Dia 15 de Abril, abertura dos lotes do Rio Vez. Acompanhado pelo amigo Arlindo Cunha, resolvemos, pela primeira vez, estrear uma temporada de pesca na zona de pesca reservada do Rio Vez. Já tínhamos ouvido falar bastante sobre a fama truteira destes lotes, mas nunca tivemos oportunidade de pescar neste local. Estava na altura de verificar se a fama correspondia à realidade, pelo menos em 2014.
Eu fiquei com o lote 1, enquanto que o amigo Arlindo ficou com o lote 4. Sabendo de antemão que os lotes não tinham uma grande extensão, sobretudo para quem pesca ao spinning, não estava à espera de uma sessão de pesca muito prolongada. Em 2 ou 3 horas, os lotes deviam estar todos batidos, e sem grandes dificuldades. Por isso, com a necessária calma, fui colocar o amigo Arlindo na ponte onde começa o lote 4 e depois dirigi-me ao início do lote 1, onde comecei a pescar às 8h30.
O rio ainda apresentava um caudal razoável, mas o tempo estava relativamente quente, com algumas nuvens. Não me parecia um dia muito adequado para as movimentações das trutas, mas nunca se sabia. Equipei-me com material de heavy spinning; cana de 1,8 metros, colher nº3 e linha Trabucco 0,18. Ia pescar como se fosse abertura …
Os primeiros lançamentos saíram logo encostados à ponte romana. Nesse primeiro local, não mexeu nenhum peixe. Avancei então para uma zona mais espraiada onde entrava uma linha de água na margem oposta. Era um bom local, mas reparei que já estava bem calcado. Furtivos não faltavam por ali!
Primeiro lançamento para a saída de água e logo um toque mal a colher caiu na água. Segundo lançamento, a colher começa a rodar e consigo cravar a primeira truta do dia. Ela bem salta fora de água e tenta escapar-se de todos os modos e feitios, mas rapidamente acaba na minha mão. Uma linda truta do Rio Vez a facturar … mas que rapidamente voltou à água.
Pelo menos já tinha safado a grade. E logo nos primeiros lançamentos!! As expectativas aumentaram, até porque nos lançamentos seguintes, exactamente para o mesmo local, voltei a ter mais três toques e tirei outra truta pequena. O local era bom e no final ainda vi duas trutas com bom tamanho a seguir a colher, mas mantendo sempre a distância de segurança.
Terminada a minha incursão nesta zona, avancei para montante, à procura de uma linha de água que saía mesmo na minha margem. Comecei a bater desde longe esse local, mas sem resultados. Só quando lancei paralelo à minha margem, mesmo na saída da linha água, é que consegui apanhar uma linda truta. Ela estava mesmo ali à espera de nutrientes quando a colher lhe passou pelo nariz e ela só podia mesmo morder. Ainda saltou fora de água algumas vezes, mas rapidamente acabou nas minhas mãos. Outro lindo exemplar do Vez com 21 centímetros.
Depois desta captura fiz mais uma sequência de correntes de seixo, onde nada mexeu. Já eram 10 horas e as trutas parece que tinham parado. Após a corrente, entrei num grande poço e a situação manteve-se. Lá se via uma ou outra truta atrás da amostra e às vezes um toque, mas era tudo de pequeno tamanho.
O que parecia sintomático era a falta de densidade de trutas para uma zona que ainda devia estar virgem. E digo bem, “devia”!! Porque a zona, pelos trilhos à beira da margem e algumas pegadas, estava a ser pescada de forma contínua pelos furtivos da zona. É que nem sequer tinham parado para a desova. Era claramente a única explicação plausível para o cenário encontrado naquele lote, que depois foi confirmado por uma proprietária de um snack-bar da zona. Só me perguntou quantas trutas do rio é que eu queria que ela preparasse!! Não faltavam trutas nas arcas!! Toma e embrulha!!
Perante isto, só me resta perguntar porque é que o Estado cobra por esta fraude. Se não conseguem manter a zona vigiada, também não conseguem garantir condições de pesca para cobrarem 6 euros de licença. Não vi nenhuma placa de sinalização na zona de pesca, nem de marcação dos lotes. Tinha sido tudo arrancado e ninguém se preocupou em repo-las. Sem placas, qualquer pessoa ali pode pescar. Com este cenário, vale mais acabar com a zona de pesca reservada. Eu cheguei a um ponto que tive a impressão que estava a pescar numa zona com menos densidade de trutas do que na zona livre. Um autêntico conto do vigário!!
No final, e já no limite do meu lote, tirei mais três trutas para equilibrar a situação. Duas delas na corrente e uma numa pequena queda de água de um tributário do Vez. Uma linda truta de 23 centímetros.
Às 11 horas tinha batido o meu lote e já estava no regresso. Ainda falei com o Arlindo e a situação era idêntica do lado dele. Poucas trutas, algumas bastante picadas e as margens do rio bastante calcadas!!
Perante isto, resta-me só manifestar a minha indignação pelo mau estado destes lotes do Vez. A gestão que está a ser realizada nesta zona de pesca reservada é péssima e nota-se que quem manda aqui são os furtivos, que pescam para si e para abastecer os snack-bars e restaurantes da zona. A densidade de trutas é bastante baixa para o que devia ser, especialmente atendendo às condições favoráveis dos dois últimos anos. Neste contexto, o pescador está a ser totalmente enganado!! Fica aqui o aviso para quem está a pensar visitar estes lotes. Depois de ler isto, só é enganado quem quiser!!
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