda tinhamos uma horita para bater para jusante.

O rio para jusante tinha boas condições. Existiam 3 bons açudes com profundidades razoáveis para albergar bons exemplares de trutas. Continuei com o CD-3 e fomos atacando a margem oposta em zonas com muita vegetação. Só mesmo a pesca à fisga é que nos permitia pescar por ali. Os primeiros 30 minutos foram passados a coar água … nada mexeu. Finalmente, chegamos ao último açude antes da barragem e numa corrente mais lenta, consigo lançar para uma margem de areia do outro lado. Entra uma boa truta de 30 cm … Ah peixe endiabrado!!! Arranca para todos os lados e cabeceia como um bulldog. Dá um a dois saltos fora de água e continua a fazer-me a vida negra, pois estava em má posição para a tirar. Mais uma vez tenho que a cansar para a conseguir por ao alcance da mão … ainda demorou um minuto. Mas valeu a pena para ver esta beleza indigena do Alfusqueiro com 30 cm … Esta sim com a cauda afiada nas pontas!

Com esta captura, o amigo José ainda afinou e arrancou para jusante à procura de mais um exemplar que conseguiu tirar perto de uma entrada de uma linha de água. Era outra truta indigena com 28 cm que gostou da colher.

Ainda forçamos a nota para começar a bater o inicio da barragem passando claramente a hora estipulada. O aspecto da barragem estava a pedir, no entanto, um rápido telefonema dos organizadores do evento puseram fim à nossa festa e tivemos que voltar à base. O almoço de vitela de Lafões e cabrito assado estava na mesa e nós estavamos a atrasar a festa … já iamos levar na cabeça!! Toca a deixar o vicio de lado … Bora comer!

De tarde devia haver tempo para mais uma ou outra peripécia 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.