Na concessão de Cambra – Rio Alfusqueiro

Na concessão de Cambra – Rio Alfusqueiro


Dia de chuva no início de Maio. Depois de uma ida ao Alfusqueiro em que não cheguei a pescar na concessão, ficou a vontade de voltar, mas unicamente quando as condições fossem as correctas. O dia tinha chegado!! Dois ou três dias antes já tinha tudo planeado depois de ter visto as previsões meteorológicas. Liguei ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Campia para me fazer o favor de reservar as licenças para os lotes 1 e 2, e ele prontamente tratou do assunto com uma eficiência imparável. Tudo estava a postos para a minha visita.

Chegado o dia, lá arranquei por volta das 6 horas do Porto e cheguei a Campia eram 7 horas. Apanhei a licença num local pré-estabelecido e avancei para o rio. O dia, tal como esperado, estava de chuva. Era uma chuva miudinha, mas que se fazia sentir sobre as massas de água. Mal cheguei ao rio, notei que, apesar da diferença de caudal não ser muita, existia alguma entrada de água fresca, especialmente dos ribeiros afluentes.

Parei o carro, junto da ponte de Pés de Pontes e preparei o material. Comecei com cana de 1,8 metros, linha 0,12 e mepps aglia nº1. O primeiro lançamento surgiu logo encostado ao carro, mas nada mexeu. O segundo foi realizado para a outra margem e ligeiramente para montante, comecei a recuperar e sinto uma leve tensão na linha. Cravo instintivamente e vejo uma truta a dobrar na ponta da linha. Era de bom tamanho. Trabalho-a com calma, coloco-a perto da minha margem e deito-lhe a mão sem grande novidade. Era uma truta de 28 centímetros. Pareceu-me de repovoamento, mas de qualquer maneira era o primeiro exemplar do dia e já tinha safado a “grade”.

Truta 28 cm Rio Alfusqueiro Maio 2013

Depois desta captura, resolvi bater os primeiros 150 metros de rio com cuidado até ao açude. Logo à frente e antes da saída de um pequeno ribeiro afluente da margem direita, realizo um lançamento largo para montante a cair junto a uns juncos da outra margem, começo a recuperar e trás. Outra truta cravada logo nos primeiros metros de rotação da amostra. A luta começa, a truta tenta dobrar a linha à volta da cabeça, mas com calma consigo trazê-la até perto de mim e deito-lhe a mão. Outra truta de repovoamento de 27 centímetros.

Já com o dia a não correr mal de todo, avanço para a queda de água do açude. Primeiro lançamento junto à queda de água e vejo uma truta a subir e a mordiscar a colher. Segundo lançamento, a colher cai na água e a truta entra a sério. Cravo com força, ela salta fora de água e começa a tentar fugir usando a corrente. Seguro-a com o máximo de força no fio e tento encaminhá-la para mim. Ela inverte a marcha, começa a cansar-se e eu avanço para dentro de água. Já com a truta cansada, consigo agarrá-la. Mais uma truta de 29 centímetros, também de repovoamento.

O dia estava a correr bem e as trutas estavam a cooperar. Para já só tinham saído trutas de repovoamento, mas certamente que tudo poderia mudar nos açudes e correntes para montante.

Logo no poço para montante, resolvi trocar a colher pelo rapala CD-3 RT. Parecia-me uma troca razoável para por as trutas a mexer naquele local, mas não deu resultado. Ainda tive dois toques que me pareceram de boas trutas, mas nada de cravar. Fiquei um pouco hesitante, se havia de manter ou não, o rapala, mas passados 30 minutos sem grande novidade, reverti à colher e os resultados fizeram-se logo sentir. Logo à entrada de uma corrente mais funda, lanço para montante e a meio do trajecto, sinto uma cravadela e tiro uma truta autóctona, a primeira, com cerca de 17 centímetros. Rapidamente a devolvi à água.

