Depois de um arranque de jornada de 20 minutos numa zona das minhas favoritas no Rio Coura, estava na altura de me encaminhar para o local de destino. Com o céu bastante encoberto e a prometer chuva, resolvi posicionar-me algures para jusante da Central de France. Iria tentar pescar algumas das trutas que por ali habitam e que nesta altura do ano se escondem por entre as algas e as ervas da margem. São peixes extremamente desconfiados, mas que tendem a atacar a amostra quando o pescador se aproxima aos locais com o máximo de silêncio.
O que me dá bastante gosto neste local é verdadeiramente poder observar o comportamento das trutas, já que elas têm pouca água e como tal consegue-se visualizar toda a acção de pesca. Nalguns casos, a movimentação das trutas consegue ser vista à superfície, pois elas cavam um sulco na água quando se movimentam rapidamente. Isso dá-me um gozo tremendo!!
Enfim, lá desci o caminho de acesso ao rio, equipado com o material de light spinning pensado para a zona. Cana de 1,8 metros, fio 0,12 da Fendreel e amostra Mepps Aglia nº1 (para não variar muito). A cerca de 10 metros do rio, verifico que o cenário não era exactamente o que tinha planeado. A Central de France estava a debitar em pleno e o rio levava muita água e muita corrente. Bem … ainda pensei em voltar para trás … mas não ia sair dali sem tentar a sorte.
Olhando ao cenário que se me deparou, resolvi pescar para jusante, tentando lançar o mais longe possível e deixando a colher afundar qb. O primeiro lançamento saiu numa zona com margem elevada e a procurar sondar a outra margem. Nada mexeu. No segundo, a mesma coisa. No terceiro, encosto a colher mesmo ao outro lado, e sinto uma cravadela de uma truta. Era uma truta pequena, mas com a força da corrente, vi-me e desejei-me para a tirar da água.
A truta fina encostou a uns ramos do meu lado e eu com calma, tentei colocá-la a jeito, e quando vi que tinha espaço, dei um forte puxão com a cana e a truta voou directamente para a erva atrás de mim. Era um pequeno exemplar de 16 centímetros que rapidamente devolvi à água. Já tinha facturado 🙂
Perante isto avancei mais para jusante e entrei numa zona mais aberta onde se encontrava um depósito de água. A corrente principal seguia pela centro do rio e junto à minha margem havia um pequeno canto onde a água caía de forma mais moderada. Tentei primeiro o centro do rio, mas sem resultados. Depois lancei para jusante e para aquele canto, a contracorrente, e quando a amostra tocou na água, senti um forte puxão na cana e uma explosão na água. Tinha cravado uma boa truta. Ela arrancou para a esquerda, depois para a direita e eu temi pela saúde do 0,12. Tentei mantê-la dentro daquele espaço, porque se ela entrasse na corrente principal ia partir a linha. Lá consegui manobrar o suficiente e fui preparando o camaroeiro. Ainda suei um bocado, porque só passado 3 minutos é que a consegui por a jeito. Mas valeu a pena!! Tinha tirado mais uma excelente truta do Coura.
Animado com esta captura, prossegui ainda mais para jusante a tentar lançar o mais longe possível e os resultados começaram-se a fazer sentir. Era rara a zona onde eu não visse mexer trutas e onde não tivesse algum toque ocasional. A maioria das trutas estava metida no centro rio, por entre as algas. Num destes lançamentos, forço a colher para uma zona mais afastada na outra margem e quando começo a recuperar outra cravadela. Desta vez, uma boa truta de 22 centímetros que tentou, por várias vezes, enrodilhar o fio nas algas. Valeu-me a resistência e flexibilidade do 0,12 que respondeu a uns puxões mais fortes da minha parte. Mais uma beleza do Coura!!
Já satisfeito com a pescaria, fui prosseguindo com calma para jusante. A descarga da barragem começou a atenuar-se e eu pensei que a pescaria poderia estar comprometido. Eis quando começa a cair uma chuva miudinha e muito certinha. Bom sinal!!
Voltei ao ataque! Mais uma zona com maior profundidade do meu lado. Lançamento a mais de 25 metros, começo a recuperar e vejo um vulto a passar em frente aos meus pés, quando a amostra estava a passar na zona. Ia para jusante e pareceu-me truta de respeito. Não sabendo se me tinha visto ou não, lancei para jusante, mais ou menos na direcção do bicho e quando a colher começa a rodar, trás!! Abocanhadela e cana dobrada. Olho para o local e vejo um bicho a enrolar-se todo. Era truta e de tamanho razoável. Lá tentei controlar situação e procurei sobretudo evitar as algas, pois a truta resolveu entrar em correrias. Entretanto, fui também tirando o camaroeiro e preparando-me para o desfecho da luta. A truta ainda forçou o carreto mais duas vezes, mas comecei a sentir-lhe o cansaço. Estava na altura de a meter no camaroeiro e colocá-la a salvo. E assim foi! Tive oportunidade de admirar mais um lindo exemplar de 29 centímetros do Rio Coura. Mais uma excelente truta, num dia que estava a ser em grande 🙂
À medida que fui prosseguindo para jusante, o tempo foi piorando e a chuva já estava grossa. E eu sem capa!! Ainda tirei mais uma truta de pequeno tamanho já no final do troço e quando a descarga da Central terminou. O problema foi que cheguei a uma zona de pesca muito difícil e achei que era complicado avançar com o terreno molhado. Não valia a pena arriscar, até porque já tinha tirado uns bons exemplares naquela zona.
Isto não quer dizer que a pescaria tivesse terminado por aqui. Mesmo no final do troço e ao entrar na zona difícil, fiz um último lançamento. Não capturei nada, mas vi um bicho de kilo ou mais a passar pela amostra e a seguir lentamente para montante. Uma linda truta com umas pintas bem grandes e um aspecto imponente. Eu já a tinha sonhado por ali e uma vez levei uma pancada no X-Rap que me indiciava a presença de um bicho daqueles na zona. Se calhar, ainda lá volto antes do final da época para ver se já a pescaram 🙂 🙂 É que era uma beleza digna de um pescador de respeito!
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