De passagem pelo Rio Lima – Maio de 2013

De passagem pelo Rio Lima – Maio de 2013

Muito recentemente, passei pela zona do Rio Lima acima de Ponte de Lima, à procura de condições para pescar. Durante a manhã andei pela zona do Coura, e à tarde resolvi ir até ao Lima, pois já não me lembrava de tirar uma truta neste rio. Pensei que a Barragem de Touvedo estivesse mais calma, mas o excesso de chuva este ano foi de tal ordem, que a Barragem estava em débito pleno e como tal a força da corrente era considerável. Ainda pensei que parasse durante a sessão de pesca, mas nada disso aconteceu.

Cheguei ao local e mantive o equipamento de light spinning que trazia do Coura. Avancei um pouco para jusante e comecei a atacar o troço de rio para montante, estando colocado na margem da direita. O céu limpo não facilitava muito as coisas, mas fui sempre tentando lançar o mais longe possível para evitar assombrar as trutas.

Logo nos primeiros lançamentos senti alguns toques, que me pareceram de peixe pequeno, e rapidamente tive a confirmação disso. Num lançamento mais longo, consigo cravar e tiro a minha primeira truta. Um exemplar de 17 centímetros. Nem perdi tempo para tirar foto e deitei-o de volta à água. Estava numa corrente de seixos, com pouca profundidade e onde existiam sempre pequenas trutas. Portanto, não tardou muito em que a cena se repetisse mais duas vezes. Em dois lançamentos para montante, voltei a cravar e tirar duas trutas encostadas à minha margem. Ambas pequenas e não deram muita luta.

Estas capturas permitiram-me ganhar alguma motivação, mas não eram exemplares com um tamanho que dignificasse o bom nome do Rio Lima. Tinha que ir mais para montante à procura de dois bons poços onde eu sabia que as coisas se poderiam inverter. Já lá tinha tirado boas trutas no ano passado e ali poderia fazer a diferença.

Só que quando cheguei aos respectivos locais, notei logo que ali as coisas andavam diferentes. Não vi trutas nos locais onde tradicionalmente se encontravam e apenas levei pequenos toques em zonas muito específicas. O panorama tinha mudado e depois de caminhar um pouco percebi porquê. Tinha-se ali instalado um pescador profissional e certamente que não andava a pescar ao spinning, pelo amontoado de redes que vi a secar e pelo motor que vi no barco.

Barco de pescador profissional Rio Lima

Fiquei decepcionado. A alteração do comportamento e densidade de peixes do ano passado para este ano era abismal. Sinónimo do impacto que a pesca profissional pode ter nos nossos rios. Se esta era uma zona que valia a pena visitar para pescar às trutas, agora tenho muitas dúvidas que se justifique a deslocação. Com esta situação ganha um, e perdem todos os outros, desde os pescadores de trutas, até aos restaurantes, postos de combustível, etc.

Com esta imagem e com esta percepção perdi imediatamente a vontade de pescar e arrumei a cana. Acho que a pesca profissional continua a ser um flagelo que condiciona os nossos rios em troços muito específicos e que deve ser reduzida a um mínimo dentro de limites de sustentabilidade. A actividade deste tipo que ainda existe em rios como o Minho, Lima e Cávado deve ser alvo de medidas mais apertadas e de uma fiscalização mais eficaz, especialmente ao nível da monitorização de impacto ambiental.

No global, esta jornada permitiu ver a cor às primeiras trutas do Lima e constatar que a Barragem de Touvedo ainda deve condicionar a pesca nos próximos tempos. Possivelmente, alguns dos melhores dias de pesca ainda devem estar para vir … 🙂

P.S: Há pouco tempo ligaram-me a dizer que saiu uma truta de 2,7 kg no Lima com uma lesma ao fundo. Já devia estar marcada e portanto foi só insistir no poço até que ela teve que abrir a boca.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.