Depois desta captura, entrei num novo açude, com muito pouca profundidade no final, mas com um poço mais à frente. Fui lançando o mais longe possível e quando consigo meter a colher à entrada do poço, sinto uma pancada na amostra. Cravo e do outro lado tenho truta a fazer força a sério. Ela bem arrancou para cima e para baixo, e deu cabeçadas a torto e direito, mas passados 3 minutos já estava nas minhas mãos. Uma linda fario índigena de 30 centímetros. Um lindo troféu do Alfusqueiro.

Terminado este açude, avancei para uma sequência de correntes bastante extensas que o abastecem, mas não vi nada de significativo. Levei dois toques, mas trutas muito pequenas. Fui avançando até que cheguei à queda de água de outro açude. Aí parei! Lançamento para o outro canto, a colher começa a rodar e uma pequena truta presa do outro lado. Com cerca de 16 centímetros não deu muita luta e rapidamente foi devolvida à água. Nesse local, só deu essa truta e portanto avancei para o açude a montante.

No açude, deparei-me com um cenário favorável. Margem mais funda do outro lado, vegetação extensa e a possibilidade de as trutas estarem a comer em qualquer lado. Resolvi lançar o mais longe possível da margem para evitar assombrar as trutas. Num destes lançamentos iniciais, consigo meter a colher na outra margem, recupero calmamente e quando a amostra vem quase a sair da água na minha margem, vejo uma cabeça a subir e a abrir a boca. Era bom bicho e tentou meter-se na lenha do meu lado. Corro à frente, levanto a cana e tento puxar a truta para o meio do rio. Ela começa a fugir para montante, seguro-a e quando já sinto que está no limite encaminho-a para a minha margem, pondo-lhe a cabeça de fora. Canso-a o tempo suficiente e depois ponho-a a jeito para lhe deitar a mão. Tinha capturado outra linda truta indigena do Alfusqueiro. Um belo exemplar de 30 centímetros.

Truta 30 cm Rio Alfusqueiro Maio 2013

Com esta captura, fique bastante animado e bati o restante do lote de forma intensiva, mas sem grande resultados práticos. Vi algumas trutas, mas nada de bom tamanho. Perante isto, resolvi voltar para trás e bater o troço para jusante da ponte.

Depois de um início de jornada em grande, a hora e meia que se seguiu foi quase o oposto. Ainda tirei mais uma trutita à saída de uma corrente, mas a densidade de trutas era muito menor e não se via grande actividade da parte das trutas que encontrei. Já sei que o lote para baixo da ponte é mais difícil de pescar, devido às suas margens altas e expostas ao rio, mas mesmo assim foi muito fraco. À partida não compreendi o que é que se passava naquele troço, e especialmente nos poços e açudes mais próximos da barragem, mas depois encontrei a razão daquela situação. A reduzida densidade de trutas e a presença de apenas alguns exemplares pequenos nas correntes muito pouco profundas deve-se a três bichos de boas dimensões que patrulham aquela zona continuamente. Nem valia a pena perder tempo!!

Chegou a hora do almoço e resolvi voltar ao carro. Ainda pensei em bater a barragem, mas esqueci-me de tirar a licença para o lote 12. O dia prometia, mas sem licença nada feito. Voltei para trás e quando cheguei ao açude junto à ponte, resolvi meter o rapala. Só por descargo de consciência. Lancei uma, lancei duas, lancei três e à quarta vez, começo a recuperar e sinto uma pancada forte na linha. Cravei e dou outro lado vi uma boa truta. Ela bem fez de tudo para escapar dos triplos, mas não conseguiu. Depois de quatro corridas e mais cabeçadas, lá a consegui por a jeito. Uma linda truta autóctona de 27 centímetros.

Truta 27 cm Rio Alfusqueiro Maio 2013

Eram 13 horas e a pescaria na concessão do Alfusqueiro terminou em beleza. Foi um dia excepcional para a pesca em que as trutas mostraram estar bem activas. Valeu a pena voltar a esta grande concessão e queria deixar aqui os meus grandes agradecimentos ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Campia que permitiu que esta jornada se realizasse. Um grande abraço e um bem haja …

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.