Depois de uma noite de períodos de chuva relativamente fortes, resolvi tentar bater um dos rios que tende a ser produtivo com subidas de caudal acentuadas: o Rio Estorãos. As minhas expectativas eram razoáveis, tendo em conta a chuva que caia durante o caminho e comecei a pensar aonde iria pescar e como abordar a zona de pesca. Decidi-me por dois troços: um de cerca de 500 metros para montante da ponte da Estrada Nacional e o outro para jusante da ponte até à foz do Rio. Ambos são troços difíceis, devido à grande concentração de vegetação e às margens bastante altas e inclinadas, e como tal existem por ali alguns bons exemplares.
Cheguei ao local, mas como era de esperar a chuva não era muita 🙁 Pensei logo que havia grandes possibilidades de que a água estivesse clara e como tal as trutas deveriam estar super manhosas. Decidi começar pela margem direita e bater o troço para montante da ponte. Iria começar com equipamento de light spinning: cana de 1,2 metros, linha 0,12 da Fendreel e Mepps Aglia nº 1. Os primeiros lançamentos surgiram por volta das 9 horas e comecei por não ver nenhuma truta … a água estava efectivamente clara. Nem hesitei muito … pensei que por ali a colher devia ser o prato do dia, portanto troquei-a logo pelo rapala CD-3 RT. Meti-me debaixo da ponte, lançamento para a outra margem e vejo a primeira truta de respeito a seguir o peixe artificial quase até aos meus pés, tinha cerca de 30 cm. Fiquei logo com suspeitas que a truta já não ia morder, mesmo assim voltei a insistir e ainda a vi a seguir o rapala mais duas vezes, mas nada de morder.
Animado por este bom peixe, avancei para montante e notei que o troço estava mais difícil do que em anos anteriores. Várias árvores tinham caído sobre o rio e como tal os lançamentos tinham que ser bastante curtos e portanto eu aparecia muito exposto às trutas. Ainda vi umas ou duas trutas com mais de 20 cm e tive uma picadela de uma com menos de 17. Surgiu um aguaceiro forte que melhorou um pouco as condições de pesca, mas sem grande alteração do caudal. À medida que fui avançando para montante, a profundidade do Estorãos foi diminuindo e eu achei que estava na altura de voltar para jusante.
Assim fiz, e quando cheguei novamente à ponte da estrada nacional, reparei numa placa a anunciar uma obra financiada pela União Europeia. Efectivamente tinha sido feita 🙂 Reparei em 6 ou 7 cotovelos de rio reforçados por muros de pedra que evitavam que as margens desabassem, com as eventuais implicações negativas sobre os terrenos agrícolas. Pareceu-me uma obra razoável, no entanto fiquei céptico relativamente ao seu impacto sobre a população de trutas.
Rapidamente se dissiparam as minhas dúvidas! Com o avanço para jusante entrei numa primeira corrente mais funda, onde vi uma truta de mais de 25 cm a brincar com o rapala, mas a não morder. Posteriormente, e noutra zona de corrente mais próxima da foz, vejo outra de truta de mais de 35 cm a vir quase até aos meus pés, fixando o olhar sobre o rapala, mas mantendo a distância de segurança. Já na parte final do troço, pareceu-me ver uma truta de mais de meio kilo a fugir, mas não posso confirmar, pois visualizei o vulto através dos ramalhos da margem.
Ainda tive mais uma picadela de uma pequena truta, mas não consegui tirar nada após 2 horas de pesca. O dia estava bom, mas não trouxe as alterações ao caudal do Estorãos que seriam fundamentais para que as trutas baixassem a guarda. Do lado positivo, confirmei que a construção dos muros não teve impacto negativo sobre a população truteira no troço em questão.
No global, foi uma boa experiência de pesca que me tinha aberto o apetite para outras andanças. Como já estava nas proximidades, iria tentar a minha sorte no Lima 🙂
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